Notícia

HC da Unicamp faz primeira cirurgia de crânio com titânio impresso em 3D no Brasil

HC da Unicamp está pronto para treinar outros hospitais e centros de pesquisa

Divulgação, Biofabris

Fonte

HC-Unicamp e Biofabris

Data

segunda-feira, 8 junho 2015 18:30

Áreas

Implantes. Cirurgia Plástica Reconstrutora.

No dia 5 de setembro de 2014, em Araçatuba (SP), a jovem Jéssica Cussioli, de 23 anos, entrou para as estatísticas de acidentes com motos no Estado. Após bater o rosto em uma caçamba de entulho, devido a uma manobra mal sucedida ao se desviar de um buraco, Jéssica – mesmo de capacete – sofreu um gravíssimo traumatismo crânio/facial e um acidente vascular cerebral (AVC hemorrágico), que resultaram no afundamento do crânio, perda da visão do olho direito e perda parcial dos movimentos do lado esquerdo do corpo.

Porém, a conjugação de fé com a ciência resultou em um caso inédito no serviço público de saúde do país. A família se mobilizou e Jéssica se tornou paciente do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC Unicamp). Hoje ela é a primeira pessoa no país a receber, simultaneamente, três placas de titânio para reconstrução crânio-facial em uma cirurgia que durou mais de 8 horas. Os cirurgiões Dr. Paulo Kharmandayan, Dr. Davi Calderoni, Dr. Herberti Aguiar e Dr. Adriano Mesquita da cirurgia plástica e Dr. Enrico Ghizoni da neurocirurgia do Hospital de Clínicas da Unicamp estiveram à frente do procedimento inédito no Brasil. A cirurgia foi um sucesso.

“Relembrando a história dessa jovem podemos afirmar que ela é uma vitoriosa sob todos os aspectos”, enfatiza o professor Kharmandayan. Ele conta que ficou em dúvida quando recebeu uma ligação do engenheiro da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, André Jardini, sobre a possibilidade de realizarem um procedimento de reconstrução crânio-facial, inédito no país. “A extensão dos problemas eram muitas, mas o desafio era maior ainda e aceitamos”, recorda o chefe da cirurgia plástica do HC.

Segundo o Dr. Paulo Kharmandayan o sucesso da cirurgia se deve ao trabalho multiprofissional de engenheiros, médicos e físicos. “Quando importamos o equipamento ele não vem com manual de aplicações para os estudos e pesquisas. Tudo fomos nós que desenvolvemos e aperfeiçoamos nesses seis anos de projeto”, destaca. A intenção é que as pesquisas se tornem protocolos de medicina para serem adotados num futuro próximo pelo SUS em todo país. “Estamos prontos para treinar outros hospitais e centros de pesquisa”, reforça o Dr. Kharmandayan.

O engenheiro mecânico Dr. André Jardini, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Biofabricação (Biofabris), sediado na Unicamp, foi quem manteve o primeiro contato com familiares de Jéssica, em fevereiro desse ano. “Ao relatar a história em um e-mail e links de notícias da cidade sobre o caso, solicitei uma tomografia e ao receber e discutir com o Dr. Kharmandayan apostamos no projeto para a prototipagem crânio-facial em 3D com titânio e aperfeiçoamento das técnicas, lembra Jardini, que é pesquisador sênior do Instituto Biofabris.

Segundo Jardini o equipamento que produziu a placa de titânio é conhecido como sinterizador direto de metal por laser. Importado da Alemanha e avaliado em R$ 3 milhões o equipamento foi o primeiro da América Latina e pode produzir a partir de pó de titânio. A fabricação da placa levou 20 horas. No Biofabris existem atualmente cerca de 35 linhas de pesquisa envolvendo 250 pesquisadores de 33 instituições e universidades brasileiras, além de 12 convênios internacionais.

O conceito de “biofabricação” consiste em utilizar técnicas de engenharia e biomateriais para a construção de estruturas tridimensionais, fabricação e confecção de substitutos biológicos que atuarão no tratamento, restauração e estruturação de órgãos e tecidos humanos. O laboratório, que é ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), reúne pesquisadores de quatro unidades da Unicamp (FEQ, FEM, FCM e o Instituto de Física) e de outras universidades e institutos de pesquisa do país, de diferentes áreas, que trabalham de forma integrada e multidisciplinar nos vários projetos, incluindo o das próteses.

Fonte: Caius Lucilius e Caroline Roque, Unicamp. Imagem: Divulgação, Biofabris.

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