Notícia

Laboratório usa plantas da Amazônia para desenvolver substâncias contra malária

Pesquisa isola princípios ativos para cura e prevenção da doença

Fonte

Agência Brasil (EBC)

Data

sábado, 2 maio 2015 12:35

Áreas

Farmacologia. Indústria Farmacêutica.

As pesquisas para o desenvolvimento de medicamentos contra a malária a partir de substâncias extraídas de plantas da Amazônia brasileira estão avançadas. Os pesquisadores do Laboratório de Princípios Ativos da Amazônia (Lapaam), que faz parte do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), dispõem de cerca de seis substâncias isoladas bem caracterizadas, capazes de matar os parasitas da malária.

A informação é do farmacêutico Dr. Luiz Francisco Rocha, responsável pela área de farmacologia do Lapaam. Um artigo com os resultados recentes das pesquisas do laboratório foi aceito para publicação na Antimicrobial Agents and Chemotherapy, uma revista de prestígio no meio científico, em biotecnologia, farmácia e química.

Rocha conta que, desde 2000, o professor e pesquisador Dr. Adrian Martin Pohlit, coordenador do laboratório, se propôs a estudar as plantas que os moradores utilizavam contra a malária. Das cerca de 40 espécies encontradas, 15 substâncias bioativas foram isoladas e seus efeitos são pesquisados pelo Lapaam. “Selecionado um grupo de plantas, foram preparados extratos vegetais, analisados quimicamente, e depois fizemos estudos farmacológicos. Porque uma coisa é a população utilizar e dizer que é eficaz, e outra é isolar o princípio ativo e mostrar que tem atividade. Nós conseguimos isso”, disse o Dr. Luiz Rocha.

O Laboratório de Malária e Dengue do Inpa também atua nas pesquisas, em parceria com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas.

Entre as substâncias mais promissoras está o 4-nerolidilcatecol (4-NC), extraído da Piper peltatum, uma planta medicinal popularmente conhecida como caapeba-do-norte ou pariparoba. Seu chá é utilizado no tratamento da malária, dificuldades de digestão, infecções no sistema urinário, febre e picadas de inseto, entre outras aplicações.

Segundo o Dr. Luiz Rocha, não é possível precisar quando o medicamento estará disponível, o que também depende do interesse da indústria farmacêutica, mas várias etapas importantes já foram cumpridas. “Para o desenvolvimento de drogas, é necessário testar in vitro nos parasitas, depois em animais, analisamos a toxidade, e todos esses testes já foram feitos. A substância não é tóxica para as pessoas, só mata o parasita”, explicou.

A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles e apresenta cura se for tratada de forma correta e a tempo. Os parasitas se depositam no fígado da pessoa infectada, onde amadurecem e se reproduzem. A doença pode evoluir para a forma grave e até matar.

A maioria dos casos de malária se concentra na região amazônica, área endêmica para a doença. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, segundo o Ministério da Saúde, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade maior que na Amazônia.

Para o farmacêutico do Lapaam, os resultados obtidos são importantes pois mostram o potencial farmacológico da região e a possibilidade de utilizar os recursos naturais de forma sustentável, agregando valor à floresta, além de dar visibilidade à pesquisa na região, que é tão escassa de recursos.

O Lapaam também pesquisa o potencial antimalárico em plantas como a carapanaúba (Aspidosperma vargasii), a caferana (Picrolemma sprucei), a acariquara vermelha (Minquartia guianensis) e a andiroba (Carapa guianensis).

O Dr. Luiz Francisco Rocha conta ainda que, recentemente, o laboratório começou a avaliar a ação das substâncias também para a prevenção da malária.

Fonte: Andreia Verdélio e Denise Griesinger, Agência Brasil (EBC)

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