Notícia

Durante anestesia geral, 1 em cada 10 pessoas pode estar ‘consciente’ após intubação

Consciência conectada: estudo internacional descobriu que cerca de 1 em cada 10 participantes sob anestesia geral foram capazes de responder a comandos, mas nenhum se lembrou dos comandos após a cirurgia

Getty Images

Fonte

Universidade de Sydney

Data

domingo, 29 maio 2022 14:45

Áreas

Anestesiologia. Engenharia Biomédica. Medicina. Medicina Intensiva. Neurociências.

Um estudo internacional descobriu que cerca de 1 em cada 10 participantes sob anestesia geral planejada foram capazes de responder a comandos. É importante ressaltar que nenhum paciente se lembrou dos comandos após a cirurgia. Os pesquisadores dizem que o estudo lança luz sobre um fenômeno médico conhecido como ‘consciência conectada’.

A ‘consciência conectada’ ocorre quando as pessoas sob anestesia geral são capazes de responder a estímulos externos, como dor, mas podem não ser capazes de se lembrar do evento depois. Estudos anteriores mostraram que isso ocorreu em 5% dos anestésicos gerais, mas os pesquisadores estão preocupados que isso esteja acontecendo com mais frequência em jovens e esteja ligado ao sexo biológico.

Uma investigação internacional de ‘consciência conectada’ em 338 pacientes com idades entre 18 e 40 anos sob anestesia geral descobriu que 1 em cada 10 pacientes respondeu aos comandos após a intubação, mas antes do início da cirurgia. Quase metade daqueles que responderam aos comandos também responderam para confirmar que estavam com dor.

Um achado surpreendente foi que o risco de responder sob anestesia geral após a intubação foi três vezes maior no sexo feminino. Felizmente, ninguém se lembrou dos comandos, embora uma pessoa (0,3% dos participantes) relatou ser capaz de se lembrar claramente da experiência da cirurgia após o término do procedimento.

Existem diferentes abordagens para induzir anestesia para permitir a intubação. Às vezes, os pacientes recebem uma dose única de anestésico para ajudá-los a perder a consciência e depois um medicamento adicional.

O estudo descobriu que manter um nível contínuo de anestesia antes da intubação diminuiu o risco de ‘consciência conectada’ nos pacientes.

As descobertas, publicadas na revista científica British Journal of Anaesthesia, são o maior estudo de coorte internacional desse tipo, envolvendo 338 participantes e 10 hospitais na Austrália, Bélgica, Alemanha, Israel, Nova Zelândia e Estados Unidos. “Os dados do estudo nos deram um ponto de partida crucial para melhorar nossa compreensão da ‘consciência conectada’. Os pacientes esperam ficar inconscientes sob anestesia e não sentir dor, e isso demonstra por que a pesquisa em anestesia é tão importante”, disse o professor Dr. Robert Sanders, autor sênior do estudo. O professor Sanders é anestesista da Universidade de Sydney e do Royal Prince Alfred Hospital, na Austrália. Nenhum dos pacientes recrutados era do Royal Prince Alfred Hospital.

“O objetivo não é desencorajar as pessoas de cirurgias sob anestesia geral – é muito importante notar que os pacientes não se lembram de responder aos comandos. Também foi reconfortante ver que, se as drogas anestésicas forem administradas continuamente no período de tempo entre a indução da anestesia e a intubação, o risco de consciência conectada foi bastante reduzido. Esta pesquisa também destaca a necessidade de entender melhor como diferentes pessoas respondem à medicação anestésica. Há uma necessidade urgente de mais pesquisas sobre as diferenças biológicas, particularmente o sexo, que podem influenciar a sensibilidade à medicação anestésica”, disse o professor Sanders.

Principais conclusões

O estudo envolveu pacientes de 18 a 40 anos submetidos à anestesia geral e intubação. Enquanto sob anestesia geral, os pesquisadores investigaram se os pacientes estavam experimentando ‘consciência conectada’, fazendo uma série de perguntas e testando se o paciente poderia responder a comandos falados, como ‘aperte minha mão’ e ‘aperte minha mão duas vezes se estiver sentindo dor’.

  • 11% dos participantes responderam aos comandos sob anestesia geral.
  • As mulheres estiveram três vezes mais propensas a responder do que os homens (razão de chances de 2,7)
  • metade dos 11% dos participantes que responderam aos comandos também indicaram que estavam com dor.

O Dr. Richard Lennertz, autor principal do estudo e professor do Departamento de Anestesiologia da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, disse: “É importante enfatizar a segurança geral da anestesia. Os pacientes não tinham memória dessas experiências após a cirurgia. Este estudo destaca um compromisso contínuo com a segurança do paciente em anestesiologia e uma oportunidade para melhorias adicionais no atendimento ao paciente”.

“Neste estudo, confirmamos que o estado de consciência conectada ocorre frequentemente após a intubação em pacientes mais jovens. Identificamos uma grande variação na prática em torno do momento da intubação, o que pode explicar por que algumas das respostas foram possíveis. A maior incidência em mulheres também é muito interessante e estamos ansiosos para explorar as razões por trás disso”, concluiu a Dra. Amy Gaskell, coautora do estudo e pesquisadora do Hospital Waikato, naNova Zelândia.

(Conflito de interesse: O Dr. Aeyal Raz, coautor do estudo e professor de Anestesiologia do Instituto de Tecnologia de Israel – Technion, atua como consultor da Medtronic e Neuroindex).

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Sydney (em inglês).

Fonte: Ivy Shih, Universidade de Sydney. Imagem: Getty Images.

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