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Projeto busca identificar precocemente problemas no desenvolvimento infantil
Por que crianças pequenas já desenvolvem boas funções executivas (como habilidade de planejamento e contenção de impulsos) e habilidades de linguagem, enquanto outras não? A Universidade de São Paulo (USP) passa a integrar um programa internacional colaborativo de pesquisa sobre os primeiros 1.000 dias do desenvolvimento infantil, que busca responder a essa pergunta. O projeto foi promovido pela Leap Health Breakthrough Network, agência financiadora internacional americana, com o objetivo de fomentar o financiamento de pesquisas na área da saúde.
Crianças com funções executivas subdesenvolvidas aos 3 anos de idade representam cerca de 20% da população, mas constituem quase 80% dos adultos que, provavelmente, necessitarão de alguma forma de assistência social ou econômica. Os pesquisadores acompanharão cerca de 500 crianças, desde o nascimento até os 3 anos de idade, com objetivo de gerar um modelo capaz de predizer o seu desenvolvimento.
“Isso teria um potencial bastante grande no sentido de identificar precocemente, ou o mais precocemente possível, as crianças com dificuldade”, explicou o Dr. Guilherme Polanczyk, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo projeto. A ideia é que a pesquisa possa dar suporte em medidas que amenizem essas dificuldades, pelo monitoramento de como as crianças respondem em múltiplos níveis dos genes até as influências ambientais e estímulos cognitivos.
“É um período da vida extremamente importante”, ressaltou o Dr. Polanczyk, em função do desenvolvimento cerebral acelerado. A linguagem, por exemplo, uma “fundação” para outras funções cognitivas, é uma das habilidades estabelecidas nesses primeiros anos. “À medida que acompanhamos as pessoas ao longo do desenvolvimento, entendemos que, de fato, problemas emocionais, cognitivos na adolescência, na vida adulta, têm origem, muitas vezes, em períodos bem iniciais do desenvolvimento”, disse o pesquisador ao Jornal da USP.
O tema é foco das linhas de pesquisa de todos os pesquisadores que integram esse projeto, de inúmeras unidades da USP (São Paulo, Ribeirão Preto e São Carlos). O projeto ainda não teve início: a previsão está para os próximos meses, porque o financiamento aconteceu nas últimas semanas.
“É um número pequeno [de crianças monitoradas], se estamos pensando em predizer algo tão complexo. Mas a Leap propõe, com esses diferentes grupos de pesquisa, agregando diferentes amostras de crianças e adolescentes em diferentes lugares do mundo, com pessoas de ‘expertises’ complementares, que possamos endereçar esse problema e buscar soluções”, concluiu o professor.
Acesse a notícia na página do Jornal da USP.
Fonte: Jornal da USP.
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