Notícia

Novos tratamentos para doenças de origem genética no sangue via transplante fetal

Trabalho experimental propôs a cura em estudo durante a gestação de camundongos, com transplante de células-tronco modificadas

Juliana Barbosa, UFPR

Fonte

UFRP | Universidade Federal do Paraná

Data

sábado, 22 agosto 2020 19:35

Áreas

Hematologia. Medicina. Nanotecnologia.

Um estudo com participação de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pode trazer novas alternativas de tratamento para doenças de origem genética no sangue, como a anemia falciforme e a talassemia.

Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Blood, da Sociedade Americana de Hematologia. A Dra. Camila Fachin e o Dr. André Bradley dos Santos Dias, professores do Departamento de Cirurgia da UFPR, participaram dos experimentos no Centro de Pesquisa Fetal do Children’s Hospital of Philadelphia, nos Estados Unidos, com financiamento da Capes e orientação do professor Dr. Alan W. Flake

Atualmente, essas doenças exigem quimioterapia e transplante de medula óssea nos casos mais graves. O trabalho experimental propôs a cura durante a gestação de camundongos, com transplante de células-tronco modificadas. Isso pode substituir tratamentos agressivos após o nascimento.
No transplante fetal, células saudáveis do sangue da mãe são inseridas na corrente sanguínea do feto. Na medula óssea, se estabelece uma competição entre as células saudáveis transplantadas e as defeituosas. Para que as doadoras ganhem a disputa, os pesquisadores as “turbinam” com um método de engenharia celular. 

Em laboratório, a equipe desenvolveu nanopartículas com uma substância (CHIR-99021) que inibe a ação da enzima GSK3 e induz a replicação de células saudáveis. O medicamento é envolto entre camadas de lipídios. Depois de um período de incubação, essas partículas se juntam às células-tronco e formam um conjunto único, como granulados por cima de um brigadeiro.

Esse preparo celular foi injetado nos fetos das camundongas grávidas aos 14 dias de gestação. Após o transplante, as camadas de lipídios se desfazem gradativamente dentro da medula fetal e a medicação é liberada em doses não-tóxicas durante quatro semanas. 

Como as células originais da mãe produzem hemácias saudáveis, o filhote evolui sem a doença. Se fossemos apenas implantar as células da mãe sem esse preparo, elas não teriam essa força para disputar com as células do feto. Como elas passaram pela engenharia celular e estão ‘turbinadas’ com as nanopartículas, elas conseguem competir por espaço”, explicou o professor André.

O desenvolvimento das nanopartículas envolveu uma parceria dos pesquisadores com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). É a primeira vez que essa técnica, já usada em vacinas, é aplicada para um tratamento intrauterino. 

Os pesquisadores explicam que, no transplante de medula pós-natal, é necessário um condicionamento com a eliminação de todas as células do receptor por quimioterapia.  Esse tratamento pode causar mortalidade e sequelas, como a esterilidade. Já na solução apresentada, a concentração da droga e a sua liberação gradativa não são prejudiciais ao desenvolvimento do feto. Além disso, o número de células saudáveis inseridas via transplante fetal é maior do que no transplante depois do nascimento, o que aumenta as chances de cura.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFPR.

Fonte: João Cubas, UFPR. Imagem: Medicação (hexágonos) é envolva em capas de lipídeos, formando nanopartículas. Fonte: Juliana Barbosa, UFPR.

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