Notícia

Cérebro “avisa” ao corpo para queimar gordura após uma refeição

Pixabay

Fonte

Universidade Monash

Data

quarta-feira, 9 agosto 2017 11:40

Áreas

Biomedicina. Endocrinologia. Obesidade.

Cientistas do Instituto de Descobertas em Biomedicina da Universidade de Monash, na Austrália, desvendaram um mecanismo pelo qual o cérebro faz a coordenação entre a alimentação e o gasto de energia, resolvendo um enigma que já desafiou pesquisadores e agora oferece um novo alvo potencial para o tratamento da obesidade. A obesidade é um importante fator de risco para muitas doenças, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, doença hepática e vários tipos de câncer.

Pesquisadores do Programa de Doenças Metabólicas e Obesidade mostraram em modelos de laboratório que a alimentação controla o “escurecimento” da gordura, isto é, a conversão de gordura branca, que armazena energia, em gordura marrom, que consome energia. A gordura no corpo humano é armazenada em células especializadas chamadas adipócitos, que podem mudar do estado branco para o estado marrom e vice-versa.

O estudo, publicado na revista científica “Cell Metabolism” no último dia 2 de agosto, mostra que após uma refeição o cérebro responde à insulina circulante, que é aumentada após o aumento da glicemia. O cérebro então envia sinais que provocam o “escurecimento” gordura, elevando assim o gasto energético. Em contraste, após um jejum, o cérebro instrui esses adipócitos a se converterem novamente em adipócitos brancos, armazenando energia. Esses processos ajudam a prevenir tanto o excesso de peso como o excesso de peso em resposta à alimentação, o que significa que o peso corporal permanece relativamente estável ao longo do tempo.

Os pesquisadores mostraram que a habilidade do cérebro de sentir a insulina e coordenar a alimentação com o gasto de energia através da “cor” da gordura é controlada por um mecanismo parecido com um “interruptor”: ele fica ligado após o jejum para inibir a resposta à insulina, evitando que a gordura “escureça” e consuma mais energia; por outro lado, o “interruptor” fica desligado após a alimentação para facilitar que a resposta ao aumento da insulina possa promover o “escurecimento” da gordura e o gasto de energia.

“O que acontece no contexto da obesidade é que o interruptor fica ligado o tempo todo – não modificando a gordura após a alimentação“, disse o pesquisador Dr. Tony Tiganis.

“Como consequência, o “escurecimento” fica sempre desligado e o gasto de energia diminui; então, quando você come, você não vê um aumento proporcional no gasto de energia – e isso promove o aumento de peso”, disse o Dr. Tiganis.

Pesquisas anteriores da equipe que mostraram como o cérebro coordena o acúmulo de tecido adiposo branco atraíram atenção considerável depois da publicação do estudo no início de 2015. “Por muito tempo, a peça que faltava no quebra-cabeça foi sempre por que isso ocorre no corpo”, disse o Dr. Garron Dodd, um dos autores do estudo.

“Nós mostramos não apenas por que isso ocorre, mas também o mecanismo fundamental envolvido“, disse o Dr. Dodd.

Os pesquisadores estão explorando ainda mais a possibilidade de inibir a mudança para fins terapêuticos para promover o controle do excesso de gordura.

“O que nossos estudos demonstraram é que existe um mecanismo fundamental que normalmente garante que o gasto de energia seja combinado com o consumo de energia. Quando esse mecanismo é defeituoso, você tem o aumento de peso. Potencialmente, podemos ser capazes de reeditar este mecanismo para promover o gasto energético e a perda de peso em indivíduos obesos. Mas ainda temos um longo caminho pela frente “, concluiu o pesquisador

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Fonte: Universidade Monash. Imagem: Pixabay.

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