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Bebês respondem à lingua de sinais: o que isso nos diz sobre a natureza humana?

Pesquisa analisou a atividade cerebral de crianças de 6 meses à medida que eram apresentadas a sinais linguísticos em dois diferentes tipos de sequências: uma com duas sílabas idênticas (padrão AA) e outra com sílabas não idênticas (padrão AB)

Alyssa Stone, Universidade Northeastern

Fonte

Universidade Northeastern

Data

quinta-feira, 14 outubro 2021 06:15

Áreas

Neurociências. Psicologia.

Individualmente, cada letra de uma palavra não tem muito significado. Mas agrupando as letras em palavras, e organizando essas palavras em frases, esses símbolos transmitem significado.

Mesmo sem ter visto antes a sequência específica de palavras em uma determinada frase, nossa mente é capaz de descobrir o que a frase está comunicando, pois entende-se as regras abstratas da linguagem. No entanto, se as letras forem embaralhadas de um jeito que não siga essas regras, não se pode mais extrair qualquer tipo de significado delas.

A capacidade para a linguagem é considerada um atributo-chave que diferencia os humanos de outras espécies em nosso planeta. E os humanos parecem ser muito bons em aprender línguas mesmo com pouca idade. Mas os cientistas têm debatido por que os bebês são tão adeptos desse tipo de aprendizado.

Essa questão tem sido complexa há muito tempo porque os bebês podem estar aprendendo a linguagem ao ouvir seus pais e outras pessoas falarem antes mesmo de nascer – e antes que os cientistas possam estudar seu comportamento e compreensão. Os cérebros dos bebês são especialmente sintonizados com a linguagem ou é simplesmente a fala que atrai sua atenção?

Para compreender essa situação, a Dra. Iris Berent, professora de Psicologia da Universidade Northeastern, nos Estados Unidos, tirou a fala da equação e estudou uma forma diferente de linguagem. Em um novo estudo, ela verificou se os bebês identificam as regras da linguagem na linguagem de sinais.

A Dra. Berent concluiu que os humanos nascem de fato preparados para a linguagem. Ela descobriu que os bebês – nunca tendo aprendido ou testemunhado a linguagem de sinais antes do estudo – podem aprender regras da linguagem de sinais tão prontamente quanto da fala, e que sua resposta é diferente de como eles reagem a outros tipos de padrões visuais. Os resultados foram publicados em um artigo na revista Scientific Reports.

“Os cérebros humanos estão prontos para a linguagem. Eles não estão apenas prontos para a fala, eles estão prontos para a linguagem. Eles estão prontos para aprender a linguagem em todas as suas diferentes e diversas manifestações, seja a fala ou sinais. E não é apenas a situação de viver no útero por nove meses. Há algo aparentemente e possivelmente inerente à linguagem que a torna particularmente propícia ao aprendizado para cérebros humanos”, destacou a professora Iris Berent.

Em uma pesquisa anterior, a Dra. Berent descobriu que bebês tão jovens que ainda estavam na maternidade podem aprender as regras da linguagem por meio da fala espontaneamente. Nesse estudo, a pesquisadora e seus colegas apresentaram aos recém-nascidos padrões de vocalizações. Alguns dos padrões sonoros continham dois dos mesmos sons em repetição, como “gah, gah, bah” (um padrão AAB). Outros não tiveram nenhuma repetição, como “gah, bah.” Os pesquisadores estudaram a atividade cerebral dos bebês e descobriram que sua resposta neural diferia notavelmente quando as vocalizações estavam em um padrão que incluía repetição (AA ou BB). Isso, disse a professora Berent, sugere que os bebês estavam respondendo ao que percebiam como uma regra linguística.

A Dra. Berent aplicou o mesmo procedimento em seu último estudo, substituindo as vocalizações pela linguagem de sinais. O estudo, conduzido na Universidade de Paris e no Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS) pela Dra. Judit Gervain, da Universidade de Pádua, na Itália, analisou a atividade cerebral de crianças de 6 meses à medida que eram apresentadas a sinais linguísticos em dois diferentes tipos de sequências: uma com duas sílabas idênticas (padrão AA) e outra com sílabas não idênticas (padrão AB).

Como no estudo de vocalização, os sinais de padrão repetitivo (AA) provocaram uma resposta maior nos cérebros dos bebês do que as sequências AB. Essa atividade também ocorreu na mesma área do cérebro.

“O padrão na fala e no sinal era indistinguível. Portanto, o cérebro respondeu às regras exatamente da mesma maneira para a fala e o sinal”, disse a Dra. Berent.

“Pensamos na linguagem como algo com que nascemos ou estamos aprendendo. O que estamos dizendo é que o instinto da linguagem é a capacidade de aprender. É um tipo muito especial de mecanismo de aprendizagem. É realmente uma espécie de sintonia estreita com a linguagem”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Northeastern (em inglês).

Fonte: Eva Botkin-Kowacki, Universidade Northeastern. Imagem: Especialista Krishna Madaparthi soletra a palavra “Criança” usando a linguagem de sinais americana. Fonte: Alyssa Stone, Universidade Northeastern.

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