Notícia

Depressão em jovens e adultos: origem, resultados e relação com outras doenças

Pesquisadora do Instituto Karolinska, na Suécia, estudou a depressão em crianças, adolescentes e adultos, explorando resultados adversos à saúde, comorbidades psiquiátricas e somáticas, fatores de risco potenciais e tratamento com melatonina para distúrbios do sono

Alex Green via Pexels

Fonte

Instituto Karolinska

Data

segunda-feira, 28 fevereiro 2022 13:30

Áreas

Bioética. Neurociências. Psicologia. Psiquiatria. Saúde Pública.

A depressão é uma condição de saúde mental comum e grave. Causa uma grande variedade de sintomas, como sentir-se sem esperança e triste e perder o interesse ou prazer em hobbies e atividades. Para ser diagnosticado com depressão, os sintomas devem durar pelo menos duas semanas consecutivas. É uma doença psiquiátrica global com uma ampla faixa de idades de início e ocorre cerca de duas vezes mais em mulheres do que em homens.

A maioria dos grandes estudos observacionais se concentrou em populações adultas, deixando a depressão pediátrica em grande parte inexplorada. Pesquisas atuais sugerem que a depressão é causada por uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais, sociais e psicológicos. No entanto, muitos aspectos sobre suas causas, consequências e relação com outras doenças ainda são desconhecidos. Em tese de doutorado desenvolvida junto ao Instituto Karolinska, na Suécia, Marica Leone, doutoranda do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística, pesquisou a depressão em crianças, adolescentes e adultos, explorando resultados adversos à saúde, comorbidades psiquiátricas e somáticas, fatores de risco potenciais e tratamento com melatonina para distúrbios do sono.

Marica Leone teve como objetivo fornecer novos esclarecimentos sobre as origens e os resultados de saúde associados à depressão, aumentando a conscientização sobre essa grave condição mental, que afeta uma proporção considerável da população, incluindo muitos adolescentes. Suas descobertas podem ser importantes para orientar pacientes, médicos e formuladores de políticas na tomada de decisões informadas e ressaltar uma necessidade crítica de tratamento e apoio de longo prazo nessa população vulnerável.

Resultados importantes

“Mostramos que pelo menos 1 em cada 40 crianças e adolescentes sofre de depressão. Esses pacientes têm risco aumentado de uma ampla gama de doenças físicas (66 dos 69 que foram investigados) e morte precoce, especialmente morte por suicídio. Por exemplo, em comparação com seus pares sem depressão, descobriu-se que eles tinham 14 vezes o risco de automutilação, 8 vezes o risco de distúrbios do sono e 4 vezes o risco de diabetes tipo 2. Também descobrimos que a vulnerabilidade à depressão e a certas outras condições, como obesidade e diabetes tipo 2, compartilham fatores de risco genéticos, destacando a importância do rastreamento de sintomas de depressão em pacientes com essas condições e vice-versa”, destacou a pesquisadora.

“Finalmente, mostramos que as infecções na infância não parecem causar diretamente depressão e automutilação posteriores, e que melhorar o sono pode ser um componente importante para reduzir o comportamento autolesivo em meninas com depressão e transtornos de ansiedade”, continuou Marica Leone.

Desafios em estudar transtornos psiquiátricos e o acesso a dados

“A Suécia oferece oportunidades únicas para pesquisa médica com seu sistema de saúde universal e financiado por impostos e um longo histórico de registros nacionais. Ao usar um número de identidade pessoal atribuído a cada paciente ao nascimento ou na imigração, a ligação entre esses registros é possível, permitindo a agregação de informações demográficas, médicas e outras sobre toda a população sueca. Durante todo esse processo, os dados confidenciais dos indivíduos participantes são protegidos. Esta fonte única de dados em larga escala permite o desenvolvimento de conhecimento científico em áreas importantes em que outros desenhos de estudo podem ser antiéticos ou difíceis de implementar, incluindo origens e resultados de saúde em longo prazo de transtornos psiquiátricos”, explicou a pesquisadora.

Avanços nas pesquisas

Quando indagada sobre o que você acha que deve ser feito para avançar nessa área de pesquisa, Marica Leone ressaltou: “Muitos aspectos relativos às origens e consequências da depressão permanecem em grande parte desconhecidos. Uma das maiores prioridades no campo deve ser identificar os diferentes subtipos de depressão para que os pacientes possam receber tratamentos mais personalizados. Por exemplo, é crucial entender por que os pacientes apresentam diferenças nos sintomas de depressão, gravidade e resposta ao tratamento. Além disso, como a depressão ocorre cerca de duas vezes mais em mulheres do que em homens, é de particular importância identificar os mecanismos responsáveis ​​pelas diferenças de gênero que vemos na prevalência e no curso clínico da depressão”.

“No geral, tais esforços de pesquisa podem elucidar a complexidade etiológica da depressão, facilitando a descoberta de vias biológicas específicas associadas a certos padrões de sintomas ou subtipos e contribuindo para o desenvolvimento de melhores estratégias de prevenção e tratamentos personalizados para os pacientes”, concluiu a pesquisadora.

Acesse a tese completa (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).

Fonte: Gunilla Sonnebring, Instituto Karolinska. Imagem: Alex Green via Pexels.

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