Notícia

Equipamento detecta doenças neurodegenerativas no início

Tomógrafo experimental desenvolvido em Portugal tem resolução superior aos que estão no mercado

Adriano Miranda

Fonte

Jornal Público, Portugal

Data

segunda-feira, 4 janeiro 2016 21:33

Áreas

Imagens e Diagnóstico. Processamento de Imagens. Oncologia. Bioeletrônica. Física Médica.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) em Coimbra, Portugal, estão desenvolvendo um novo tomógrafo, especializado em produzir imagens médicas para pesquisa e diagnóstico nas áreas de oncologia, cardiologia e neurologia. O protótipo utiliza moléculas com átomos radioativos que podem sinalizar objetos específicos importantes para a medicina como tumores e a beta-amilóide – uma proteína que se associa à doença de Alzheimer – entre outros.

Dr. Miguel Castelo-Branco, diretor do ICNAS, explica a importância deste aparelho de tomografia por emissão de pósitrons (conhecido pela sigla em inglês PET, de “Positron Emission Tomography”). “É novo porque tem uma resolução superior às tecnologias que estão no mercado. Tem uma resolução de cerca de 0,4 milímetros”, explica.  A resolução de um aparelho representa a sua capacidade em distinguir dois pontos. Um tomógrafo capaz de criar imagens com um milímetro de resolução consegue distinguir pormenores maiores do que um milímetro; um tumor menor do que um milímetro escapa às máquinas comuns. “Se não tivermos uma tecnologia com resolução superior, não identificamos a doença”, explica o pesquisador. “Este aparelho permite identificar o início das doenças”, diz o Dr. Miguel, explicando que esta capacidade é especialmente importante para a detecção das doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer ou a doença de Parkinson.

Estas duas doenças têm origem em alterações no cérebro, um órgão que conta com estruturas muito pequenas. Para distinguir estas estruturas é necessário um tomógrafo com detectores de imagens mais poderosos, como o que foi criado no ICNAS, o que só foi possível graças a uma parceria com o físico Paulo Fonte, professor no Instituto Superior de Engenharia do Instituto Politécnico de Coimbra e pesquisador no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas de Coimbra (LIP).   

Até o momento, o tomógrafo só pode ser usado em roedores, para pesquisas. Não tem dimensões adequadas nem está preparado para o uso em humanos. Mas é uma demonstração da capacidade inovadora do ICNAS. “Temos psicólogos, engenheiros, médicos, farmacêuticos, físicos”, diz o Dr. Miguel Castelo-Branco. “Reunimos as disciplinas todas e fazemos pesquisa translacional.” Ou seja, os pesquisadores utilizam as descobertas feitas na pesquisa básica para resolver problemas de medicina, neste caso desenvolvendo um novo tomógrafo.

O aparelho resulta do trabalho dos físicos do LIP que pesquisam na área dos detectores há mais de uma década, mas também do saber da matemática e do conhecimento aplicado da medicina. Para construir o tomógrafo, foi necessário “a tecnologia dos detectores, algoritmos de reconstrução de imagem e algoritmos de processamento de imagem”, enumera o diretor. Um exemplo é um algoritmo criado pela equipe, usado quando o tomógrafo produz imagens de ratos para pesquisa da doença de Parkinson, onde os neurónios que produzem a dopamina, uma substância importante para o cérebro, vão morrendo: “Temos um matemático que quantificou a dopamina que está sendo sintetizada.”

O próximo passo para este projeto é redimensionar o protótipo para humanos só para imagens de cérebro. Segundo o Dr. Miguel Castelo-Branco, o ICNAS e o LIP candidataram-se a financiamento europeu pelo programa da Comissão Europeia Future & Emerging Technologies, dedicado a projetos novos na área da ciência e tecnologia com um impacto potencial na sociedade. “O desafio é só uma questão de escala”, diz o Dr. Miguel, adiantando que todos os problemas técnicos já ficaram resolvidos quando se construiu a versão para animais.

Fonte: Nicolau Ferreira, Jornal Público, Portugal. Imagem: Adriano Miranda.

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