Notícia

Manter umidade interna em uma ‘faixa ideal’ pode reduzir propagação da COVID-19

Novo estudo relaciona ambientes internos muito secos e muito úmidos com piores resultados da COVID-19

stefamerpik via Freepik

Fonte

MIT | Instituto de Tecnologia de Massachusetts

Data

segunda-feira, 21 novembro 2022 06:40

Áreas

Ciência de Dados. Computação. Engenharia Biomédica. Epidemiologia. Estatística. Física Médica. Saúde Pública.

Sabemos que a ventilação interna adequada é fundamental para reduzir a propagação da COVID-19. Mas, recentemente, um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriu que a umidade relativa interna também pode influenciar a transmissão do vírus.

Umidade relativa é a quantidade de umidade no ar em comparação com a umidade total que o ar pode conter a uma determinada temperatura antes de saturar e formar condensação.

Em um estudo publicado na revista científica Journal of the Royal Society Interface, a equipe do MIT relatou que a manutenção de uma umidade relativa interna entre 40% e 60% está associada a taxas relativamente mais baixas de infecções e mortes por COVID-19, enquanto as condições internas fora dessa faixa são associados a piores resultados para a doença. Para colocar isso em perspectiva, a maioria das pessoas se sente confortável entre 30% e 50% de umidade relativa, e uma cabine de avião fica em torno de 20% de umidade relativa.

As descobertas são baseadas na análise de dados da COVID-19 combinados com medições meteorológicas de 121 países, de janeiro de 2020 a agosto de 2020. O estudo sugere uma forte conexão entre surtos regionais e umidade relativa interna.

Em geral, os pesquisadores descobriram que sempre que uma região experimentava um aumento nos casos de COVID-19 e mortes antes da vacinação, a umidade relativa interna estimada nessa região, em média, era inferior a 40% ou superior a 60%, independentemente da estação. Quase todas as regiões do estudo tiveram menos casos e mortes por COVID-19 durante os períodos em que a umidade relativa interna estimada estava dentro de uma ‘faixa ideal” entre 40% e 60%.

“Existe potencialmente um efeito protetor dessa umidade relativa interna intermediária”, sugeriu Connor Verheyen, autor principal do estudo e doutorando em Engenharia Médica e Física Médica no Programa Harvard-MIT em Ciências e Tecnologia da Saúde.

“A ventilação interna ainda é crítica”, disse a Dra. Lydia Bourouiba, diretora do MIT Fluid Dynamics of Disease Transmission Laboratory, professora nos departamentos de Engenharia Civil e Ambiental e Engenharia Mecânica, e no Instituto de Engenharia e Ciências Médicas (IMES) do MIT e coautora do estudo. “No entanto, descobrimos que a manutenção de uma umidade relativa interna naquela faixa ideal – de 40 a 60% – está associada à redução de casos e mortes por COVID-19”.

Rastreando a umidade

Para obter respostas, a equipe se concentrou no período inicial da pandemia, quando as vacinas ainda não estavam disponíveis, argumentando que as populações vacinadas obscureceriam a influência de qualquer outro fator, como a umidade interna. Eles coletaram dados globais da COVID-19, incluindo contagem de casos e mortes relatadas, de janeiro de 2020 a agosto de 2020, e identificaram países com pelo menos 50 mortes, indicando que pelo menos um surto ocorreu nesses países.

Ao todo, eles se concentraram em 121 países onde ocorreram surtos de COVID-19. Para cada país, eles também rastrearam as políticas locais relacionadas à COVID-19, como isolamento, quarentena e medidas de teste, e sua associação estatística com os resultados da COVID-19.

Para cada dia em que os dados da COVID-19 estavam disponíveis, eles usavam dados meteorológicos para calcular a umidade relativa externa local. Eles então estimaram a umidade relativa interna média, com base na umidade relativa externa e nas diretrizes sobre as faixas de temperatura para o conforto humano.

Para os países nos trópicos, a umidade relativa foi aproximadamente a mesma em ambientes internos e externos ao longo do ano, com um aumento gradual em ambientes internos durante o verão, quando a alta umidade externa provavelmente elevava a umidade relativa interna em mais de 60%. Eles descobriram que esse aumento refletia o aumento gradual das mortes por COVID-19 nos trópicos.

“Vimos mais mortes relatadas por COVID-19 na extremidade inferior e superior da umidade relativa interna e menos nesta faixa ideal de 40 a 60%”, disse Connor Verheyen. “Essa janela intermediária de umidade relativa está associada a um resultado melhor, significando menos mortes e uma desaceleração da pandemia.”

“Estávamos muito céticos inicialmente, especialmente porque os dados da COVID-19 podem conter ruídos [variações] e serem inconsistentes”, disse a Dra. Lydia Bourouiba. “Portanto, fomos muito minuciosos tentando encontrar falhas em nossa própria análise, usando uma variedade de abordagens para testar os limites e a robustez das descobertas, inclusive levando em consideração fatores como intervenções dos governos. Apesar de todos os nossos melhores esforços, descobrimos que, mesmo ao considerar países com políticas de mitigação da COVID-19 muito fortes versus muito fracas, ou condições externas extremamente diferentes, a umidade relativa interna – e não externa – mantém um vínculo forte e robusto subjacente com os resultados da COVID-19″, concluiu a pesquisadora.

Ainda não está claro como a umidade relativa interna afeta os resultados da COVID-19. Os estudos de acompanhamento da equipe sugerem que os patógenos podem sobreviver por mais tempo em gotículas respiratórias em condições muito secas e muito úmidas.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês).

Fonte:  MIT News Office. Imagem: stefamerpik via Freepik.

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