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Estudo conclui que um em cada três pais interpreta mal o peso dos seus filhos

Pesquisa pretendeu avaliar se a percepção que os pais têm sobre o peso dos seus filhos era influenciada por características das crianças e socioeconômicas

Freepik

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

quarta-feira, 19 fevereiro 2020 07:40

Áreas

Medicina. Pediatria. Saúde Pública.

32,9% dos pais interpretam mal o peso dos seus filhos (30,6% subestimam e 2,3% sobrestimam), praticamente um em cada três, revela um estudo publicado na revista científica American Journal of Human Biology.

Conduzido pela Dra. Daniela Rodrigues, Dr. Aristides Machado-Rodrigues e Dra. Cristina Padez, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), o estudo teve dois grandes objetivos: analisar a concordância entre o perfil nutricional das crianças e a percepção que os pais têm do peso delas; e observar se a subestimação do peso estava de algum modo associada ao risco da criança ter excesso de peso/obesidade.

A pesquisa, que pretendeu ainda avaliar se a percepção que os pais têm sobre o peso dos seus filhos era influenciada por características das crianças e socioeconômicas, envolveu 793 pais e seus respectivos filhos (com idades compreendidas entre 6 e 10 anos).

“Verificamos que mais de 30% dos pais não identificou corretamente o prfil nutricional dos filhos, sendo que a maior parte subestimou. A subestimação foi substancialmente maior conforme o peso dos filhos, ou seja, vários pais com filhos com excesso de peso classificaram o peso dos filhos como normal e, principalmente, pais com crianças obesas reportaram que as crianças tinham apenas um pouco de peso acima do recomendado”, diz a Dra. Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo científico e pesquisadora do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da FCTUC.

E é nas classes sociais mais baixas que os pais mais subestimam o peso das suas crianças, especialmente das meninas: “ter pais com menor perfil socioeconômico e mães com excesso de peso aumenta a probabilidade de subestimar o peso dos filhos, principalmente entre as meninas”, destaca a pesquisadora.

No que se refere ao objetivo de observar se a subestimação do peso estava de algum modo associada ao risco da criança ter excesso de peso/obesidade, os pesquisadores verificaram que “pais que subestimam o peso dos filhos têm 10 a 20 vezes mais probabilidade de terem filhos com excesso de peso ou obesidade, o que tem sido associado a um conjunto de problemas de saúde física e mental, não só na infância mas que permanecem na idade adulta”, ponderam os especialistas.

Analisando as conclusões do estudo, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a Dra. Daniela Rodrigues defende que “é urgente ajudar os pais a identificar corretamente o excesso de peso e a obesidade dos filhos para que possam recorrer à ajuda dos profissionais de saúde e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da criança”.

“O primeiro passo para alterar comportamentos de risco associados à obesidade (dietas ricas em gorduras saturadas e açucares, inatividade física, comportamentos sedentários, e outros) é perceber a necessidade de alterar esses mesmos comportamentos, identificando corretamente o perfil nutricional da criança”, acrescenta a Dra. Daniela.

No artigo publicado, os pesquisadores apresentam ainda algumas explicações para os resultados do estudo.  “Os pais podem não saber identificar o que é excesso de peso ou obesidade. Por outro lado, em uma altura em que a prevalência de excesso de peso e obesidade afeta cerca de um terço das crianças, os pais podem “normalizar” o excesso de peso, porque é o que mais encontram nas crianças que os rodeiam”, destaca a pesquisadora da FCTUC.

“Acreditamos ainda que a maior parte dos pais prefere não identificar a criança como tendo peso acima do recomendado por uma questão de enviesamento social, evitando os estereótipos associados ao excesso de peso e obesidade”, conclui a Dra. Daniela.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Cristina Pinto, Universidade de Coimbra. Imagem: Freepik.

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