Notícia

Filtro colorido aumenta velocidade de leitura de crianças com dislexia

Voluntários de 9 e 10 anos com dislexia diminuíram tempo para ler trechos de livros

Dra. Milena Razuk

Fonte

Agência Fapesp

Data

quinta-feira, 13 setembro 2018 13:45

Áreas

Biologia. Biociências. Saúde da Criança.

Uma das maiores dificuldades das crianças com dislexia, a leitura, pode ser melhorada com o uso de lentes verdes. Um estudo publicado por brasileiros e franceses mostrou que voluntários de 9 e 10 anos que usaram os filtros na cor verde tiveram um aumento da velocidade de leitura. Em crianças sem dislexia, os filtros não surtiram efeito.

Esses filtros coloridos foram patenteados em 1983 e já foram indicados não só para crianças com dislexia como para portadores de autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). “No entanto, os estudos feitos sobre sua eficácia tinham deficiências metodológicas. Pela primeira vez foi usada uma metodologia bastante rigorosa”, disse a Dra. Milena Razuk, primeira autora do artigo, publicado na revista científica Research in Developmental Disabilities. A falta de estudos sobre os filtros faz com que eles não sejam muito usados no Brasil, embora alguns países como a França o adotem.

A Dra. Milena Razuk, que concluiu em abril o doutorado na Universidade Cruzeiro do Sul, realizou o experimento durante o período que passou na Université Paris Diderot-Paris 7, em estágio de pesquisa com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Foram selecionadas 18 crianças com dislexia e outras 18 sem a condição, todas atendidas no Hospital Robert Debret, em Paris. Para o experimento, os cientistas escolheram os filtros amarelo e verde.  “São 12 cores disponíveis, mas chegamos a essas duas porque seria uma dificuldade muito grande para os voluntários ficarem tanto tempo submetidos ao teste”, disse o Dr. José Angelo Barela, professor do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, e coordenador do projeto.

Melhora na velocidade da leitura

As 36 crianças foram postas para ler, em uma tela, trechos de livros infantis indicados para sua faixa etária. Diferentes trechos eram lidos sem filtro, com o amarelo e com o verde.

Durante todo o tempo, elas usavam um aparelho apoiado na cabeça que mede os movimentos dos olhos, o Eye Tracker. Trata-se de óculos com duas câmeras que enviam sinais infravermelhos para os olhos e detectam onde o usuário está fixando o olhar e qual o tempo dessa fixação. “A criança com dislexia precisa fixar mais tempo o olhar nas palavras para conseguir compreender o texto, por isso a velocidade de leitura é menor”, disse o professor José Barela à Agência FAPESP.

Enquanto em crianças sem dislexia não houve mudança na velocidade de leitura com os filtros, o Eye Tracker detectou que crianças com dislexia passaram a fixar trechos de palavras ou de frases por 500 milésimos de segundo usando o filtro verde. Com o amarelo e sem filtro, o tempo era de 600 milésimos de segundo.

Ainda assim, o período é superior ao de crianças sem dislexia, cuja fixação é de 400 milésimos de segundo. Os autores do estudo enfatizam que não avaliaram se o filtro verde melhorou a compreensão do que foi lido.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência Fapesp.

Fonte: André Julião, Agência Fapesp. Imagem: Dra. Milena Razuk.

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