Notícia

UFMG estrutura primeiro banco de dados de gêmeos da América do Sul

Registro Brasileiro de Gêmeos tem papel importante no conhecimento científico para tratamento e prevenção de doenças

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Fonte

UFMG

Data

sábado, 4 julho 2015 20:20

Áreas

Epidemiologia. Bioinformática.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai sediar o primeiro registro de gêmeos da América do Sul. Desenvolvido com o apoio do Registro Australiano de Gêmeos, sediado na Universidade de Melbourne (Austrália), o projeto, que tem o objetivo de formar um banco de dados brasileiro para pesquisas científicas nas áreas biomédica e de saúde, já está cadastrando gêmeos – idênticos ou não – de todas as idades e de qualquer lugar do país.

“Não basta informar nome e endereço. Os interessados em se colocar à disposição para eventuais estudos acadêmicos precisam responder questionário que vai possibilitar a elaboração de um perfil de saúde e demográfico dos gêmeos cadastrados”, explica uma das coordenadoras do trabalho, Dra. Daniela Junqueira, pós-doutoranda da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO).

Segundo a pesquisadora, o potencial dos estudos com gêmeos é reconhecido mundialmente pela utilização de características genéticas e de desenvolvimento especiais desse grupo para investigar questões de saúde e bem-estar relevantes a toda a população.

A Dra. Daniela Junqueira destaca que o Registro Brasileiro de Gêmeos (RBG) pretende desempenhar importante papel no desenvolvimento do conhecimento científico sobre tratamento e prevenção de doenças, sobre gêmeos e nascimentos múltiplos e em questões relacionadas à pesquisa genética. “Quando um dos gêmeos tem uma doença, e seu idêntico, não, pode-se isolar a parte genética e estudar o componente ambiental”, explica a pesquisadora.

Respondido o questionário do registro, o projeto RBG convida os voluntários para estudo que investiga fatores genéticos e de estilo de vida que influenciam a ocorrência da dor lombar. Nessa investigação, o estudo de pós-doutorado do Dr. Vinicius Cunha Oliveira dá sequência a trabalho realizado na Universidade de Sydney (Austrália), sob orientação do fisioterapeuta brasileiro Dr. Paulo Ferreira, pesquisador visitante especial do CNPq, que já integrou o corpo docente da UFMG e hoje é professor naquela universidade australiana. O Prof. Dr. Paulo Ferreira é o coordenador internacional do projeto, que, no Brasil, é liderado pela Profa. Dra. Luci Teixeira-Salmela, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

O projeto já foi aprovado ­preliminarmente pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Coep) da UFMG e está sediado oficialmente na EEFFTO.

“O site do RBG (gemeosbrasil.org) também está hospedado em servidor na Universidade de Melbourne. Estamos na fase de compreender como gerenciar um banco de dados que se propõe a ser muito grande, e eles têm experiência nisso”, completa a pesquisadora. Segundo ela, a Austrália possui um dos maiores entre os 17 registros de gêmeos do mundo e vasta tradição em pesquisa com esse grupo populacional. Criado na década de 1960, o RAG conta com mais de 30 mil pares de gêmeos cadastrados.

Gêmeos no Brasil

Por falta de levantamento oficial de registro de gêmeos, já que o censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não inclui esse quesito, é possível apenas estimar a quantidade de gêmeos no país. “Com base no registro nacional DataSUS, vimos que, em 2012, por exemplo, nasceram vivos quase 60 mil pares de gêmeos no Brasil, mas não temos dados de mortalidade”, comenta a Dra. Daniela. De acordo com sua estimativa, a taxa de nascimento de gêmeos – pares e múltiplos – é de um para cada 19 mil habitantes, com pequenas variações entre as regiões.

A construção do RBG tem o objetivo de disponibilizar, para pesquisadores de todo país, contatos de pares de gêmeos dispostos a participar de estudos, o que racionaliza tempo e recursos. Essa estratégia evita, por exemplo, perdas com ações de recrutamento. “Obviamente, para ter acesso ao banco, as pesquisas devem ter passado por processo de avaliação ética e de mérito científico”, pondera a Dra. Daniela.

O RBG gerenciará o recrutamento dos voluntários, controlando o número de convites para a participação em pesquisas enviados para cada gêmeo, minimizando eventuais importunos gerados pelo envio excessivo de convites. Informações individuais dos gêmeos registrados são confidenciais e o armazenamento e proteção dos dados seguem a regulamentação de proteção aos registros e aos dados pessoais (Lei 12.965, de 23 abril de 2014).

Segundo A Dra. Daniela Junqueira, mesmo os gêmeos não idênticos – que são como irmãos comuns em termos genéticos – podem se cadastrar. “Ao estudar amostras de gêmeos idênticos e não idênticos, podemos comparar o que acontece na distribuição das doenças em pessoas geneticamente semelhantes e na população em geral”, comenta.

Interessados em se cadastrar no RBG podem fazê-lo através do e-mail [email protected] ou ao telefone (31) 3409-7438.

Fonte: UFMG. Imagem: Shutterstock.

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