Notícia

Superpróteses e realidade

Professor do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique avalia a expectativa de existirem “super humanos” em um futuro próximo

Pixabay

Fonte

Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH)

Data

quarta-feira, 21 março 2018 18:10

Áreas

Robótica. Engenharia Biomédica. Bioengenharia. Bioeletrônica.

Com o desenvolvimento de próteses com tecnologias cada vez mais avançadas, um dilema ético tem sido levantado já há alguns anos, principalmente por algumas produções cinematográficas ou mesmo séries de televisão, sobre a possibilidade da criação de “super-humanos”. Neste caso, a tecnologia não só serviria para recuperar algum tipo de movimento ou função perdida, mas iria além e permitiria que o usuário da prótese alcançasse super poderes ou superasse os limites que o próprio corpo humano impõe.

Algumas próteses já permitem hoje em dia que o paciente recupere os movimentos e tenha até movimentos adicionais em relação aos movimentos naturais. Um destes casos pode ser visto no vídeo a seguir, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, sobre uma prótese completa para membros superiores, em paciente biamputado:

 

 

Mas e as “superpróteses”, capazes de melhorar significativamente a funcionalidade de membros e a capacidade do ser humano, estarão mesmo disponíveis em um futuro próximo?

Quem responde a este questionamento é o Prof. Dr. Robert Riener, no blog do Instituto Federal de Tecnologia (ETH) de Zurique, na Suíça. O Dr. Robert é professor titular de Sistemas de Sensores-Motores no Departamento de Ciências da Saúde e Tecnologia da ETH. Abaixo, alguns trechos de sua publicação:

“O que até recentemente havia sido descrito como uma visão futurista tornou-se uma realidade: as primeiras pessoas autodeclaradas “ciborgues” tiveram chips implantados em seus corpos para que possam abrir portas e fazer pagamentos eletrônicos. As mais recentes próteses robóticas de mão conseguem executar todos os tipos de apertos e tarefas que requerem destreza. Paratletas equipados com próteses de corrida competem – e vencem – contra os melhores atletas sem o recurso artificial.

Alguns meios de comunicação estão até mesmo prevendo que essas criações de alta tecnologia podem trazer formas de melhoria fisiológica que ofuscariam as capacidades físicas dos seres humanos de maneiras nunca vistas antes. Por exemplo, espera-se que os aparelhos auditivos ofereçam o máximo em audição; os implantes de retina permitirão a visão com uma nitidez que rivaliza com a de qualquer águia; exoesqueletos motorizados transformarão os soldados em incansáveis máquinas de combate.

Apesar de todas essas profecias, nossa transformação robótica em super-heróis não acontecerá no futuro imediato e continuará sendo vista apenas em heróis de Hollywood. Em comparação com a tecnologia disponível hoje, nossos corpos são uma verdadeira maravilha, cuja complexidade e desempenho nos permitem realizar um espectro extremamente amplo de tarefas. Centenas de músculos eficientes, milhares de unidades motoras operando independentemente, junto com milhões de receptores sensoriais e bilhões de células nervosas, nos permitem realizar tarefas delicadas e detalhadas com pinças ou levantar cargas pesadas. Além disso, nosso sistema músculo-esquelético é altamente adaptável, pode se reparar parcialmente e requer apenas quantidades mínimas de energia na forma de quantidades relativamente pequenas de alimentos consumidos.

As máquinas não poderão corresponder a tudo isso tão cedo. Os dispositivos assistenciais de hoje ainda são experimentos de laboratório ou produtos de nicho criados para tarefas muito específicas. Markus Rehm, um atleta com deficiência, não usa sua prótese inovadora para fazer caminhadas ou dirigir um carro. As próteses de braço convencionais de hoje também não podem ajudar uma pessoa a amarrar os sapatos ou a abotoar a camisa. Dispositivos de levantamento utilizados para cuidados de enfermagem não são adequados para ajudar com tarefas de higiene pessoal ou em psicoterapia. E os animais de estimação robóticos perdem rapidamente seu charme no momento em que suas baterias acabam.

Não há como negar que os avanços continuam a ser feitos. Desde as revoluções científicas e industriais, nos tornamos dependentes do progresso e do crescimento de maneira implacável, e não podemos mais separar o mundo de hoje deste desenvolvimento. No entanto, existem questões mais prementes a serem resolvidas do que a criação de super-humanos.

Por um lado, os engenheiros precisam dedicar seus esforços para resolver os problemas reais de pacientes, idosos e pessoas com deficiências. Melhores soluções técnicas são necessárias para ajudá-los a levar uma vida normal e ajudá-los em seu trabalho. Precisamos de próteses motorizadas que também funcionem na chuva e cadeiras de rodas que possam manobrar mesmo com neve no chão. Robôs de auxílio também precisam ser entendidos por aposentados com dificuldades de audição, além de oferecerem interatividade simples e confiável. Suas baterias precisam durar pelo menos um dia inteiro para serem recarregadas durante a noite.

O caminho para uma existência virtualmente sobre-humana ainda está distante e é longo. Quem ler este texto não vai viver para ver isso. Enquanto isso, a tarefa é enfrentar os desafios para simplificar o dia a dia das pessoas de maneira que não seja requerida esta tecnologia, que seja permitido que as pessoas sejam participantes ativas e melhorem sua qualidade de vida – em vez de desperdiçar o tempo com a euforia de ciborgues”.

Acesse a matéria completa da ETH (em inglês).

Fonte: Blog do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), professor Robert Riener. Imagem: Pixabay.

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