Notícia

Tratamento experimental da depressão tem quase 80% de eficácia em estudo controlado

Em estudo controlado e duplo-cego, altas doses de estimulação magnética no cérebro causaram remissão em 79% dos participantes do estudo com depressão grave

Divulgação, Escola de Medicina da Universidade Stanford

Fonte

Universidade Stanford

Data

terça-feira, 2 novembro 2021 07:15

Áreas

Engenharia Biomédica. Medicina. Neurociências. Psiquiatria.

Um novo tipo de estimulação magnética do cérebro trouxe remissão rápida para quase 80% dos participantes com depressão grave em um estudo conduzido na Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.

O tratamento, conhecido como Terapia de Neuromodulação Inteligente Acelerada de Stanford (SAINT) ou simplesmente terapia de neuromodulação de Stanford, é uma forma intensiva e individualizada de estimulação magnética transcraniana. No estudo, a remissão ocorreu normalmente em alguns dias e durou meses. Os únicos efeitos colaterais foram fadiga temporária e dores de cabeça.

“Funciona bem, funciona rapidamente e não é [um método] invasivo”, disse o Dr. Nolan Williams, professor de Psiquiatria e Ciências Comportamentais de Stanford. “Pode ser uma virada de jogo.” O Dr. Williams é o autor sênior do estudo, que foi publicado na revista científica American Journal of Psychiatry.

Vinte e nove pessoas com depressão resistente ao tratamento participaram do estudo: cerca de metade recebeu o método SAINT, e os demais pacientes foram submetido a um procedimento de placebo que imitou o tratamento real. Após cinco dias de tratamento, 78,6% dos participantes do grupo de tratamento não estavam mais deprimidos, de acordo com vários métodos padrão de avaliação. “É um efeito bastante dramático e bastante sustentado”, disse o Dr. Alan Schatzberg, também professor de Psiquiatria e Ciências do Comportamento de Stanford e coautor do estudo.

Estimulação magnética especializada

O tratamento de estimulação magnética transcraniana atualmente aprovado pela agência Food and Drug Administration (FDA) requer seis semanas de sessões uma vez ao dia. Apenas cerca de metade dos pacientes submetidos ao tratamento melhoram, e apenas cerca de um terço experimenta remissão da depressão.

O método SAINT avança esse tratamento ao direcionar os pulsos magnéticos de acordo com o neurocircuito de cada paciente e pode fornecer um maior número de pulsos em um ritmo mais rápido.

No estudo, os pesquisadores primeiro usaram a ressonância magnética para localizar o melhor local para atingir o córtex pré-frontal dorsolateral de cada participante, que regula as funções executivas, como resolução de problemas e inibição de respostas indesejadas. Eles aplicaram a estimulação em uma sub-região que tem a relação mais forte com o cíngulo subgenual, uma parte do cérebro que é hiperativa em pessoas que sofrem de depressão. A estimulação magnética transcraniana fortalece a conexão entre as duas regiões, facilitando o controle do córtex pré-frontal dorsolateral da atividade no cíngulo subgenual.

Os pesquisadores também usaram 1.800 pulsos por sessão em vez de 600. (A quantidade maior foi usada com segurança em outras formas de estimulação cerebral para distúrbios neurológicos, como a doença de Parkinson). E em vez de fornecer um tratamento por dia, eles deram aos participantes 10 tratamentos de 10 minutos, com intervalos de 50 minutos entre eles.

Para o grupo controle, os pesquisadores disfarçaram o tratamento com uma bobina magnética que imitou a experiência do pulso magnético; ambos os grupos de controle e tratamento ativo usaram fones de ouvido com cancelamento de ruído e receberam uma pomada tópica para sensação de entorpecimento. Nem o pesquisador que administrou o procedimento nem o participante sabiam se o participante estava recebendo tratamento real.

Os participantes do ensaio tinham idades entre 22 e 80 anos; em média, eles sofreram de depressão por nove anos. Os participantes haviam experimentado medicamentos, que não surtiram efeito ou pararam de funcionar. Durante o ensaio, os participantes que estavam tomando medicamentos mantiveram a dosagem regular; participantes que não estavam tomando medicamentos não iniciaram nenhum.

Quatro semanas após o tratamento, 12 dos 14 participantes que receberam o tratamento melhoraram e 11 deles preencheram os critérios da agência FDA para remissão. Em contraste, apenas dois dos 15 participantes que receberam o placebo preencheram os critérios para remissão.

Como os participantes do estudo normalmente se sentiam melhor dias após o início do SAINT, os pesquisadores esperam que ele possa ser usado para tratar rapidamente os pacientes que estão em um ponto crítico. Pacientes que começam a tomar medicamentos para depressão normalmente não experimentam nenhuma redução dos sintomas por um mês.

“Queremos levar isso para os departamentos de emergência e enfermarias psiquiátricas, onde podemos tratar as pessoas que estão em uma emergência psiquiátrica. O período logo após a hospitalização é quando existe o maior risco de suicídio”, concluiu o Dr. Nolan Williams.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Stanford (em inglês).

Fonte: Mandy Erickson, Escola de Medicina da Universidade Stanford. Imagem: Divulgação, Escola de Medicina da Universidade Stanford.

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