Notícia

Realidade virtual pode ser o sexto sentido para pessoas cegas

A tiflotecnologia inclui ferramentas para ajudar as pessoas cegas ou com deficiência visual a usar a tecnologia

Pixabay

Fonte

The Conversation

Data

sexta-feira, 7 agosto 2020 11:45

Áreas

Engenharia Biomédica. Inclusão Social. Inteligência Artificial. Realidade Virtual.

Visitar um lugar desconhecido é um grande esforço e uma situação estressante para pessoas cegas. Até lugares familiares podem ser problemáticos se a mobília for movida ou se o cansaço piorar momentaneamente a atenção e a memória.

A falta de informação visual impõe uma forte carga cognitiva ao se familiarizar com o arranjo de obstáculos. Você deve sempre se lembrar de onde está no espaço para planejar como chegar aonde deseja ir.

O deslocamento causa altos níveis de incerteza e insegurança. Estruturas salientes na altura da cabeça, como concavidades no ambiente, causam situações de risco. Embora a bengala clássica seja muito útil para ajudar as pessoas cegas, essa ferramenta não é suficiente para enfrentar todos os desafios que elas enfrentam.

A solução complementar tradicional é fazer uma visita preliminar aos locais com a ajuda de mapas táteis. Outras variantes mais sofisticadas e flexíveis incluem sistemas de realidade virtual ou computadorizada, que permitem a visita a partir do conforto do lar.

No entanto, essas ferramentas continuam sendo complicadas, pois exigem a lembrança do lugar e não são fáceis de consultar em tempo real enquanto você está visitando o local.

Tiflotecnologia e seus desafios

A chamada tiflotecnologia inclui ferramentas para ajudar as pessoas cegas ou com deficiência visual a usar a tecnologia. Um de seus principais desafios é fornecer informações a distância, ou seja, informações que estão além do alcance da mão ou da bengala.

No Centro de Tecnologia Biomédica (CTB) da Universidade Politécnica de Madri (UPM), na Espanha, uma equipe de pesquisadores pertencentes ao Grupo de Pesquisa em Tecnologias de Suporte à Vida (LST) e ao Centro de Pesquisa Biomédica (CIBER-BBN), além da Universidade das Forças Armadas do Equador, trabalham há anos no projeto eGLANCE.

Nos estudos, os pesquisadores usam conceitos de realidade virtual e realidade aumentada para fornecer mais informações às pessoas cegas sobre o ambiente à sua volta.

Realidade virtual para ir além

Um dos resultados mais relevantes do projeto eGLANCE até o momento é um modelo de interação para realidade virtual adaptado às necessidades dos cegos – uma ferramenta de realidade virtual tiflointerativa.

Esse sistema permite direcionar a atenção para qualquer ponto da sala virtual (interação cognitiva) e informar sobre os objetos, pessoas e outros elementos presentes em cada região do espaço (interação sensível).

Os cegos prestam atenção, ou “olham”, controlando o movimento de um elemento virtual nunca antes visto: o foco da atenção. Isso existe apenas no mundo virtual. É controlado por gestos e colide com representações virtuais de objetos reais enquanto se move pela sala virtual.

Diminuindo a discriminação sensorial

Como as soluções tradicionais, o eGLANCE permite que você se familiarize com antecedência – por exemplo, em casa – com um lugar desconhecido. Por um lado, possibilita conhecer os objetos, pessoas e outros elementos de uma sala sem precisar se mover. Por outro lado, o sistema pode guiar a pessoa cega pelo melhor caminho entre dois pontos, evitando obstáculos.

Com essas informações, as pessoas cegas podem tomar decisões eficientes em situações em que os objetos de seu interesse estão distantes. Assim, é reduzido o esforço físico e mental extra ao qual eles são submetidos em suas decisões diárias.

Além disso, o uso do sistema reduz as diferenças com os indivíduos que podem ver. Afinal, fornece informações semelhantes às obtidas pela observação de seu ambiente.

Dessa maneira, o projeto eGLANCE contribui para evitar a discriminação sensorial sofrida pelos cegos. Permite que eles sejam muito mais autônomos e, portanto, se mantenham em maior igualdade com outras pessoas em situações comuns de convivência na sociedade.

Acesse a matéria completa na página do The Conversation (em inglês).

Fonte:  Dr. José Javier Serrano Olmedo, Dr. Antonio Cobo Sánchez de Rojas (da Universidade Politécnica de Madrid) e Dra. Nancy Enriqueta Guerrón (da Universidade das Forças Armadas do Equador), em publicação no Portal The Conversation. Imagem: 

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