Notícia

Pesquisadores analisam as alterações cerebrais associadas à fibromialgia juvenil

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Fonte

Universidade de Barcelona

Data

quarta-feira, 23 fevereiro 2022 12:20

Áreas

Dor. Medicina. Pediatria. Saúde Pública.

A fibromialgia juvenil é uma síndrome caracterizada por dor crônica que afeta todo o corpo. Além disso, causa fadiga e distúrbios do sono e do humor. Afeta crianças e adolescentes, especialmente meninas, em todo o mundo e se manifesta durante um período crítico do desenvolvimento cerebral. Analisar as alterações cerebrais que ocorrem nos estágios iniciais da fibromialgia juvenil poderia ajudar a compreender melhor a fisiopatologia dessa síndrome, que até agora não havia sido abordada nessa perspectiva.

Um estudo publicado na revista científica Arthritis and Rheumatology caracteriza pela primeira vez as alterações no volume da massa cinzenta de adolescentes acometidos pela fibromialgia juvenil, analisando sua relevância funcional e clínica. O trabalho contribuirá para identificar potenciais fatores de risco que ajudarão a testar a eficácia de diferentes tratamentos para reverter essas alterações cerebrais. Esta nova pesquisa é liderada pela pesquisadora de pós-doutorado Maria Suñol e pela professora Dra. Marina López Solà, do Laboratório de Neurociências da Dor e Emoção da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde e do Instituto de Neurociências da Universidade de Barcelona, na Espanha.

No trabalho, no qual são aplicadas várias técnicas de estudo em neurofisiologia, participaram 34 adolescentes afetadas por essa patologia e um grupo controle de 38 adolescentes sem a fibromialgia. A nova pesquisa foi realizada em colaboração com os professores Dra. Susmita Kashikar-Zuck e Dr. Robert Coghill, do Cincinnati Children’s Hospital, nos Estados Unidos.

Fibromialgia juvenil: cérebro, autopercepção e emoções

O estudo revelou que adolescentes com fibromialgia juvenil têm menos massa cinzenta no córtex cingulado anterior e médio, uma região cerebral crítica para o processamento da dor. Essa característica pode estar relacionada ao uso excessivo dos circuitos cerebrais responsáveis ​​pelo processamento da dor e, portanto, aponta para a existência de uma reorganização desses circuitos neuronais.

Os pacientes mais acometidos pela doença —e com maiores sintomas— também apresentam aumento de volume nas regiões frontais do cérebro que estão relacionadas à criação de narrativas sobre si mesmo e ao processamento e regulação das emoções.

Esse aumento de volume poderia refletir uma certa imaturidade no processo de desenvolvimento dos circuitos frontais envolvidos na emoção e na linguagem. “Essas descobertas reforçam a necessidade de considerar estratégias terapêuticas que visem modular a atividade desses circuitos para reverter as narrativas nocivas que os pacientes podem ter sobre si mesmos”, explicou a Dra. Maria Suñol, primeira autora do artigo.

Também foi constatado que algumas alterações cerebrais relacionadas à fibromialgia juvenil coincidem com aquelas identificadas em mulheres adultas com fibromialgia. “Isso sugere que ambas as síndromes compartilham parte da fisiopatologia. Por isso, é importante promover o estudo precoce e orientado da patologia em adolescentes para evitar a transição da fibromialgia juvenil para a adulta”, destacou a professora López Solà.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Barcelona (em espanhol).

Fonte: Universidade de Barcelona. Imagem: Divulgação.

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