Notícia

Estratégia inovadora pode ajudar a formação de novos vasos sanguíneos no coração

Pesquisadores demonstraram que o “conteúdo” dos exossomas varia com as condições a que o coração é sujeito

Marta Costa, Universidade de Coimbra.

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

quarta-feira, 26 julho 2017 18:00

Áreas

Medicina. Cardiologia. Biotecnologia.

Um estudo internacional, liderado pelo Dr. Henrique Girão, professor e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), permitiu descobrir como induzir a formação de novos vasos sanguíneos no coração, usando exossomas produzidos por células em cultura. Com os resultados deste estudo, abre-se caminho para abordagens terapêuticas inovadoras no tratamento de doenças cardiovasculares.

Os exossomas são pequenas vesículas sinalizadoras que permitem a comunicação e partilha de informação entre células, órgãos e tecidos. Uma vez que podem ser encontrados na maioria dos fluidos biológicos, incluindo sangue, urina e saliva, estes exossomas têm merecido uma grande atenção por parte da comunidade científica, dado o seu enorme potencial terapêutico e de diagnóstico.

Neste estudo, os pesquisadores demonstraram que o “conteúdo” destas pequenas vesículas varia com as condições a que o coração é sujeito. Ou seja, a informação veiculada pelos exossomas é determinada pelos estímulos, ou danos, induzidos no coração, como é o caso da isquemia, que leva ao enfarte do miocárdio.

Assista ao vídeo sobre a pesquisa:

 

A partir desta informação, a equipe descobriu que exossomas liberados por células do músculo cardíaco sujeitas a isquemia têm a capacidade de liberar sinais que promovem o crescimento de novos vasos sanguíneos no coração.

As células do músculo cardíaco “quando deixam de ser devidamente alimentadas, por privação de nutrientes e oxigénio, devido à obstrução de um vaso sanguíneo, emitem pedidos de ajuda com o objetivo de estimular o crescimento de novos vasos sanguíneos que possam compensar os que se encontram bloqueados ou disfuncionais, permitindo desta forma restabelecer a circulação sanguínea e a função cardíaca”, explica o coordenador do estudo, Dr. Henrique Girão.

Assim, prossegue o pesquisador da FMUC, “começamos por identificar o tipo de mensagem que é emitido pelas células do músculo cardíaco, quando expostas a condições adversas. Depois, demonstramos que são exossomas ricos em determinadas moléculas reguladoras, denominadas miRNA, os responsáveis por induzir os mecanismos que levam ao crescimento de novos vasos sanguíneos, num processo designado angiogênese”.

O estudo foi mais longe e, simulando em laboratório o que acontece no coração em isquemia, a equipe isolou os exossomas liberados pelas células danificadas, mantidas em cultura, e aplicou-os no coração de camundongos em laboratório, através de uma injeção intracardíaca. Ao fim de um mês, os corações dos animais sujeitos a este tratamento apresentavam mais vasos sanguíneos, registando-se uma melhoria da função cardíaca em comparação com os “corações de controle”, em que os camundongos foram injetados com exossomas produzidos por células mantidas em condições “saudáveis”.

Esta descoberta, já publicada na revista científica Cardiovascular Research, pode “abrir portas a abordagens terapêuticas inovadoras para tratar doenças do coração provocadas por disfunção vascular como, por exemplo, no caso do enfarte do miocárdio, a principal causa de morbilidade e mortalidade em todo o mundo. Além das doenças cardíacas, esta abordagem poderá ser útil em outras patologias em que a terapia passe pela promoção do crescimento de novos vasos”, observa o pesquisador.

O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e por fundos europeus e teve a participação de pesquisadores do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC) da Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Medicina Molecular (IMM), I3S da Universidade do Porto, Imperial College de Lonfres e Faculdade de Medicina da Universidade de Genève.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Fonte: Cristina Pinto, Universidade de Coimbra. Imagem: Marta Costa, Universidade de Coimbra.

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