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Descoberta revela que bloquear inflamação pode levar à dor crônica

Fonte

Universidade McGill

Data

segunda-feira. 16 maio 2022 20:10

O uso de anti-inflamatórios e esteroides para aliviar a dor pode aumentar as chances de desenvolver dor crônica, de acordo com pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, e colegas pesquisadores na Itália.

A pesquisa questiona as práticas convencionais usadas para aliviar a dor: a recuperação normal de uma lesão dolorosa envolve inflamação e o bloqueio dessa inflamação com medicamentos pode levar a uma dor mais difícil de tratar.

“Por muitas décadas, tem sido prática médica padrão tratar a dor com medicamentos anti-inflamatórios. Mas descobrimos que essa correção de curto prazo pode levar a problemas de longo prazo”, disse o Dr. Jeffrey Mogil, professor do Departamento de Psicologia da Universidade McGill.

A diferença entre pessoas que melhoram e não

No estudo, publicado na revista científica Science Translational Medicine, os pesquisadores examinaram os mecanismos da dor em humanos e camundongos. Eles descobriram que os neutrófilos – um tipo de glóbulo branco que ajuda o corpo a combater infecções – desempenham um papel fundamental na resolução da dor.

“Ao analisar os genes de pessoas que sofrem de dor lombar, observamos mudanças ativas nos genes ao longo do tempo em pessoas cuja dor desapareceu. Alterações nas células do sangue e sua atividade pareciam ser o fator mais importante, especialmente nos neutrófilos”, disse a Dra. Luda Diatchenko, professora da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Odontologia da Universidade McGill e ocupante da Cátedra de Pesquisa em Genética da Dor Humana.

A inflamação desempenha um papel fundamental na resolução da dor

“Os neutrófilos dominam os estágios iniciais da inflamação e preparam o cenário para o reparo do dano tecidual. A inflamação ocorre por um motivo, e parece que é perigoso interferir nela”, disse o professor Jeffrey Mogil.

O bloqueio experimental de neutrófilos em camundongos prolongou a dor em até dez vezes a duração que seria normal. O tratamento da dor com anti-inflamatórios e esteroides como dexametasona e diclofenaco também produziu o mesmo resultado, embora tenham sido eficazes contra a dor no início.

Essas descobertas também são apoiadas por uma análise separada de 500.000 pessoas no Reino Unido que mostrou que aqueles que tomavam medicamentos anti-inflamatórios para tratar sua dor eram mais propensos a ter dor dois a dez anos depois, um efeito não observado em pessoas que tomavam paracetamol ou antidepressivos.

Reconsiderando o tratamento médico padrão da dor aguda

“Nossas descobertas sugerem que pode ser hora de reconsiderar a maneira como tratamos a dor aguda. Felizmente, a dor pode ser eliminada de outras maneiras que não envolvem interferir na inflamação”, disse o Dr. Massimo Allegri, médico do Hospital Policlínico de Monza, na Itália, e do Ensemble Hospitalier de la Cote, na Suíça.

“Descobrimos que a resolução da dor é, na verdade, um processo biológico ativo. Essas descobertas devem ser seguidas por estudos clínicos comparando diretamente medicamentos anti-inflamatórios a outros analgésicos que aliviam dores, mas não interrompem a inflamação”, concluiu a Dra. Luda Diatchenko.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade McGill (em inglês).

Fonte: Shirley Cardenas, Universidade McGill.

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