Destaque

Cirurgia metabólica traz novo enfoque e prioriza o tratamento integrado da obesidade

Fonte

Jornal da USP

Data

segunda-feira. 4 março 2024 19:40

O futuro indica que, cada vez mais, o tratamento cirúrgico da obesidade será focado nas doenças associadas a ela, principalmente o diabetes mellitus do tipo 2, a hipertensão arterial e a dislipidemia, doenças que compõem a síndrome metabólica. “Estamos migrando do conceito de cirurgia bariátrica para o de cirurgia metabólica e as portarias ministeriais, que disciplinam as cirurgias bariátrica e metabólica no Brasil, devem passar por modificações para uma abordagem mais unificada desses procedimentos”, afirmou o Dr. Wilson Salgado Junior, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e especialista em cirurgia do aparelho digestivo.

O termo ‘bariátrica’, de origem grega – derivado de ‘baros’ (peso e densidade) e ‘iatros’ (tratamento, cuidado) – tem sua história relacionada ao tratamento de casos graves de obesidade desde a década de 1960. A relevância da cirurgia bariátrica cresceu notavelmente a partir dos anos 1980.

Em 2013, o Ministério da Saúde estabeleceu regulamentações para a cirurgia bariátrica, determinando critérios como o Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 40 kg/m², ou IMC acima de 35 kg/m², quando associado a doenças vinculadas à obesidade. “A atenção para esse procedimento se voltou cada vez mais para as doenças relacionadas à obesidade.”

Segundo o professor, estudos indicam resultados mais eficazes em médio e longo prazo no controle dessas condições, mesmo em pacientes com IMC inferior a 35 kg/m², quando submetidos à cirurgia em comparação ao tratamento clínico. “A nível mundial e no Brasil, a cirurgia metabólica está sendo realizada em pacientes com IMC entre 30 e 35 kg/m², dentre outros critérios.”

Prioridade

Apesar das diferenças conceituais, “as técnicas cirúrgicas, nas abordagens bariátrica e metabólica, são as mesmas”, de acordo com professor Wilson Salgado Junior. “Diante da crescente demanda por essas cirurgias, a priorização será para pacientes com doenças associadas, mesmo com IMC inferior a 35. Os benefícios, como a remissão ou melhora de doenças associadas, indicam para o futuro uma integração mais estreita entre os cuidados cirúrgicos e o tratamento da obesidade”.

O professor destacou, ainda, melhorias pós-cirúrgicas em diversas condições, como colesterol e triglicérides elevados, esteatose hepática, apneia do sono, hipertensão intracraniana idiopática e infertilidade feminina. Além disso, ressaltou, “tratar a obesidade diminui o risco de diversos tipos de cânceres”. Mesmo com os benefícios, o professor alertou para os riscos dessas cirurgias, que exigem sacrifícios e colaboração por parte do paciente, não sendo isentas de complicações. A necessidade de acompanhamento ao longo da vida é crucial para otimizar os resultados obtidos.

Para o professor, os desafios enfrentados pelos serviços de saúde atualmente incluem o gerenciamento da fila de espera para esse tipo de cirurgia, especialmente em instituições públicas, em meio à crescente demanda, agravada pela pandemia de COVID-19. O professor destacou a necessidade de um financiamento maior para ampliar o credenciamento de novos hospitais públicos e, dessa forma, viabilizar um número maior dessas cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Estima-se que apenas 0,3% dos possíveis candidatos à cirurgia são operados anualmente pelo SUS, o que demonstra a urgência dessa ampliação”, concluiu.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Rose Talamone, Jornal da USP.

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