Notícia

Projeto de extensão desenvolve próteses para pacientes com lesões faciais

Serviço gratuito de reabilitação protética é oferecido no HUB, em Brasília

Luis Gustavo Prado/Secom UnB

Fonte

UnB

Data

quarta-feira, 25 outubro 2017 13:25

Áreas

Biomecânica. Reabilitação. Biomateriais. Odontologia.

A cada semana, nas tardes de sexta-feira, o Centro Clínico de Ensino Odontológico do Hospital Universitário de Brasília (HUB) recebe pessoas com histórias muito especiais. São pacientes que sofreram alguma lesão ou mutilação na face em decorrência de câncer ou trauma. Na unidade, eles são acolhidos por uma equipe de dentistas e estudantes de Odontologia que, voluntariamente, prestam o serviço de reabilitação protética facial.

É o caso da dona Maria José dos Santos, de 55 anos, que perdeu a visão no olho esquerdo por conta de um quadro de sarampo não tratado. “Durante 20 anos vivi com o olho doente. Não conseguia enxergar”, conta a paciente. Ela relata que teve sua autoestima abalada pelas sequelas da doença. “Meu olho ficou estufado e esbranquiçado. Eu tinha dificuldade para sair na rua porque era muito discriminada.”

Há cerca de seis anos, dona Maria precisou passar por uma cirurgia para remover o órgão. O que, a princípio, era uma notícia ruim, para ela significou uma transformação de vida. “O médico me disse que eu seria bem atendida aqui. Ganhei esse olho e minha vida mudou. Hoje vivo muito melhor. Quem não me conhece nem percebe que uso uma prótese”, confidencia a paciente.

Reabilitando

A Prótese Bucomaxilofacial é uma especialidade da Odontologia voltada para a reabilitação de pessoas com perdas ou malformações na face, maxila e mandíbula. O serviço começou a ser oferecido no HUB em 2005, a partir do voluntariado da dentista Aline Úrsula. “Me especializei em São Paulo. Ao retornar para Brasília constatei que o serviço não era oferecido na rede pública. Então, procurei o HUB e me ofereci para colaborar”, relembra a docente do Departamento de Odontologia da UnB, doutora em prótese dentária.

De lá para cá, a demanda por atendimento cresceu, bem como o número de interessados em contribuir. Para inserir os alunos no atendimento voluntário, em 2010, a iniciativa foi transformada no projeto de extensão Reabilitação Protética de Pacientes com Defeitos Maxilofaciais, vinculado à Faculdade de Ciências da Saúde (FS) da Universidade de Brasília (UnB). Hoje, o projeto soma 37 voluntários, entre dentistas e estudantes de Odontologia – inclusive de outras instituições de ensino superior.

“A busca pela prótese é a busca por si mesmo. O paciente deseja não mais ser visto como alguém que perdeu uma parte, mas como o eu completo”, diz a Dra. Aline Úrsula, sobre a importância da especialidade. Ela explica que a reabilitação protética auxilia o indivíduo no retorno ao convívio e rotina social. “Muitas vezes os pacientes não se queixam de ter perdido olho, nariz ou outro membro. A queixa é não aguentar mais as pessoas olhando de forma diferente”, conta a dentista, que garante ser possível constatar melhora no aspecto psicológico do paciente após o processo.

Além dos benefícios mencionados, a reabilitação tem importante papel funcional. “A prótese nasal, por exemplo, ajuda no direcionamento do ar. Além disso, protege a cavidade evitando deposição de poeira ou colonização por micro-organismos. Tive um paciente que perdeu parte da pirâmide nasal porque deixava a cavidade desprotegida. Após um tempo, foi constatado que havia larvas se proliferando na região”, detalha a dentista.

A especialista menciona, ainda, a importância da prótese para crianças com lesões na região dos olhos. “Quando a criança não utiliza a prótese ocular na fase de crescimento, pode haver deformação no rosto, devido uma diferença de desenvolvimento entre a região saudável e a parte lesionada.” Já a prótese de bochecha auxilia nas funções de fala e mastigação.

Assista à reportagem da UnB TV:

Mãos à obra

Todo o trabalho de confecção das próteses é manual. Por isso, além dos conhecimentos especializados – como de anatomia –, é preciso destreza e criatividade. Materiais simples como gesso, silicone, tintas, pincéis, lixas e cartolinas são utilizados no processo.

A maior demanda existente é pela prótese ocular, uma vez que são mais frequentes lesões e traumas nessa região. Essa também é a prótese mais fácil de ser confeccionada. Em média, na terceira consulta o paciente já recebe a peça, feita de resina acrílica após o molde da região, obtido com uso de alginato. Para caracterizar a íris, utiliza-se cartolina e tinta. Por fim, fios de lã vermelha simulam os pequenos vasos sanguíneos típicos da região.

Prestação de Serviço

Para ser atendido na unidade, o paciente deve, obrigatoriamente, ter encaminhamento de alguma unidade pública de saúde do DF com indicação para tratamento com prótese. A marcação das consultas é feita no Centro de Odontologia e Farmácia Escola do HUB. Atualmente, a fila de espera do serviço é pequena e, em média, são realizados 20 atendimentos por semana.

 

Interessados em fazer doações e contribuir com o projeto podem entrar em contato com a docente Dra. Aline Úrsula pelo e-mail [email protected].

Leia a matéria completa no UnB Notícias.

Fonte: Vanessa Vieira, UnB Notícias. Imagem: Luis Gustavo Prado/Secom UnB.

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