Notícia

AMB e FMUSP lançam novo estudo sobre oferta e distribuição de médicos e de especialistas no Brasil

Primeiro levantamento pós censo do IBGE mostra desproporções gritantes entre crescimento da população e de número de médicos, má distribuição regional, concentração em poucas capitais, distribuição insuficiente e desigual de especialistas

Divulgação

Fonte

AMB | Associação Médica Brasileira

Data

quarta-feira, 13 setembro 2023 12:30

Áreas

Ensino. Gestão da Saúde. Medicina. Políticas Públicas. Saúde Pública.

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB) acabam de lançar a atualização do estudo Demografia Médica no Brasil 2023, à luz dos mais recentes dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo contempla resultados do recenseamento populacional, que contabilizou 10 milhões de pessoas a menos  em relação a estimativas anteriores do IBGE.O Brasil tem 545.767 médicos para um total de 203.062.512 habitantes. A razão, portanto, é de 2,69 profissionais de Medicina a cada 1.000 cidadãos.

A oferta e a distribuição dos médicos no país é analisada segundo as grandes Regiões, unidades da Federação e municípios. A comparação do Brasil com outros países, a projeção da oferta de profissionais até 2035, a distribuição de especialistas e de estudantes de medicina completam este material suplementar ao estudo Demografia Médica no Brasil de 2023.

Especialistas: concentrados e para poucos

A distribuição de especialistas, assim como dos médicos em geral, é desigual no Brasil. A razão é de 1,58 médico especialista por 1.000 habitantes, considerando todos os profissionais titulados em pelo menos uma das 55 especialidades médicas reconhecidas e a população do Censo 2022 do IBGE.

Em todas as especialidades estudadas há desigualdade de distribuição de médicos entre as unidades da Federação. Mas, em algumas delas, os médicos estão ainda mais concentrados em certos estados. A taxa de cirurgiões por 100 mil habitantes no Pará (10,46), por exemplo, é seis vezes menor do que no Distrito Federal (60,84). A densidade de anestesiologistas no Maranhão (4,40 por 100 mil), em outro exemplo, é cinco vezes menor que no Rio de Janeiro (22,54 por 100 mil). Já a média nacional  de Medicina de Família e Comunidade, uma das especialidades demandas nos serviços de Atenção Primária, é de apenas 5,54 para 100 mil habitantes, sendo que 15 estados estão abaixo dela.

Defasagem na oferta de residência médica em relação à oferta de graduação

Ao analisar a evolução nacional da taxa de estudantes de medicina por 1.000 habitantes comparada à taxa de médicos cursando Residência Médica (RM) por 1.000 habitantes, percebe-se grande defasagem entre a oferta do ensino de graduação (1,05 estudantes por 1.000 habitantes em 2021) e a oferta da formação especializada (0,21 médico residente por 1.000 habitantes). De 2015 a 2023 houve aumento de 57% na oferta de vagas de RM no Brasil, passando de 29.696 para 46.610 vagas, considerando médicos cursando programas de R1 a R6. Entretanto, a disponibilidade de vagas de primeiro ano de residência (R1) não tem sido suficiente para acompanhar o aumento do número de médicos graduados. Além disso, a oferta continua concentrada – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm juntos mais de 60% das vagas de RM.

Outros números relevantes

De acordo com o IBGE, a população brasileira cresceu 291%, de 51,9 milhões de habitantes em 1950 para 203 milhões em 2022. No mesmo período, o número de médicos saltou de 22,7 mil para 545,7 mil – crescimento de 2.301%.

No intervalo entre os dois censos mais recentes, o crescimento da população brasileira desacelerou em relação a contagens anteriores, aumentando 6,5%, um acréscimo de 12,3 milhões de habitantes em 12 anos. Já a população de médicos, no mesmo período, cresceu 70,3%, um aumento de 225.290 profissionais em 12 anos. O crescimento está relacionado à grande abertura de cursos e vagas de graduação em Medicina.

Densidade médica

Com 2,69 médicos por 1.000 habitantes, o Brasil possui densidade médica próxima a dos Estados Unidos, Japão, Canadá e Chile. Já Reino Unido, França, Alemanha e Espanha têm densidade médica maior. O país continua abaixo da média dos países da OCDE, que é de 3,7 médicos por 1.000 habitantes.

Ressalta-se que não existe norma ou padrão de densidade mínima de médicos recomendados para os países. No caso brasileiro, a intensidade da distribuição desigual de médicos no território e as características do sistema de saúde, que geram maior concentração de profissionais no setor privado do que no SUS, proporcionalmente às populações cobertas, exigem cautela na comparação da taxa nacional com a de outras nações.

Distribuição regional

Considerando 2,69 médicos por 1.000 habitantes no país como um todo , duas das grandes regiões estão abaixo da média nacional: o Norte, com 1,65, e o Nordeste, com 2,09. É a primeira vez, no entanto, que o Nordeste passa a registrar mais de dois médicos por 1.000 habitantes, embora com diferenças entre os estados da região. O Sudeste tem a maior densidade médica (3,62), seguido de Centro-Oeste (3,28) e da região Sul (3,12).

As disparidades seguem gritantes: enquanto o Distrito Federal tem seis médicos por 1.000 habitantes, o  Maranhão tem apenas um.

Acesse a atualização do estudo Demografia Médica no Brasil 2023.

Acesse a notícia completa na página da Associação Médica Brasileira.

Fonte: AMB. Imagem: Divulgação.

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