Notícia

Pesquisadores testam sensor duplo em marca-passo de portadores de doença de Chagas

Tecnologia mostrou maior eficácia durante testes ergoespirométricos após atividade física

Fonte

Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular

Data

sexta-feira, 28 agosto 2015 12:10

Áreas

Cardiologia. Biomecânica. Bioeletrônica.

Estimativa recente da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que aproximadamente 18 milhões de pessoas estão infectadas pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi, responsável pela doença de Chagas. O Trypanossoma cruzi entra no sangue das pessoas a partir da picada dos barbeiros ou através da contaminação por transfusões sanguíneas ou gestantes contaminadas. Além disso, duzentos mil novos casos acontecem todos os anos no âmbito mundial. 

Após a fase aguda da doença de Chagas, os indivíduos infectados passam por uma fase indeterminada, que apresenta baixos índices de morbimortalidade. Metade dos pacientes chagásicos permanecerá estável durante o resto das suas vidas. A outra metade irá desenvolver uma forma crónica da doença, caracterizada pelo envolvimento cardíaco e/ou digestivo. A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é a forma mais frequente da doença de Chagas e isso acarreta em torno de 21.000 mortes no mundo a cada ano. Dentre as alterações que ocorrem na CCC destaca-se a disautonomia, que consiste em uma regulação autonômica cardíaca anormal e que pode gerar variações de pressão transitórias nas câmaras cardíacas.

A baixa tolerância ao exercício em pacientes que têm a doença de Chagas pode ser atribuída, entre outras causas, à incompetência cronotrópica (IC), definida como a incapacidade do coração para elevar o batimento cardíaco que permite cumprir proporcionalmente o aumento na demanda metabólica, reduzindo o consumo de oxigênio (VO2 máximo) de 15 a 20% e consequentemente a capacidade de exercitar-se.

Os sensores cardíacos foram introduzidos na área da estimulação cardíaca, como uma tentativa de modular a frequência cardíaca (FC) de acordo com a variação da demanda metabólica, tal qual acontece durante a prática de exercícios. Isso possibilita que o débito cardíaco (fluxo médio de sangue que sai do coração em um minuto) permaneça em limiares próximos da normalidade, propiciando que o desempenho fique salvaguardado.

O progresso tecnológico dos marca-passos permitiu a associação de dois ou mais sensores em um único sistema de resposta de frequência cardíaca. O sensor acelerômetro afere a intensidade da atividade, possui uma resposta relativamente rápida ao início da mesma, porém pode apresentar respostas insuficientes a exercícios físicos menos intensos ou de menor impacto. O sensor volume-minuto altera a taxa de estimulação cardíaca em resposta à variação da frequência respiratória quanto ao volume corrente, permitindo, assim, respostas a situações de estresse emocional e exercícios de baixo impacto.

Na edição de setembro de 2015 (vol.30 n.3: 311-5) da Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, o cardiologista Dr. Antônio da Silva Menezes Junior, Professor Adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e colaboradores realizaram estudo prospectivo, observacional e randomizado com 44 pacientes portadores da doença de Chagas com incompetência cronotrópica e usando um marca-passo de dupla câmara artificial com dois sensores: acelerômetro e volume minuto. Os pacientes foram submetidos a testes físicos e ergoespirometria para avaliar a resposta cardiorrespiratória ao exercício.

Os resultados mostraram que no teste de ergoespirometria, a média da FC máxima prevista obtido por pacientes foi de 153,0 ± 9,4 bpm (batimentos por minuto). Nos pacientes cujos marca-passos foram programados com o acelerômetro, esta taxa atingiu 106,3 ± 2,7 bpm, enquanto aqueles com sensor duplo tiveram uma média de 132,5 ± 6,3 bpm. Quanto ao consumo de oxigênio, o valor previsto de VO2 max foi de 48,2 ± 1,7. Com o uso de acelerômetro, atingiu 34,9 ± 9,7 e com o sensor duplo atingiu 23,6 ± 7,1.

Como conclusão da pesquisa, apesar da frequência cardíaca máxima não ter sido atingida, o duplo sensor proporcionou uma sequência elétrica mais fisiológica quando comparado apenas ao uso do sensor acelerômetro. 

Acesse o trabalho completo (resumo em português, texto em inglês).

Fonte: Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

Esqueceu sua senha?