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Pesquisadores da UFRN descobrem a proteína que mantém o medo reprimido

Pesquisa realizada no Instituto do Cérebro da UFRN avança no entendimento das memórias aversivas

Shutterstock

Fonte

UFRN

Data

sábado, 11 julho 2015 20:30

Áreas

Neurologia.

Seria possível apagar seletivamente uma memória de medo? Imagine se, após um assalto, pudéssemos manipular nossa mente a ponto de não desenvolvermos um trauma. Pesquisadores do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória do Instituto do Cérebro (ICe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) publicaram na revista científica “The Journal of Neuroscience” experimentos que demonstram que a proteína BDNF tem papel fundamental na repressão das memórias do medo.

Segundo o chefe do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória do ICe, Prof. Dr. Martín Cammarota, a proteína é produzida naturalmente no cérebro e é primordial para que possamos construir e manter, como parte do nosso acervo mnemônico, memórias que recontextualizam positivamente fatos traumáticos, mesmo sem esquecê-los.

Considerando o exemplo fictício do assalto, digamos que a vítima foi assaltada ao sair da escola e desenvolveu uma fobia a ponto de não querer retornar ao local. Porém, se depois ela volta ao colégio algumas vezes e nenhum fato negativo acontece, uma nova memória de não-medo, oposta à original, é formada e normalmente acaba por dominar o seu comportamento, mesmo que ela não tenha esquecido o episódio do assalto.

As pesquisas do grupo do professor Cammarota sugerem a possibilidade de que fármacos capazes de modular a produção, a maturação ou a sinalização neuronal induzida pelo BDNF (sigla em inglês para a proteína, que significa “fator neurotrófico derivado do cérebro”) poderiam coadjuvar no estabelecimento de terapias capazes de favorecer à contextualização positiva de fatos ou eventos traumáticos.

Para a primeira autora do estudo, Dra. Andressa Radiske, esses resultados são fundamentais para compreender os mecanismos moleculares envolvidos no processamento das memórias aversivas e, em particular, o efeito que a expressão deste tipo de memórias tem na sua persistência. Dessa forma, “conhecer as consequências comportamentais produzidas pela utilização de uma memória de medo já consolidada certamente ajudará no desenvolvimento de medicamentos e terapias para modular sua reconsolidação e modificação”, o que auxiliaria o tratamento de pacientes com ansiedade ou transtorno pós-traumático, por exemplo.

No entanto, o professor Cammarota alerta que apagar completamente um fato traumático não é bom porque seria como se não tivéssemos vivido o episódio, de tal forma, deixaríamos de estar preparados para evitá-lo. “As memórias aversivas nos permitem predizer eventos futuros e assim nos preparam para evitá-los”.

“O caminho para tratar as fobias não é seu esquecimento, até porque seria quase impossível do ponto de vista técnico isolar uma memória de forma específica, o que dificulta enormemente apagar seletivamente um traço de memória”, esclarece o neurocientista.

Além dos cientistas citados no texto, também participaram da pesquisa a Dra. Maria Carolina Gonzalez, Dra. Janine Rossato, Dr. Cristiano Köhler e o professor Jorge Medina.

Fonte: Instituto do Cérebro, UFRN. Imagem: Shutterstock.

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