Notícia

Ingestão de carambola é prejudicial aos portadores de doença renal crônica

Estudos recentes esclarecem os mecanismos de ação da fruta sobre o Sistema Nervoso Central

Shutterstock

Fonte

Jornal Brasileiro de Nefrologia

Data

quinta-feira, 16 julho 2015 20:55

Áreas

Nefrologia. Neurologia. Nutrição.

A doença renal crônica (DRC) tem acometido um grande número de pessoas nos últimos anos. Dentre os fatores de risco mais comuns para a aquisição da DRC destacam-se a: a diabetes, a hipertensão, a síndrome metabólica, o hiperparatireoidismo, a desnutrição proteico-calórica e o histórico familiar de DRC. Esta condição clínica está associada à diminuição da qualidade de vida, a custos elevados relacionados ao seu tratamento como a diálise e internações prolongadas, além de ocasionar uma elevação do risco para doenças cardiovasculares.

Na edição de junho da revista científica Jornal Brasileiro de Nefrologia (vol.37, n.2), as pesquisadoras Eduarda Savino de Oliveira e a Profa. Dra. Aline Silva de Aguiar, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) publicaram uma revisão sistemática sobre a influência da ingestão da carambola (Averrhoa carambola) em pacientes portadores de doença renal crônica (DRC).

A carambola, pertencente à família das oxalidáceas, é uma fruta encontrada nos países tropicais sendo originária da Ásia. Pode ser amarela ou esverdeada com sabor variando do ácido ao doce e possui a forma de estrela quando fatiada transversalmente. É usualmente consumida sob a forma natural, em doces ou ingerida como bebida (sucos, batidas ou shakes).

O efeito tóxico da carambola foi inicialmente descrito em 1993 e até 2013 o motivo pelo qual o consumo da fruta resultava em consequências adversas nos portadores de DRC ainda era desconhecido. A carambola possui uma neurotoxina capaz de provocar alterações neurológicas em pacientes com doença renal crônica (DRC), envolvendo alterações como soluços e confusão mental, até quadros graves como convulsões e morte. Essa neurotoxina parece apresentar inibição sobre o sistema GABAérgico, que é o principal sistema inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC), formado por neurônios que contém ácido gama-aminobutírico (GABA). As membranas celulares da maioria dos neurônios e astrócitos do SNC expressam receptores de GABA, que diminuem a excitabilidade neuronal através de vários tipos de mecanismos. Em virtude de sua distribuição disseminada, os receptores de GABA influenciam muitos circuitos e funções neurais.

As pesquisadoras analisaram estudos do período de 2000 a 2014, em publicações nos idiomas português e inglês, considerando artigos de revisão, relatos de caso e artigos experimentais nas bases de dados Scielo, PubMed  e Lilacs. Estudos relacionados ao cultivo da carambola, estudos em crianças e associação com outras doenças foram excluídos da investigação.

Os sintomas mais comuns após a intoxicação são o soluço geralmente incontrolável e que não responde às medicações convencionais, confusão mental e crises convulsivas. As crises convulsivas são significativamente associadas com o mau prognóstico do paciente. Nos pacientes com DRC, a neurotoxina não é devidamente excretada, ocorrendo elevação de seus níveis séricos, o que permitiria sua passagem pela barreira hematoencefálica e consequente ação sobre o SNC.  A neurotoxicidade da fruta é decorrente da ação do oxalato e de uma toxina chamada caramboxina que apresenta um poder excitatório, convulsivante e neurodegenerativo.

Como conclusão do estudo, é importante alertar aos pacientes com DRC sobre os efeitos da carambola, principalmente os profissionais envolvidos no tratamento como nutricionistas e cuidadores, bem como familiares.

Fonte: Jornal Brasileiro de Nefrologia. Imagem:  Shutterstock.

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