Notícia

Esteatose hepática: cuidados com o fígado ajudam a evitar a doença

Perda de peso e controle da glicemia são fundamentais

Divulgação

Fonte

Sociedade Brasileira de Hepatologia

Data

sábado, 22 abril 2017 15:25

Áreas

Medicina. Hepatologia. Saúde Pública.

A esteatose hepática ocorre devido ao acúmulo excessivo de lipídios nos hepatócitos (células do fígado). O fígado é invadido por uma quantidade excessiva de gordura e o tecido hepático saudável é parcialmente substituído por áreas não-saudáveis de gordura. Assim, as células e os espaços do fígado são preenchidos por gordura, resultando em um fígado aumentado em volume e mais pesado. O comparativo óbvio da situação humana é o famoso patê de frois grais (fígado de ganso): para obter o patê, gansos são submetidos a uma dieta extremamente rica em calorias, o que faz com que seus fígados fiquem cheios de gordura. No caso humano, esse acúmulo de gordura pode ser decorrente de alterações do metabolismo ou uma resposta do fígado a uma agressão ao seu funcionamento. Ou seja, a esteatose pode ser sinal de uma doença própria do fígado (como hepatite C ou doença alcoólica) ou decorrente de doenças metabólicas (diabetes, obesidade ou síndrome metabólica, por exemplo) e pode levar o fígado a ficar doente, levando à chamada doença hepática gordurosa não alcoólica – DHGNA. Nessa doença, a maior parte das pessoas tem uma alteração estável no fígado, que pode regredir desde que o problema metabólico seja sanado ou controlado. Até 30% dos casos, no entanto, podem apresentar evolução do quadro para uma doença chamada esteatoepatite (esteato = gordura; hepatite = inflamação do fígado). Essa doença pode progredir lentamente e, ao longo de vários anos, levar à cirrose hepática e, menos frequentemente, ao câncer de fígado.

Para a maioria das pessoas, esse acúmulo de gordura não causa sinais ou sintomas. A quantidade de pessoas acometidas pela doença tem crescido em virtude do sedentarismo e má alimentação. Isto torna a esteatose e a DHGNA um problema de saúde pública, especialmente quando se sabe que os principais fatores a elas associados, como o diabetes e a obesidade, apresentam um crescimento na prevalência em todo mundo.

Causas da esteatose hepática

  • Doenças primárias do fígado: várias doenças hepáticas apresentam a esteatose como uma das manifestações. É o caso das hepatites B e C, da deficiência de alfa1 antitripsina, doença de Wilson, doenças colestáticas e, principalmente, da doença hepática alcoólica. Sabe-se que 90% dos indivíduos que fazem uso abusivo de álcool apresentam esteatose no fígado. A evolução desses casos obedece a evolução da própria doença de base.
  • Causas secundárias: nesses casos existe um fator que está gerando a esteatose e que, se removido, pode reverter o quadro. Isso é o que pode acontecer no hipotireoidismo não controlado, na exposição a agentes químicos (principalmente produtos petroquímicos ou pesticidas), cirurgias intestinais e de bypass intestinal para tratamento da obesidade. Mas a causa secundária que mais tem crescido nesses anos é o uso abusivo de medicamentos, especialmente esteróides e anabolizantes, empregados por jovens em academias, além de vários medicamentos como tetraciclinas, cortisonas, medicamentos empregados no combate do câncer e no tratamento das arritmias cardíacas entre outros.
  • Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica: representa a principal causa de esteatose (70% ou mais dos casos de esteatose) e está diretamente associada à obesidade, dislipidemia (alteração das gorduras do sangue, triglicérides e colesterol) e diabetes mellitus, sendo assim uma doença decorrente de alterações metabólicas. É frequente entre esses pacientes o diagnóstico de síndrome metabólica, na presença de três ou mais dos seguintes fatores: circunferência de cintura elevada (obesidade visceral), alteração do açúcar em jejum (acima 99mg/dl), HDL colesterol baixo e hipertensão. Como citado anteriormente, 20% a 30% desses casos podem evoluir para a esteatoepatite.

 

Diagnóstico

No diagnóstico de esteatose hepática, o médico vai primariamente eliminar outras possíveis causas de doença hepática e de esteatose. No seu exame clínico, além do exame geral, importante para afastar causas sistêmicas de esteatose, muita atenção deve ser dada à medida da pressão arterial e da medida da circunferência da cintura (a obesidade visceral, aquele “pneuzinho” incômodo da barriga está frequentemente associado à esteatose) e à palpação do fígado. Exames de sangue podem ser solicitados com o intuito de dosar as enzimas do fígado (ALT, AST, GGT e fosfatase alcalina). Exames metabólicos também podem ser solicitados, como a dosagem de glicose, insulina, colesterol e frações, triglicérides, hemoglobina glicosilada, além de outros exames frequentemente alterados, como o de ácido úrico e ferritina.

O diagnóstico de esteatose já pode ser feito na palpação do fígado pelo médico e confirmado pelo ultrassom de abdômen, exame simples e indolor. As imagens obtidas por um exame de ultrassonografia mostram um fígado mais brilhante e granulado. A palpação pode revelar um fígado já com doença mais avançada, o que também pode ser confirmado pelo próprio ultrassom ou, melhor ainda, por aparelhos que medem o grau de rigidez do fígado por método denominado elastometria (FibroScan ou Axplorer) que, a exemplo do ultrassom, são exames não invasivos. Eventualmente uma biópsia do fígado pode ser solicitada, especialmente em casos que haja dúvida importante sobre a causa do problema.

Tratamento

Nos casos de esteatose secundária, a eliminação ou correção do agente causal, quando possível, resolve o problema, enquanto o tratamento da doença hepática existente e a abstenção alcoólica podem eliminar a esteatose do fígado. Na doença hepática gordurosa o tratamento é direcionado primeiramente para as modificações de hábitos de vida que envolvem dietas mais saudáveis e aumento da atividade física. Medicamentos sensibilizadores de insulina, antioxidantes e protetores celulares podem ser utilizados a cada caso, sob orientação médica.

  • Escolha uma dieta saudável: Alimente-se com uma dieta com mais fibras, frutas e vegetais. Reduza a quantidade de gorduras e carboidratos em sua dieta, inclua nela alimentos integrais e evite especialmente os carboidratos simples (doces, açúcar, pão francês e arroz, por exemplo).
  • Exercite-se, seja mais ativo: Procure se exercitar pelo menos 30 minutos ao dia, pelo menos na maior parte dos dias da semana. O mínimo desejável é que você tenha um total de 150 minutos de atividade física na semana. Incorpore mais atividades físicas no seu dia. Tente andar mais pelas escadas ao invés do elevador, caminhe distâncias curtas ao invés de ir de ônibus ou carro. Inicie devagar, não tente resolver tudo de um mês para outro.
  • Controle o diabetes: Caso seja diabético, siga as instruções de seu médico. Tome sua medicação conforme orientado, monitore seus níveis sanguíneos de açúcar.
  • Baixe seu colesterol: Uma dieta saudável baseada em frutas e verduras, exercícios físicos e medicações ajudam a manter seu colesterol e triglicerídeos em níveis saudáveis.
  • Perca peso: Caso você esteja com sobrepeso ou obeso, reduza o número de calorias ingeridas diariamente e aumente as atividades físicas para auxiliar nessa tarefa. É importante que você entenda que a perda de 10% do seu peso corporal já é suficiente para melhorar sensivelmente a esteatose e as alterações metabólicas e hepáticas. É importante entender que você não precisa ficar magro para ficar saudável. Se tentou perder peso no passado e não foi bem sucedido, pode ser necessário a ajuda médica ou de um nutricionista.
  • Proteja seu fígado: Evite substâncias que causem mais dano ao seu fígado. Não beba álcool e tome cuidado com medicações e chás comprados sem receita médica.

 

Acesse o Portal “Tudo sobre o fígado”, da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Acesse a cartilha “Conscientização da Esteatose Hepática”.

Fonte: Portal “Tudo sobre fígado”, da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Imagem: Divulgação.

 

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