Notícia
Fatores de risco para retinopatia diabética
Tempo de doença contribui para piora dos sintomas
Pixabay
Fonte
Revista Brasileira de Oftalmologia
Data
terça-feira, 20 dezembro 2016 10:50
Áreas
Medicina. Oftalmologia. Endocrinologia.
Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica complexa em que ocorre uma deficiência relativa ou absoluta de insulina, afetando o metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas. Umas das complicações microvasculares mais importantes do DM é a retinopatia diabética (RD), que é a principal causa de cegueira entre os norte-americanos entre as idades de 20 a 64 anos, causando 8000 novos casos de cegueira a cada ano. No Brasil, estima-se que metade dos portadores de DM sejam afetados por RD. A RD é uma das maiores causas de cegueira irreversível no mundo e a principal entre pessoas em idade produtiva, sendo considerada uma das complicações mais temidas pelos pacientes diabéticos. Estima-se que, após 15 anos de doença, 80% dos portadores de DM tipo 2 e 97% dos DM tipo 1 apresentem algum grau de retinopatia. No Brasil, 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos apresentam DM, sendo que 46% destes desconhecem que são portadores da doença.
A hipóxia tecidual (redução do oxigênio no sangue que alimenta os tecidos), acompanhada da perda de autoregulação dos vasos retinianos, é o fator desencadeante da RD. As alterações detectadas no exame de fundo do olho seguem um curso progressivo, desde a RD leve, caracterizada por aumento da permeabilidade vascular, até os estágios moderado e grave, caracterizados por oclusão vascular e consequente proliferação e cicatrização. A duração do DM está fortemente associada à frequência e a severidade da RD. Após 20 anos de doença, perto de 99% dos portadores de DM insulino dependentes (tipo 1) e 60% dos portadores de DM não insulino dependente (tipo 2) têm algum grau de RD.
Um estudo realizado no Instituto de Olhos de Goiânia para estabelecer a incidência e os fatores de risco da RD, no período entre julho e dezembro de 2015, foi efetuado em 160 pacientes com lesão retiniana através de exame oftalmológico, incluindo medida da acuidade visual corrigida (tabela de Snellen), biomicroscopia do segmento anterior e posterior, tonometria de aplanação e oftalmoscopia binocular indireta sob midríase. Todos os pacientes que apresentaram na fundoscopia lesões retinianas suspeitas, realizaram retinografia fluorescente a fim de ser realizado diagnóstico correto. Avaliou-se a relação da doença com o sexo, tempo estimado de diagnóstico e retinopatia, presença clínica de hipertensão arterial sistêmica, e conduta estabelecida.
Os resultados foram publicados na edição de dezembro de 2016 da Revista Brasileira de Oftalmologia (RBO) e foi demonstrado que dos 160 pacientes analisados, somente 15% apresentaram diagnóstico de RD. Em relação ao tempo da doença 35% dos pacientes, que tiveram indicação de fotocoagulação ou injeção intravítrea de inibidores do fator de crescimento do endotélio vascular, apresentavam DM há mais de 20 anos. Quanto à coexistência de hipertensão arterial sistêmica (HAS), 16 pacientes (66%) também apresentavam concomitantemente a HAS, sendo que 13 (81%) apresentaram indicação de realização do fotocoagulação a laser ou aplicação de injeção intravítrea de antiangiogênicos. O aumento da pressão arterial ocasiona uma elevação da pressão intraluminar e prejudica o extravasamento da rede vascular e assim favorece a filtração de proteínas plasmáticas através do endotélio e sua reposição na membrana basal capilar. Esse mecanismo contribui para o dano vascular e a isquemia retiniana o que incrementa o risco do aparecimento e progressão da RD.
Os autores concluíram que existe a necessidade de avaliação de pacientes quanto à presença de RD, além de forte associação entre a RD e os fatores de risco avaliados no estudo como HAS, tempo do diagnóstico do diabetes mellitus e o controle glicêmico.
Acesse o artigo científico completo.
Fonte: Revista Brasileira de Oftalmologia. Imagem: Pixabay.
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