Notícia

Projeto promove melhorias na saúde de pacientes em hemodiálise com musculação

Resultados do projeto na UFJF já despertam o interesse de outros centros de hemodiálise

Twin Alvarenga, UFJF

Fonte

UFJF

Data

quarta-feira, 6 maio 2015 18:55

Áreas

Nefrologia. Atividade Física.

Segundo o Censo Brasileiro de Diálise de 2012, cerca de 100 mil indivíduos na população brasileira possuem doenças renais, fazendo hemodiálise periodicamente e/ou na fila de espera por um transplante. A doença renal crônica (DRC) é caracterizada por irregularidades estruturais ou funcionais dos rins, após um período igual ou superior a três meses.

A evolução da própria doença ocasiona uma série de alterações físicas, emocionais e sociais. Problemas cardiovasculares e perda do condicionamento físico estão entre as principais complicações. Por isso, o risco de morte por acidente vascular cerebral (AVC), infarto, entre outros, é 10 a 30 vezes maior que a população em geral.

Com o objetivo de minimizar todos os sintomas da doença renal e aumentar a expectativa de vida, o doutorando em Educação Física, Antônio Paulo de Castro, juntamente com outros pesquisadores da Faculdade de Educação Física e Desportos (FAEFID) e da Faculdade de Medicina, criaram em 2014 na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)  um dos primeiros projetos de pesquisa no Brasil a promover exercício físico resistido para pacientes em hemodiálise.

As atividades de musculação consistem em exercícios de estímulo de força, como levantamento de peso, repetições de movimento e manuseio de equipamentos de força, entre outros. Comumente, o exercício mais recomendado pelos profissionais da saúde é o exercício aeróbico (caminhada, hidroginástica, corrida, ciclismo). A vantagem do treinamento resistido se deve, no entanto, por não favorecer a perda de peso ou sobrecarga da frequência cardíaca, comuns em vítimas de doença renal, e por não comprometer possíveis problemas ósseos e de articulação do paciente, como artrites e próteses.

Para que o paciente seja considerado um candidato apto aos exercícios, ele precisa ter de 18 a 69 anos, estar em hemodiálise por três meses ou mais e ter liberação médica. Além disso, ele é submetido a avaliações prévias de condições clínicas, cardiológicas, funcionais e físicas, e finalmente, recebe um protocolo de atendimento com duração de aproximadamente 16 semanas de exercício resistido.

De acordo com Antônio Paulo, “são raros os centros no mundo que se dedicam a estudar e aplicar sessões de treinamento resistido em pacientes em tais condições, técnica já comprovada como eficaz na melhoria de todos os aspectos em populações saudáveis ou com doenças crônicas”. Para obter bons resultados, ele acredita ser fundamental a multidisciplinaridade, com o envolvimento também de profissionais da Psicologia, Nutrição, Enfermagem e Assistência Social.

Os atendimentos são feitos no Centro de Tratamento de Doenças Renais (CTDR), no bairro São Mateus, com pacientes do SUS da região da Zona da Mata. “O CTDR, gentilmente, abriu as portas para o nosso experimento, oferecendo o suporte de uma equipe experiente no tratamento hemodialítico”, conta Antônio Paulo. Atualmente, são atendidos 30 portadores de doença renal. São feitos em torno de 8 a 10 tipos de exercícios por sessão de hemodiálise, numa duração de aproximadamente 50 minutos de atividade física.

Inicialmente, a equipe montou dois grupos de portadores de doença crônica: um para execução dos exercícios e outro para controle e contraste dos resultados. Passados três meses, o grupo de controle se manteve nas mesmas condições físicas, enquanto o grupo que recebeu treinamento apresentou melhorias expressivas. Os níveis de força dos pacientes em exercícios já eram iguais aos de pessoas que não têm doença renal crônica.

Após seis meses do treinamento físico regular, puderam observar que todos os aspectos da qualidade de vida avaliados anteriormente melhoraram. Os resultados têm revelado aumento da massa e da força muscular dos pacientes, combatendo o sedentarismo. Segundo os relatos, eles sentem menos dores durante as sessões de hemodiálise e têm praticado mais atividades físicas diariamente, proporcionando um estilo de vida mais ativo.

Além disso, os exercícios têm favorecido a autoestima dos pacientes, com a melhora do humor e, até mesmo, do convívio social, o que diminui o uso de medicamentos antidepressivos e calmantes. “Outro dado interessante refere-se a uma redução no número de absentismo às sessões de hemodiálise. Pacientes com grande histórico de faltas mostram-se agora mais frequentes na terapia em comparação com o período pré-treinamento”, conta Antônio Paulo.

Os resultados ainda estão começando a surgir, mas segundo o coordenador Dr. Rogério Baumgratz de Paula, nefrologista da Faculdade de Medicina, o projeto já recebeu solicitações de diversos centros de hemodiálise de Minas Gerais que pretendem implantar a metodologia. “A iniciativa está servindo para alertar os nefrologistas para a importância da prática de atividade física nos renais crônicos.”

A avaliação dos resultados é feita através exames clínicos, avaliações cardiovasculares, funcionais e de massa corporal e um questionário de estudo da qualidade de vida (questionário SF-36 – Medical Outcomes Study 36). Durante as reuniões do projeto, é feita um levantamento de dados do que tem sido desenvolvido na clínica para ajustes e melhorias, análise estatística e registro de resultados, discussão e produção de trabalhos para eventos acadêmicos.

Fonte: Assessoria de Comunicação, UFJF.  Imagem: Twin Alvarenga, UFJF.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account