Notícia

Estudo analisa efeito da bromelina associada ao mel para a tosse irritativa aguda

Blog da Saúde

Fonte

Revista Paulista de Pediatria

Data

sexta-feira, 23 dezembro 2016 19:45

Áreas

Medicina. Pediatria. Indústria Farmacêutica.

A tosse é o sintoma mais comum de atendimento nos consultórios de médicos de assistência primária e é causa frequente de procura por atendimento de urgência, chegando muitas vezes a ser tão intensa que leva à exaustão o paciente e os parentes. Quando ocorre à noite e de forma intermitente a tosse irritativa pode comprometer a qualidade do sono e ocasionar inúmeros transtornos.

Os medicamentos sintomáticos, como o dextrometorfano e a difenidramina são frequentemente usados como agentes antitussígenos e são usados por iniciativa dos próprios pacientes, muitas vezes em resposta ao estímulo da propaganda. Disponíveis nas farmácias, em variadas combinações, as substâncias para alívio da tosse podem causar riscos, especialmente na faixa etária pediátrica.

Os produtos do extrato de Ananas comosus (rico em Bromelina) e mel de abelha têm se mostrado promissores por conter enzimas proteolíticas, tais como a tripsina, a quimiotripsina e a bromelina. Bromelina é a denominação genérica para a família de enzimas proteolíticas que contêm o radical sulfidril, obtidas a partir do Ananas comosus, planta do abacaxi, que tem também enzimas não proteolíticas com importante ação tópica na mucosa respiratória. Isentos de efeitos tóxicos, esses produtos derivados do abacaxi têm demonstrado, em estudos in vitro, propriedades interessantes: interferem no crescimento de células malignas, inibem a agregação plaquetária e a coagulação e têm, principalmente, ação anti-inflamatória e mucolítica. Trata-se de ações potencialmente benéficas e há demonstração que a atividade da bromelina pode ser significativa na dissolução de secreção brônquica  com a vantagem de, por ser constituinte própria de alimento, tratar-se de substância segura para uso em crianças. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o mel de abelha como tratamento potencial da tosse nas infecções do trato respiratório superior em crianças, que é considerado um tratamento sintomático, barato, popular e seguro. Estudos atribuem ao mel ações antioxidante, antibacteriana, antifúngica, antiviral, anti-inflamatória, antitumoral, além de propriedades imunomoduladoras.

Um estudo publicado na edição de dezembro de 2016 da Revista Paulista de Pediatria avaliou a taxa de melhoria imediata da tosse irritativa em pacientes tratados com associação do extrato do Ananas comosus em mel de abelha (Bromelin^®, grupo I), comparando-a com o de uso do mel isolado (grupo II placebo). Foi realizado um estudo duplo-cego, randômico, de grupos paralelos, em crianças, entre dois e 15 anos, com tosse irritativa por pelo menos 24 horas, sendo 31 casos do grupo I e 29 casos do grupo II . A avaliação duplo-cega da tosse foi feita por meio da avaliação do número de episódios observáveis e do escore de intensidade de tosse durante o período de 10 minutos de observação. A redução de um ponto na média do escore total foi considerada como efeito terapêutico.

Os resultados mostraram que em ambos os grupos houve redução do número de episódios de tosse, assim como do escore de tosse após 30 minutos de administração do medicamento ou do mel. A mudança de escore clínico superior a dois, que poderia indicar melhoria acentuada, ocorreu em cinco pacientes do grupo com bromelina e em apenas um do placebo, mas sem diferença significativa. Os autores concluíram que a adição da bromelina ao mel não resultou em efeito adicional no tratamento da tosse irritativa. Parece que um eventual efeito da bromelina, se existente, seria mais bem avaliado ao usar-se outra substância como placebo, pois o mel pode ser uma substância ativa farmacologicamente na tosse. É possível que haja um efeito terapêutico do mel nas características do muco e da tosse. O estudo foi patrocinado pela Hebron Indústrias Químicas.

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Fonte: Revista Paulista de Pediatria. Imagem: Blog da Saúde.

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