Notícia

Aluno da UFC com paralisia cerebral cria dispositivos que permitem uso de computadores por pessoas com deficiência

Os inventos são um mouse fabricado a partir de impressora 3D, um novo editor de textos e um dispositivo para servir de alternativa ao teclado convencional, todos eles com sistemas adaptados a pessoas com necessidades especiais

Divulgação, UFC

Fonte

Agência UFC

Data

quinta-feira, 11 novembro 2021 07:00

Áreas

Engenharia Biomédica. Inclusão Social.

Adaptação foi a palavra que o engenheiro Francisco Prado Júnior compreendeu, ao longo de sua juventude, como a solução para os obstáculos que a vida lhe colocou. Com paralisia cerebral desde que nasceu, o mestre recém-diplomado em Engenharia Elétrica e de Computação no Campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral tomou as dificuldades que encontrou em seu caminho como motivação para desenvolver dispositivos que facilitassem a inclusão digital de outras pessoas que, assim como ele, convivem com deficiências motoras.

Juntamente à equipe do Grupo de Tecnologias Assistivas e Educacionais (TAE) do Campus da UFC em Sobral, o engenheiro elaborou três novos dispositivos que prometem derrubar ou ao menos reduzir as barreiras tecnológicas para pessoas com deficiência. Tendo como grande vantagem o baixo custo, as tecnologias estão em fase de aperfeiçoamento, e Francisco Júnior já mira as perspectivas de comercialização.

Os inventos são um mouse fabricado a partir de impressora 3D, um novo editor de textos e um dispositivo para servir de alternativa ao teclado convencional, todos eles com sistemas adaptados a pessoas com necessidades especiais. A empreitada começou desde a graduação, quando Francisco cursava Engenharia de Computação no mesmo campus.

“Desde o nascimento, minha vida estudantil sempre foi muito difícil. Por causa da minha condição motora, eu não consigo escrever a punho. Como sou de uma família carente, meus pais não tinham condições de comprar um computador na época, então sempre estudei sendo ajudado pelos colegas e pelos professores. Os colegas faziam anotações pra mim, os professores sempre davam uma maneira de fazer avaliações adaptadas, de forma oral. Então, a educação sempre teve um sentido adaptativo no meio onde eu estudava”, relembrou o engenheiro.

Essa vontade de inovar para ampliar as possibilidades de inclusão de pessoas com deficiência o levou ao mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação (PPGEEC) da UFC. Nele, junto à equipe do Grupo TAE, Francisco Júnior trabalhou nas três novas tecnologias assistivas, que se complementam para facilitar o uso de computadores por esse público.

Novas tecnologias

A primeira delas é o aperfeiçoamento do AdaptMouse, o mouse criado na graduação, que agora é feito a partir de uma impressora 3D. A tecnologia beneficia pessoas com mobilidade reduzida nos membros superiores, como as que têm paralisia cerebral. Em 2019, o projeto ganhou a competição Maker Challenge, do Governo do Estado do Ceará, recebendo um ano de incubação gratuita no Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC).

Além das complicações em manusear o mouse, muitas pessoas com deficiência motora nos membros superiores têm dificuldade para usar o teclado convencional, em virtude da localização de algumas teclas e também pela exatidão necessária em pressionar a tecla com o caractere desejado. Os dois outros dispositivos criados têm como objetivo superar esse contratempo.

Foi desenvolvido, portanto, um editor de textos adaptado para ser empregado com o referido mouse. Com uma interface simples semelhante a um editor de texto convencional, ele utiliza um sistema de detecção de movimentos da mão para a escrita de caracteres, recorrendo a apenas três movimentos de mão para essa ação.

O terceiro dispositivo é exatamente esse sistema de detecção de movimentos, aplicado para substituir o teclado no controle do editor de texto. Para isso, foram operadas técnicas de aprendizagem de máquina para a aquisição e classificação de sinais eletromiográficos (EMG), que são sinais biológicos (produzidos pelo corpo humano) detectados sob a área de alcance de eletrodos. Esses sinais já vêm sendo constantemente usados para a criação de novas interfaces com diversas utilizações, como controle de próteses e cadeiras de rodas motorizadas.

O desenvolvimento desses dois últimos dispositivos elaborados pelo Grupo TAE está descrito em artigo publicado na revista científica IEEE Latin America Transactions.

“Esse sistema tem como objetivo controlar o computador (ou qualquer outro sistema computadorizado) apenas utilizando estímulos musculares, usando movimentos de mão para a produção dos sinais”, resumiu Francisco Prado Júnior. Segundo ele, já existem propostas similares, como a utilização de sinais ópticos e cerebrais. Entretanto, tais projetos possuem, em geral, custo elevado ou ainda estão em fase de estudos. “A proposição é que o sistema atue em conjunto com o editor de textos desenvolvido, podendo ser usado de maneira conformável e prática pelo usuário”, concluiu o engenheiro.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Sérgio de Sousa, Agência UFC. Imagem: Divulgação, UFC.

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