Notícia

Novo exoesqueleto pode ajudar vítimas de AVC a recuperar movimento das mãos

Alain Herzog, EPFL

Fonte

EPFL | Escola Politécnica Federal de Lausanne

Data

segunda-feira, 16 maio 2022 11:40

Áreas

Bioeletrônica. Biomecânica. Engenharia Biomédica. Fisiatria. Fisioterapia. Reabilitação. Terapia Ocupacional.

Muitas das atividades diárias envolvem a capacidade de preensão das mãos. Embora as pessoas fisicamente aptas não pensem duas vezes ao usar uma colher ou levantar um copo, essas ações são quase impossíveis para alguém incapaz de segurar objetos com as mãos. Quase 12 milhões de pessoas em todo o mundo sobrevivem a um derrame a cada ano, e metade delas fica com pelo menos alguns limites no uso de suas mãos. Vários sistemas robóticos portáteis, bem como interfaces homem-máquina, foram desenvolvidos nos últimos anos para resolver esse problema, mas normalmente são muito complexos ou caros para o uso diário.

A startup Emovo Care apresentou recentemente um dispositivo projetado especificamente para superar esses obstáculos. Os engenheiros da startup desenvolveram o Emovo Grasp com a ajuda de usuários com deficiência ao longo de vários anos e depois o aprimoraram ainda mais por meio de várias rodadas de testes em hospitais e centros de reabilitação. A empresa obteve recentemente uma certificação ISO europeia necessária para comercializar o produto como um dispositivo médico.

Ajuste automático da mão

Nos últimos anos, os exoesqueletos ficaram cada vez menores e em breve estarão disponíveis para uso regular por quem mais precisa deles. O Emovo Grasp consiste em dois tendões artificiais patenteados que se assemelham a cabos finos inseridos em uma bainha. Eles se prendem ao dorso da mão usando anéis de silicone colocados em cada dedo. O motor e o controle remoto, que permite ao usuário ajustar a força que está sendo aplicada, estão em caixas pequenas e separadas. Este design libera a palma da mão e as pontas dos dedos para maximizar a entrada sensorial.

Quando ativado pelo usuário, o dispositivo aplica uma leve pressão no dedo indicador e depois no dedo médio para que cada um deles entre em contato com um objeto. A mão ajusta automaticamente sua pegada até mesmo em objetos de formato irregular para garantir o movimento mais natural possível. Outro botão no controle remoto dá o comando contrário, de forma que os cabos gerem uma força de tração que faz com que os dedos estiquem e soltem o objeto.

Os tendões artificiais de inspiração biológica são semelhantes ao sistema natural de músculos e tendões da mão. “Nosso design produz movimentos suaves e uma pegada forte ”, disse o Dr. Luca Randazzo, CEO da Emovo Care, que desenvolveu a tecnologia durante sua tese e pós-doutorado nos laboratórios de Interface Cérebro-Máquina e Biorrobótica da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça.  O dispositivo em si nunca age por conta própria – o usuário está sempre no controle para evitar deixar cair coisas ou segurar na hora errada.

Mais de uma centena de pessoas – pacientes, terapeutas e neurologistas – forneceram informações sobre o Emovo Grasp por meio de estudos longitudinais e discussões guiadas durante o processo de desenvolvimento do dispositivo. Recentemente, seus benefícios foram observados por neurologistas e terapeutas do Centre Rencontres de Courfaivre na região de Jura, e na Itália e na Áustria, onde cerca de 30 pacientes com lesões cerebrais estão atualmente participando de um estudo clínico. A Dra. Anne-Lise Joray-Tendon, fisioterapeuta do Centre Rencontres, vê um grande valor terapêutico no dispositivo: “Os pacientes podem treinar 15 minutos extras todos os dias após o tratamento padrão ou levar o dispositivo para casa para continuar sua reabilitação. Este dispositivo é muito promissor porque a repetição é a chave para o progresso.”

Assista ao vídeo de apresentação do dispositivo (Fonte: EPFL):

Startup de dispositivos médicos

“Agora somos uma empresa de dispositivos médicos reconhecida e não apenas uma equipe de engenheiros fazendo coisas legais em seu laboratório”, disse o Dr. Luca Randazzo com um sorriso. A empresa procurou manter o custo do Emovo Grasp baixo para torná-lo acessível a mais pessoas e facilitou o uso para que os pacientes pudessem operá-lo por conta própria.

A Emovo Care fornecerá seu dispositivo a clínicas e instituições de pesquisa interessadas em colaborar. E a empresa está atualmente levantando fundos com o objetivo de lançar o produto no mercado no próximo ano. Depois disso, eles planejam desenvolver ainda mais sua invenção. “Por exemplo, planejamos integrar um aplicativo que compila dados para mostrar aos pacientes onde eles estão no processo de reabilitação; e queremos adicionar recursos de controle mais intuitivos, como interpretar a intenção do paciente por meio de sinais cerebrais ou musculares”, concluiu o Dr. Luca Randazzo.

Acesse a notícia completa na página da Escola Politécnica Federal de Lausanne (em inglês).

Fonte: Cécilia Carron, EPFL. Imagem: Alain Herzog, EPFL.

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