Notícia

Pesquisa aponta que musicoterapia contribui para redução de efeitos colaterais em tratamentos hospitalares

O uso da música de forma terapêutica tem sido cada vez mais investigado em pesquisas em todo o mundo e os resultados apontam que a musicoterapia é uma importante aliada em tratamentos médicos hospitalares

Scott Gruber via Unsplash

Fonte

UFPR | Universidade Federal do Paraná

Data

sábado, 28 maio 2022 14:45

Áreas

Gestão da Saúde. Hospitais. Humanização. Medicina. Musicoterapia.

Qual efeito uma música tem sobre o ouvinte? Remeter a lembranças, despertar sensações, gerar sentimentos, trazer conforto? A ciência já comprovou que as canções são consideradas um remédio sem efeito colateral, podendo aliviar a ansiedade e o estresse. O uso da música de forma terapêutica tem sido cada vez mais investigado em pesquisas em todo o mundo e os resultados apontam que a musicoterapia é uma importante aliada em tratamentos médicos hospitalares, como recurso complementar, impactando diretamente a saúde das pessoas.

Em Curitiba, pacientes submetidos a transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (TCTH autólogo) no Hospital Erasto Gaertner participaram de uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O tratamento abrange altas doses de quimioterapia e radioterapia, com alto grau de toxicidade, gerando danos para a qualidade de vida dos pacientes por um longo período após a realização do procedimento.

Quarenta e cinco pessoas foram selecionadas aleatoriamente para o estudo; vinte e quatro delas integraram o Grupo Experimental de Musicoterapia, recebendo o tratamento musicoterapêutico e vinte um participantes o Grupo Controle que recebeu o tratamento padrão. Os resultados iniciais estão publicados na revista científica Clinics of Oncology.

As intervenções de música ao vivo foram aplicadas utilizando métodos e técnicas da musicoterapia pelo próprio pesquisador e musicoterapeuta – o doutorando Carlos Antonio Doro. Em sessões interativas, os pacientes cantaram juntos com o musicoterapeuta suas músicas preferidas, com acompanhamento de violão e com o paciente seguindo o ritmo da música, cantando e tocando instrumentos de percussão, como bongo, sinos, chocalho, pandeiro, tamborim e triângulo. As sessões foram individuais e ocorreram no quarto ao paciente ao lado do leito, três vezes por semana, com duração de 30 minutos.

Para quantificar estatisticamente como a musicoterapia pode ajudar a reduzir os sintomas, o estudo realizou mensurações por meio de instrumentos científicos validados no Brasil exclusivos para a área do câncer. Após o tratamento estatístico dos dados, quando comparados com o grupo controle, as variáveis demonstraram uma redução significativa de 78,8% para náuseas e 48,4% para dor.

Além da redução de sintomas dos efeitos colaterais do tratamento do transplante, houve o resgate do contato sócio-sonoro-cultural por meio da recriação de canções do meio cultural do paciente, reduzindo a sensação de confinamento social imposta pelo procedimento do transplante e proporcionando relaxamento. “Durante o processo pude perceber o quanto a música é envolvente e importante em nossas vidas. Após uma sessão, era explícito a satisfação dos pacientes, muitos relatavam que esqueciam, durante a experiência musical, que estavam em um hospital e com dor”, relatou o pesquisador.

Ainda de acordo com a publicação, a eficácia, a humanização e o bem estar biopsicossocial proporcionado pela musicoterapia vem preencher uma lacuna e credenciar a inserção profissional desta modalidade de terapia no ambiente hospitalar, tornando-se uma tendência a ser seguida pela área da medicina contemporânea. “A inclusão de novos protocolos na rotina do atendimento terapêutico com grupos de pacientes e familiares são possibilidades para abordagens relevantes e promissoras no contexto hospitalar em serviços de oncologia e centros de transplante”, destacou o estudo.

Musicoterapia em hospitais

O pesquisador afirmou que a musicoterapia ainda não é inserida no contexto hospitalar devido à falta de reconhecimento da profissão. “Acredito que em breve isso mude, porque muitas pesquisas estão acontecendo ao redor do mundo, e impactando a saúde das pessoas no campo da musicoterapia. A neurociência também vem contribuindo com pesquisas sobre os efeitos da música no cérebro humano. O processo de humanização vai ganhar muito com a inserção regular desse profissional da musicoterapia no ambiente hospitalar”, concluiu Calos Doro.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Paraná.

Fonte: Aline Fernandes França, UFPR. Imagem: Scott Gruber via Unsplash.

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