Notícia

Pesquisa revela como a primeira respiração do bebê desencadeia mudanças no cérebro que salvam vidas

Descoberta pode ajudar a explicar os casos de síndrome da morte súbita infantil

Javier de la Maza via Unsplash

Fonte

Universidade de Alberta

Data

sexta-feira, 4 dezembro 2020 09:55

Áreas

Medicina. Neonatologia. Neurociências.

No momento do nascimento, o papel essencial de fornecer oxigênio vital para o bebê muda da mãe e sua placenta para os pulmões e o cérebro do bebê. O momento que isso acontece com tanta precisão é considerado por muitos um milagre, e como isso acontece ainda permanece um mistério.

Uma nova pesquisa da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, em parceria com pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, traz esclarecimentos sobre como as mudanças cerebrais ativadas no nascimento protegem a respiração do bebê – e podem até oferecer informações importantes sobre a síndrome da morte súbita infantil (SMSI).

O Dr. Greg Funk, professor de fisiologia da Faculdade de Medicina e Odontologia da Universidade de Alberta, e os doutorandos Robert Reklow e Yong Zhang, em um projeto liderado por seus colegas nos Estados Unidos, descobriram um sistema de sinalização dentro do tronco cerebral que é ativado com as primeiras respirações do bebê para dar suporte precoce à respiração.

“Antes do nascimento, as demandas de oxigênio do bebê são atendidas inteiramente pela mãe e pela placenta. No nascimento, isso tem que mudar imediatamente. De repente, o sistema materno precisa desligar e os pulmões e o cérebro do bebê precisam assumir as trocas gasosas. No entanto, essas redes cerebrais que assumem o controle ainda são imaturas e podem gerar respiração instável”, explicou o Dr. Greg Funk.

“Achamos que este sistema de sinalização [age como] um dispositivo de segurança no cérebro que ajuda a estabilizar a respiração neste momento crítico”, ressaltou o pesquisador.

As descobertas ajudam os pesquisadores a compreender como a respiração passa de um estado frágil suscetível a pausas potencialmente fatais e que podem causar danos ao cérebro do bebê no início de seu desenvolvimento para um sistema fisiológico estável e robusto que fornece oxigênio perfeitamente ao corpo pelo resto de nossas vidas.

Antes de o bebê nascer, a respiração não é necessária e os movimentos respiratórios ocorrem apenas de forma intermitente, portanto, a transição no nascimento pode ser um período altamente vulnerável.

Os pesquisadores descobriram que um gene específico é ativado imediatamente ao nascimento em um grupo seletivo de neurônios que regulam a respiração. Este gene codifica um peptídeo neurotransmissor  – uma cadeia de aminoácidos que retransmite informações entre os neurônios. Esse transmissor, chamado PACAP, começa a ser liberado por esses neurônios assim que o bebê nasce. Os cientistas determinaram que a supressão do peptídeo causa problemas respiratórios e aumenta a frequência das apneias – pausas respiratórias potencialmente perigosas. Essas apneias aumentaram ainda mais com as mudanças na temperatura ambiente.

As observações sugerem que problemas com o sistema neurotransmissor podem contribuir para a SMSI.

A SMSI, também conhecida como morte no berço, é a morte repentina e inexplicável de uma criança com menos de um ano de idade. É a principal causa de mortalidade infantil nos países ocidentais. A SMSI é atribuída a uma combinação de fatores genéticos e ambientais, incluindo a temperatura. A nova pesquisa sugere que problemas com o sistema neurotransmissor podem aumentar a suscetibilidade dos bebês à SMSI e outros problemas respiratórios.

A PACAP é a primeira molécula sinalizadora que se mostrou maciça e especificamente ativada no nascimento pela rede respiratória, e foi geneticamente ligada à SMSI. Os pesquisadores observaram que pode haver outros fatores importantes a serem descobertos que podem esclarecer mais sobre as causas da SMSL.

“Essas descobertas levantam a possibilidade interessante de que mudanças adicionais relacionadas ao nascimento possam ocorrer nos sistemas de controle da respiração e outras funções críticas”, disse o Dr. Douglas Bayliss, chefe do Departamento de Farmacologia da Universidade da Virgínia. “Nós nos perguntamos se este poderia ser um princípio geral de ‘design’ no qual sistemas de suporte à prova de falhas são ativados neste período de transição chave, e que compreendê-los pode nos ajudar a tratar melhor os distúrbios do recém-nascido”, concluiu o Dr. Douglas.

Os resultados foram publicados na revista científica Nature.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Alberta (em inglês).

Fonte: Michael Brown, Universidade de Alberta. Imagem: Javier de la Maza via Unsplash.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account