Destaque

Cientistas buscam caminho mais rápido para tratar depressão

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira. 22 dezembro 2020 08:20

Há grandes desafios no tratamento da depressão. Entre eles, há o fato de que quase 50% dos pacientes não respondem bem às drogas disponíveis e o tempo que as medicações convencionais demoram para começar a fazer efeito. Um grupo ligado à Universidade de São Paulo (USP) resolveu abordar o segundo problema, apontando um caminho para tratamentos que tivessem resultado mais rápido sobre a depressão, já que os efeitos das drogas convencionais levam de três a cinco semanas para serem observados. Os pesquisadores usaram moduladores epigenéticos – no caso, drogas que integram um sistema complexo que controla a ativação e o desligamento dos genes – para tentar “apagar” as consequências do estresse e as marcas epigenéticas por ele induzidas.

A exposição ao estresse é um fator-chave no desencadeamento de processos depressivos: altera determinados marcadores epigenéticos no cérebro e provoca alterações em genes relacionados à neuroplasticidade (capacidade do cérebro de se modificar em relação às experiências). E isso ocorre porque o estresse aumenta a metilação de DNA nesses genes (adição de radicais metila à molécula). A metilação é um mecanismo, em geral, repressor: faz a cromatina existente no núcleo celular ficar condensada, impede os fatores de transcrição de ler a informação e o gene não é transcrito. A maioria dos antidepressivos existentes no mercado atua reduzindo esse processo de metilação do DNA.

A equipe da professora Dra. Sâmia Regiane Lourenço Joca, ligada ao Departamento de Ciências Biomoleculares da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP), e à Universidade de Aarhus, na Dinamarca, resolveu investigar com mais acurácia uma das proteínas do sistema nervoso chamada BDNF (brain-derived neurotrophic fator), uma neurotrofina com efeito já bem documentado na regulação da plasticidade dos neurônios. “O estresse diminui a expressão de BDNF e, conforme já demonstrado na literatura, se a sinalização por BDNF é bloqueada, o efeito do antidepressivo não acontece. Por isso, fomos direto ao ponto”, explicou a Dra. Sâmia Joca.

O grupo trabalhou com a seguinte hipótese: o estresse aumentaria a metilação do gene para BDNF, o que diminuiria sua expressão, e essa redução estaria relacionada ao comportamento depressivo. “Então, pensamos: se administrássemos um modulador genético que inibe a metilação do DNA, esse processo não aconteceria, os níveis de BDNF ficariam normais e haveria efeito antidepressivo. Se o efeito antidepressivo está relacionado à normalização desse perfil de metilação – assim, as drogas convencionais demoram para funcionar porque leva tempo para eliminar as alterações provocadas pelo estresse –, imaginamos que, ao fazer uma modulação direta desses mecanismos epigenéticos, o efeito apareceria rapidamente. E foi exatamente isso o que observamos”, destacou a pesquisadora.

Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Molecular Neurobiology.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Karina Ninni, Agência FAPESP.

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