Notícia

Pesquisadores usam cogumelo para desenvolver clareadores dentais naturais

Empresa spin-off da Unicamp licenciou tecnologia que usa o extrato de shimeji para desenvolver clareadores dentais mais sustentáveis e com menos efeitos adversos

Daniel Xavier via Pexels

Fonte

Jornal da Unicamp

Data

segunda-feira, 9 maio 2022 06:25

Áreas

Biotecnologia. Empreendedorismo. Inovação. Odontologia.

Uma formulação inovadora para produção de clareadores dentais naturais a partir de cogumelos comestíveis do tipo shimeji foi desenvolvida em pesquisas conduzidas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a Universidade Estadual de São Paulo (Unifesp). A invenção permitirá a remoção de manchas nos dentes sem o uso de produtos químicos abrasivos e com menos efeitos adversos do que os métodos disponíveis no mercado.

A tecnologia é resultado de um estudo interdisciplinar que envolveu pesquisadores da Unifesp e de três Faculdades da Unicamp: Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-Unicamp), Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA-Unicamp) e Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP-Unicamp). O método, com patente já depositada, possibilita o reaproveitamento de partes descartadas na produção de cogumelos, reduzindo a geração de resíduos da indústria e gerando valor à cadeia produtiva ao dar um destino nobre a partes que iriam para o lixo. “O clareador dental à base de extrato de shimeji foi desenvolvido pensando na sustentabilidade que mantém o tripé ambiental, econômico e social. Podemos dispor de grande quantidade de matéria-prima de baixo custo sem precisar aumentar a produção de cogumelos, e apoiando os pequenos produtores, que se beneficiariam da agregação de valor a um resíduo”, avaliou o Dr. Juliano Bicas, professor da FEA-Unicamp.

O invento, protegido com estratégia da Agência de Inovação Inova Unicamp, foi licenciado em 2021 para a Webbe Startups, uma spin-off acadêmica da Unicamp que tem como atividade principal o resultado de uma pesquisa ou conhecimento gerado na Universidade.

A startup foi criada pela biotecnologista e empreendedora em série Dayse Alexia e tem como objetivo acelerar a criação de produtos comercialmente viáveis em um modelo de negócios escalável a partir da propriedade intelectual protegida da Unicamp.

Mercado aquecido

O clareamento dental é um dos procedimentos clínicos mais utilizados nos consultórios odontológicos. A procura por produtos ‘amigos da natureza’ tem se intensificado nos últimos anos. O diferencial da tecnologia da Unicamp está na forma natural de clareamento, com potencial para reduzir reações adversas como irritação na gengiva e na mucosa oral ou sensibilidade temporária dos dentes.

A invenção não exige substâncias isoladas, que requerem processos de produção mais complexos e caros. O extrato é obtido do chapéu ou do talo do shimeji, com um mínimo de tratamento, sendo considerada uma tecnologia ‘verde’.

A Dra. Débora Leite Lima, professora da FOP-Unicamp, explicou que as técnicas de clareamento dentário mais usadas levam peróxidos de hidrogênio e de carbamida na composição e removem os pigmentos sem alterar a estrutura dental. No entanto, esses produtos podem causar alterações microscópicas do esmalte e a desmineralização dos dentes. O processo é reversível pela salivação e aplicação de flúor, mas se o paciente fizer uso de medicamentos que diminuem o fluxo salivar a capacidade de remineralização do esmalte pós-clareamento pode sofrer interferências. “O agente clareador do cogumelo vem em uma frente mais conservadora para o esmalte dental. Qualquer paciente poderia ser beneficiado, principalmente aqueles com alergia ou sensibilidade às outras formulações, ou que façam uso de medicação que interfira no processo, como alguns remédios para ansiedade”, comentou a professora.

Mecanismos de ação

O cogumelo apresenta diversas enzimas conhecidas por suas propriedades despigmentantes. Segundo a Dra. Gislaine Leonardi, professora da FCF-Unicamp, o mecanismo de ação do extrato ainda não foi totalmente esclarecido, mas os estudos conduzidos na Unicamp indicam a existência de uma explicação que vai além dessas enzimas. “Testamos diferentes cogumelos de supermercado e percebemos que o shimeji do tipo preto é o que funciona melhor. Quando o cogumelo é aquecido antes do tratamento ele tem uma ação de clareamento superior. Isso sugere que o efeito clareador pode não estar ligado às enzimas. Seguimos na pesquisa para saber o que produz esse efeito”, complementou.

O extrato de cogumelo foi considerado seguro em testes in vitro e em amostras de blocos dentários bovinos. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Unicamp. O próximo passo prevê testagens de concentração e aplicação técnica para que o clareador possa seguir para a fase de testes clínicos em humanos.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.

Fonte: Ana Paula Palazi, Inova Unicamp. Imagem: Daniel Xavier via Pexels.

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