Notícia

Pesquisadores da Unifesp desenvolvem primeira córnea artificial nacional

Prótese destinada aos casos de rejeição no transplante de córnea é composta por material biocompatível

Freepik

Fonte

Unifesp | Universidade Federal de São Paulo

Data

sábado, 16 setembro 2023 20:10

Áreas

Bioengenharia. Biomateriais. Biomecânica. Engenharia Biomédica. Medicina. Oftalmologia. Saúde Pública. Transplantes.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país, no mundo, em número de transplantes de órgãos. Em 2022, por exemplo, foram mais de 26 mil cirurgias para reposição de órgãos e tecidos, sendo a mais comum a cirurgia de transplante de córnea (13,98 mil). Mas a rejeição do órgão costuma oscilar ao redor de 15% em diversos centros transplantadores do país e, ainda que possam recuperar a visão com um novo transplante, as chances de sucesso em uma nova cirurgia são menores a cada procedimento.

Para estes casos complexos, a solução costuma ser a ceratoprótese, já implantada em diversos projetos de pesquisa. O modelo mais utilizado no mundo é a ceratoprótese de Boston, que pode ser montada na própria córnea do(a) paciente. A importação destas próteses ocorre através de projetos de pesquisa, ou por via humanitária, aos(às) pacientes que precisam do tratamento – embora existam entraves legais no registro do tratamento junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por isso, pesquisadores do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) decidiram criar uma prótese 100% nacional.

Composta de material biocompatível, polímero de acrílico (PMMA) e titânio 3D impresso,a prótese possui outros diferenciais: tem custo reduzido e se adapta à córnea danificada do próprio paciente, dispensando doadores.

Liderado pelos professores Dr. Paulo Schor e Dr. José Álvaro Gomes Pereira, além do pós-doutorando Otávio Magalhães, o projeto visa solucionar tanto o problema da importação quanto o da rejeição. Tais próteses, capazes de se integrar perfeitamente ao tecido receptor, diminuem a possibilidade de rejeição ao transplante. São, por isso, indicadas para pessoas com histórico de múltiplas rejeições ao transplante, ou para casos em que há grande chance de isso acontecer, sendo encaixada em uma córnea doada que é implantada no paciente.

Em relação à rejeição da córnea transplantada, o Dr. Otávio Magalhães explicou: “O olho tem um mecanismo próprio de defesa que isola quaisquer corpos estranhos. Não se trata de rejeição sanguínea, pois não há vasos sanguíneos que chegam na região. Quando há uma queimadura química ou vascularização da área, o sistema imune do(a) paciente identifica a córnea estranha e a ataca”.

A queimadura química nos olhos pode ser causada por diversos eventos, como acidentes domésticos envolvendo crianças e uso de cosméticos. Porém, a maioria das vítimas são pessoas que sofreram acidentes de trabalho, como trabalhadores da indústria química. Além disso, o transplante de córnea acontece, também, em pessoas acometidas por herpes na região ocular. “Pacientes assim podem fazer três ou quatro transplantes, e só têm rejeição, deixando cicatrizes e aumentando a vascularização, diminuindo cada vez mais as chances de sucesso da [próxima] cirurgia”, relatou o pesquisador.

“Em um paciente com queimadura química, por exemplo, a chance de um transplante de córnea ter sucesso é menor que 10%. Com uma ceratoprótese, porém, essa chance aumenta para perto de 60%”, explicou. Mas os pesquisadores frisam que a ceratoprótese não substitui o transplante de córnea, e deve ser considerada apenas um complemento. “Ela é destinada justamente para casos em que o prognóstico do transplante de córnea é baixo. Ou seja, para uma pequena parcela dos pacientes (felizmente) que terá poucas chances de sucesso do transplante de córnea”, concluiu o pesquisador.

O Dr. Paulo Schor contextualizou que a pesquisa foi desenvolvida com o apoio da Agência de Inovação Tecnológica e Social da Unifesp), mas destacou que a prótese produzida no Brasil ainda não tem registro da Anvisa.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de São Paulo.

Fonte: Valquíria Carnaúba, Unifesp. Imagem: Freepik.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account