Notícia

Estudo de longa duração propõe indicadores nacionais de saúde para a população brasileira

Série de estudos sobre a população brasileira adulta visa identificar características próprias do brasileiro em relação à saúde

Divulgação, UFMG

Fonte

UFMG

Data

sábado, 14 fevereiro 2015 11:45

Áreas

Saúde Pública.

Importante indicador de aterosclerose, a espessura da camada média-intimal da artéria carótida não é a mesma em brasileiros e em norte-americanos. Apesar disso, por falta de medidas específicas, o Brasil adota dados importados para definição de valores normal e alterado neste e em praticamente todos os exames clínicos e laboratoriais. Tal prática está prestes a mudar graças ao pioneiro Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa), que leva em conta o perfil da população brasileira, com sua diversidade étnica e cultural.

Indicadores nacionais estão sendo obtidos com base no acompanhamento de 15.105 voluntários, com idade de 35 a 74 anos, em seis centros de investigação – Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Vitória. “Já produzimos uma série de estudos que têm contribuição importante na definição de parâmetros para a nossa população”, anuncia a coordenadora do Elsa em Minas Gerais, a Profa. Dra. Sandhi Maria Barreto, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Só a equipe da UFMG acompanha três mil voluntários.

Segundo ela, diversas medidas por idade e sexo obtidas pelo Elsa-Brasil vão incorporar novos dados e abordagens à prática médica, em áreas como hipertensão arterial, diabetes, enxaqueca, aterosclerose e osteoartrite. A Dra. Sandhi Barreto esclarece que os escores de risco usados rotineiramente para estimar a probabilidade de desenvolvimento futuro de uma dada doença – como a coronariana – foram gerados por estudos da população norte-americana ou de outros países desenvolvidos, que têm menor miscigenação, composição étnico-social e hábitos alimentares muito distintos.

“As equações de predição de risco importadas eram o melhor que dispúnhamos, mas agora temos condição de verificar a sua adequação para a nossa população e fazer ajustes necessários”, diz a Dra. Sandhi Barreto. Como exemplos, ela cita parâmetros biológicos como espessura da camada média-intimal da artéria carótida; duração das ondas e intervalos registrados no eletrocardiograma; referências laboratoriais, incluindo hemograma; exames que avaliam a função renal e enzimas produzidas no fígado. Todos podem variar entre grupos populacionais.

O Elsa pretende contribuir para gerar referências mais adequadas à nossa população”, explica a professora, lembrando que a maior parte do conhecimento nessa área resulta de estudos de grande porte e longo prazo, desenvolvidos em países como Inglaterra e Estados Unidos. Desde 2008, quando iniciou suas atividades, o Elsa-Brasil contabiliza 50 trabalhos publicados – a maioria em revistas internacionais – e o depósito de uma patente de dispositivo que ajuda no estudo e no tratamento da osteoartrite, doença inflamatória e degenerativa das articulações. O dispositivo é fruto do subprojeto Elsa-Musculoesquelético (Elsa-Me), desenvolvido em Minas Gerais por pesquisadores da UFMG.

Ineditismo
O Elsa é o primeiro levantamento epidemiológico longitudinal no país, com população adulta em atividade nos grandes centros e perspectiva de duração de 15 a 20 anos. “É uma pesquisa cara, de longo prazo, que só é possível porque conta com o apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Quanto mais longo for esse seguimento, maior o benefício, pois maior será o conhecimento que esse esforço vai trazer para a saúde como um todo”, ressalta a Dra. Sandhi Barreto, lembrando que, apesar de bancado com recursos do Ministério, o projeto precisa, a cada etapa, renovar a garantia de financiamento para a fase seguinte. Segundo ela, estudos longitudinais possibilitam acumular uma série de informações, até mesmo aquelas que não parecem ter significado clínico, mas que podem ser importantes do ponto de vista de predição e de risco para alguma doença.

A coordenadora do estudo na UFMG explica que a amostragem oferece variabilidade suficientemente grande em termos de composição étnica, escolaridade e lugar de residência, de modo que as várias diferenças existentes no país estão representadas no estudo.

Com o compromisso social de gerar conhecimento inovador e contribuir para o avanço da saúde pública no país, o Elsa-Brasil busca identificar fatores que influenciam mudanças no estado de saúde, em especial na condição cardiovascular e metabólica.

Leia mais na reportagem da UFMG.

Fonte: Ana Rita Araújo, UFMG

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account