Notícia

Novo fármaco para doença de Chagas

Unesp aposta em medicamento à base da planta medicinal cervejinha-do-campo para tratamento sem efeitos colaterais

Blog cerradoevida.blogspot.com

Fonte

Unesp

Data

sexta-feira, 23 setembro 2016 20:15

Áreas

Farmácia. Farmacologia. Química Medicinal. Farmacognosia. Fitoterapia.

Um novo fármaco está sendo desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) para tratamento de doença de Chagas feito à base da planta medicinal cervejinha-do-campo (Arrabidaea brachypoda). Parte da pesquisa foi desenvolvida pela Dra. Cláudia Quintino da Rocha, que realizou seus estudos no Instituto de Química da Unesp em Araraquara e no laboratório da Universidade de Genebra, na Suíça, com supervisão dos professores Jean-Luc Wolfender e Emerson Queiroz. Na Unesp, a pesquisa teve orientação do Prof. Dr. Wagner Vilegas, atualmente docente no Instituto de Biociências da Unesp, Câmpus do Litoral Paulista.

Em seu doutorado, a pesquisadora isolou uma molécula inédita da planta presente no cerrado brasileiro, e testou em modelos in vitro e in vivo. A molécula apresentou uma alta atividade contra o parasita Trypanosoma cruzi, responsável pela transmissão da doença. O estudo teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do CNPq.

“Ao olhar para essa planta, nas pastagens de Minas Gerais, as pessoas nem imaginam que ela pode ter um grande potencial terapêutico”, ressalta o Dr. Wagner Vilegas, especialista em Química de produtos naturais. “Trata-se de uma atividade promissora, mas ainda é necessário mais testes até que se chegue ao uso em humanos. São etapas longas, complicadas, custosas, mas que precisam ser feitas”, avalia.

Um dado importante da pesquisa é que a substância não apresentou toxidade nas doses testadasAtualmente, existem no mercado apenas dois medicamentos para tratamento da doença de Chagas: o nifurtmox e o benzonidazol. O primeiro, apresenta reduzido poder tripanocida (agente que mata o Trypanosoma), uma vez que é eliminado rapidamente no plasma e deve ser administrado continuamente. Ele apresenta inúmeros efeitos colaterais como náuseas, vômitos, dores estomacais, entre outros.

Já o benzonidazol não pode ser usado no tratamento pediátrico. Os pacientes que fazem uso deste medicamento apresentam reações adversas, semelhantes ao nifurtmox.

Professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a Dra. Cláudia conta que os efeitos colaterais destes medicamentos são muito fortes, e, por isso, muitos pacientes precisam suspender o tratamento. “Cerca de 30 % dos infectados que não tratam a doença na fase aguda irão desenvolver a fase crônica da doença”. Nesta última etapa, a doença se manifesta principalmente com problemas cardíacos, podendo ocorrer a morte súbita.

Além disto, 40% dos pacientes sentem os fortes efeitos colaterais, como dores de cabeça, fadiga, insuficiência renal, diarreia, enjôos e vômitos. “O uso da nova substância poderá tornar o tratamento da doença tão eficaz quanto os que já existem, porém sem efeitos colaterais”, finaliza a Dra. Cláudia.

O próximo passo da pesquisa será o de realizar outros ensaios in vivo, para garantir a segurança da molécula no tratamento. Em seguida, pretende-se desenvolver formulações farmacêuticas com ela para, então, se tornar um medicamento disponível no mercado. Um pedido de patente foi depositado no INPI sobre a descoberta e aplicação da nova molécula.

Vilegas lembra que as doenças crônicas são responsáveis por cerca de 40% de enfermidades na população adulta brasileira, segundo dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em 2013.

De acordo com ele, o Brasil tem uma biodiversidade enorme mas ainda pouco explorada. “Meu objetivo, como pesquisador, é tentar buscar na natureza outras alternativas para as doenças crônicas que sejam mais viáveis, menos tóxicas, mais baratas, e que estejam à disposição da população”.

Fonte: Maristela Garmes, Unesp. Imagem: Blog cerradoevida.blogspot.com.

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