Notícia

Pesquisa retrata principais aspectos associados à depressão pós-parto

Violência obstétrica, uso de álcool e tabaco e presença de doença psiquiátrica prévia são alguns dos fatores associados à doença, que atinge 1 em cada 4 puérperas

Nathan Dumlao via Unsplash

Fonte

UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Data

sexta-feira, 11 fevereiro 2022 11:05

Áreas

Medicina. Saúde da Criança. Saúde da Mulher.

Em uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foram analisados casos de depressão pós-parto em puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) e foram identificados fatores associados a esse diagnóstico. Depois de entrevistar 287 mulheres atendidas em dois hospitais de Porto Alegre, as pesquisadoras constataram que maus-tratos durante o parto, vulnerabilidade social, história psiquiátrica prévia e gestação não planejada são alguns dos principais aspectos associados aos casos depressivos.

A equipe de pesquisadoras entrevistou a domicílio as participantes do estudo, com perguntas sobre aspectos sociodemográficos, histórico de saúde, antecedentes obstétricos, características do pré-natal e do parto. A Dra. Camila Giugliani, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS e coordenadora do estudo, explicou que, a partir das respostas obtidas, as participantes foram avaliadas conforme a escala de depressão de Edimburgo, um método cujo objetivo é detectar os sintomas da depressão pós-parto. A escala é composta por dez tópicos avaliativos, com um score de zero a três cada, a respeito do comportamento da mulher uma semana depois de dar à luz. Caso a pontuação final ultrapassasse 10, a mulher necessitaria receber uma análise mais profunda, por apresentar sintomas em demasia.

O estudo revelou que uma a cada quatro puérperas são diagnosticadas com depressão pós-parto, doença que também afeta o bebê, podendo comprometer seu desenvolvimento social, cognitivo, emocional e físico. Os resultados das amostras realizadas na pesquisa destacaram que 14,3% das entrevistadas pontuaram dez pontos ou mais na escala de Edimburgo, 12,2% com 11 pontos ou acima e 10,5% com 12 pontos ou superior a essa pontuação.

Além das entrevistas, as participantes receberam um questionário abrangendo temáticas relacionadas ao pré-natal, ao parto e à amamentação, como grau de informação obtida, privacidade e segurança durante o parto. “Perguntamos se se sentiram desrespeitadas, maltratadas, humilhadas em algum momento do parto. Eram perguntas para termos uma avaliação da violência obstétrica, que é um dos assuntos que também me interessa bastante. No perfil da participante, avaliamos aspectos de escolaridade, família e saúde”, destacou a professora.

Entre os fatores associados aos casos depressivos, a pesquisadora destaca maus-tratos durante o parto, vulnerabilidade social, baixo suporte social, história psiquiátrica prévia, gestação não planejada, mulheres autodeclaradas pardas e uso de álcool e tabaco como os principais. “Mulheres que moram com companheiro, por exemplo, tiveram uma ocorrência menor de depressão pós-parto. E outras que passaram por situações desfavoráveis no processo de parto, como aquelas que solicitaram analgesia no parto e não receberam, ou as que passaram por episiotomia sem consentimento, estavam mais propensas à doença”, afirmou a professora Camila. As mulheres que não passaram por violência obstétrica, as que compreenderam melhor as informações passadas pela equipe de saúde e que tiveram uma melhor experiência no pré-natal e no parto demonstraram menos sintomas depressivos.

“Existem muitas oportunidades de melhorar. Falhas de comunicação, de acesso, de estrutura, muitas coisas que as mulheres passam nesse período que não precisavam passar. Inclusive, situações de violência. Então a gente decidiu basear nossa pesquisa nesses pilares para podermos intervir nesses fatores e melhorar a experiência de parto das mulheres”, comentou a cientista.

Em 2011, foi instituída no Sistema Único de Saúde a Rede Cegonha, que garante o direito às mulheres ao serviço de qualidade, segurança e humanizado, oferecendo assistência desde o planejamento familiar até os dois primeiros anos de vida da criança. A professora Camila ressaltou, entretanto, que o atendimento em saúde reprodutiva ainda apresenta vários desafios e precisa receber mais cuidados e atenção.

As pesquisadoras também utilizaram a mesma amostra para avaliar fatores associados à satisfação das puérperas sem diagnóstico de depressão pós-parto com os atendimentos pré-natais. Nessa análise, foi observado que serviços pré-natais que oferecem cuidado multiprofissional e a possibilidade de a paciente tomar decisões sobre os atendimentos prestados a ela resultam em maior satisfação.

Acesse a notícia completa no Portal Ciência do Jornal da Universidade da UFRGS.

Fonte: Nathan Dumlao via Unsplash.

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