Notícia

Simpósio apresenta avanços científicos na relação entre doenças crônicas e alimentação inadequada

Resultados de pesquisas foram apresentados para pesquisadores e profissionais da saúde em Simpósio Internacional na USP

Shutterstock

Fonte

Centro de Pesquisa em Alimentos da USP (FoRC)

Data

quinta-feira, 13 outubro 2016 19:45

Áreas

Alimentação e Nutrição. Endocrinologia e Metabologia. Saúde Pública.

Várias doenças crônicas não transmissíveis têm relação estreita com a alimentação inadequada. Alguns dos mais recentes avanços no conhecimento científico sobre esses temas foram apresentados no Simpósio Internacional “Alimentos, Nutrição e Doenças Crônicas”, realizado no dia 28 de setembro na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP), na capital, com apoio do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center) e do Núcleo de Pesquisas Avançadas em Alimentos e Nutrição da USP (Napan-USP).

Um dos assuntos do simpósio foi a relação entre a inflação crônica, a dieta inadequada e o surgimento da obesidade. “Essa inflamação crônica passa principalmente pelos tipos de alimentos que são ingeridos e que vão desregular o metabolismo humano, ativando cascatas bioquímicas que ocasionarão uma inflamação não apenas intestinal, mas sistêmica, de todo o organismo”, explica um dos organizadores do evento, o Prof. Dr. João Paulo Fabi, do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF-USP, e também pesquisador do FoRC.

A ciência mostra que dois tipos de compostos influenciam nesses processos: os ácidos graxos (ou gorduras) saturados e aqueles ricos em açúcar, como glicose, frutose e sacarose. “Uma dieta rica em açúcares e gordura saturada faz com que a inflamação crônica se instale no indivíduo. Devido a isso, ele pode desenvolver e manter essa obesidade”, comentou o pesquisador.

As pesquisas indicam também que ácidos graxos poli-insaturados, presentes no azeite de oliva e no óleo de canola, e os ácidos graxos do tipo eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) presentes em peixes de águas frias, como o salmão e a sardinha, são benéficos à saúde porque diminuem esses parâmetros inflamatórios em nível sistêmico, fazendo com que o indivíduo não desenvolva ou tenha regressão da obesidade, se seguir uma dieta balanceada.

Outra pesquisa discutida no simpósio mostrou que pessoas que se alimentam fora da fase, ou seja, que comem quando deveriam estar dormindo, têm maior propensão a desenvolver intolerância à glicose podendo levar ao diabetes e todas suas complicações, diminuindo a expectativa de vida. O resultado foi observado em experimentos com animais de laboratório, mas já acende a luz amarela em relação aos seres humanos.

Um grupo que está bastante sujeito a esse problema são os profissionais que dão plantão em parte da semana, como policiais, médicos, bombeiros etc. “Estudos indicam que essas pessoas ingerem maior quantidade de carboidrato de forma constante (“beliscar alimentos”), o que faz com que aumentem o risco de desenvolvimento de obesidade e de síndrome metabólica”, diz. Além do problema da obesidade e da insônia, esses indivíduos apresentam elevados níveis de cortisol em momentos do dia em que não deveriam ter, agravando assim problemas de saúde.

Outra pesquisa apresentada no simpósio sinaliza um caminho promissor para tratamento de câncer. Em testes in vitro e in vivo em animais, foi detectado que a privação de alguns tipos de aminoácidos na dieta afeta o desenvolvimento de alguns tipos de células tumorais. Sem esses aminoácidos, o câncer não se desenvolve ou desacelera seu crescimento. “Apesar dos testes terem sido feitos em animais, o estudo sinaliza a possibilidade de trabalharmos na manipulação da dieta dos pacientes com câncer, diminuindo a oferta de determinados aminoácidos que influenciam no desenvolvimento da doença, usando a alimentação como um tratamento adjuvante a uma quimio ou radioterapia, por exemplo”, destaca.

No caso de doenças cardíacas, o destaque no simpósio foi para um resultado surpreendente: a ciência indica que, ao contrário do que se supunha, a suplementação alimentar com ômega 3 e com vitamina D não diminui as chances de pessoas saudáveis terem complicações cardíacas. Já os indivíduos que apresentam problemas cardíacos e estão em tratamento se beneficiariam com a suplementação, apontam os estudos.

No campo da nanotecnologia, o simpósio trouxe um estudo sobre a nanoencapsulação de compostos bioativos para melhorar os seus efeitos benéficos no organismos humano, além de auxiliar no desenvolvimento de novos produtos alimentares funcionais. A nanoencapsulação poderia aumentar a biodisponibilidade de licopeno, por exemplo, que é um antioxidante responsável pela cor vermelha de alimentos como o tomate.

O seminário terminou com uma apresentação sobre indicadores epidemiológicos que comprovam a existência da interação entre a dieta e o estilo de vida e os fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil aumentam os registros de mortes decorrentes de complicações cardíacas derivadas da obesidade, relacionada, por sua vez, a padrões de dieta típicos dos norte-americanos: ricas em açúcares simples, em gorduras saturadas e com excesso de ingestão de energia ao longo do dia. O resultado dessa mudança na dieta do brasileiro é o aumento da incidência de desordens metabólicas. Os estudos mostram também que o Brasil tem baixa adesão às recomendações nutricionais mundialmente reconhecidas por promover uma vida saudável. 

Fonte: Daniela Maia, Centro de Pesquisa em Alimentos da USP (FoRC). Imagem: Shutterstock.

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