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Terapias psicológicas baseadas em evidências para tratar a depressão em adultos com mais de 45 anos podem estar relacionadas a menor risco de doenças cardiovasculares

Fonte

UCL | University College London

Data

sexta-feira. 21 abril 2023 11:50

Em estudo inédito, publicado na revista científica European Health Journal, pesquisadores avaliaram se as terapias psicológicas baseadas em evidências, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), usadas para tratar a depressão, poderiam desempenhar um papel na redução do risco futuro de doenças cardiovasculares.

As doenças cardiovasculares, como o AVC e as doenças cardíacas, são a principal causa de morte em todo o mundo. Elas representam 32% de todas as mortes, com 18,6 milhões de pessoas mortas por essa causa em 2019 em todo o mundo. Estudos anteriores também mostraram que pessoas que sofrem de depressão têm aproximadamente 72% mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares ao longo da vida, em comparação com pessoas que não sofrem de depressão.

A nova pesquisa analisou dados de 636.955 pessoas com mais de 45 anos que acessaram o tratamento por meio do serviço nacional de Improving Access to Psychological Therapies (IAPT) da Inglaterra, entre 2012 e 2020. O IAPT é um serviço gratuito e oferece TCC, aconselhamento e auto-ajuda guiada, com sessões presenciais individuais ou em grupos online.

Os sintomas depressivos foram medidos usando o Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9), que considera fatores como falta de interesse em fazer as coisas, problemas com o sono e sentimentos de baixo humor. Os pesquisadores então relacionaram os resultados do IAPT (pontuações de depressão) com os registros de saúde dos pacientes para procurar uma nova incidência de eventos cardiovasculares.

A equipe descobriu que as pessoas cujos sintomas de depressão melhoraram de forma confiável após o tratamento psicológico estiveram menos propensas a desenvolver doenças cardiovasculares em uma média de três anos de acompanhamento, em comparação com aquelas que não o fizeram.

A melhora confiável da depressão (comparada a nenhuma melhora confiável) foi associada a uma redução de 12% na doença cardiovascular futura em qualquer momento, com resultados semelhantes observados para doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral e óbito. A associação foi mais forte em pessoas com menos de 60 anos, que tiveram 15% de redução no risco de doença cardiovascular e 22% de redução no risco de morte por todas as causas, respectivamente.

Enquanto isso, os pacientes com mais de 60 anos tiveram uma redução de 5% no risco de desenvolver doenças cardiovasculares e de 14% no risco de morte por todas as outras causas.

Celine El Baou, doutoranda na University College London (UCL), no Reino Unido, e autora principal do estudo, destacou: “Este estudo é o primeiro a estabelecer uma ligação entre os resultados da terapia psicológica e o risco futuro de doenças cardiovasculares. As descobertas são importantes, pois sugerem que os benefícios da terapia psicológica podem se estender além dos resultados de saúde mental e à saúde física em longo prazo. Eles enfatizam a importância de aumentar o acesso à terapia psicológica para grupos sub-representados, por exemplo, grupos étnicos minoritários que podem estar em maior risco de sofrer de doenças cardiovasculares”.

O conjunto de dados usado neste estudo foi financiado pela Alzheimer’s Society.

Limitações do estudo

Mais pesquisas são necessárias para estabelecer se essa ligação entre a melhora da terapia e a doença cardiovascular é realmente causal e quais mecanismos estariam envolvidos. Por exemplo, os pesquisadores tiveram pouca informação sobre comportamentos de estilo de vida, como exercícios ou hábitos relacionados ao tabagismo.

Outra possível explicação para os resultados obtidos pode ser que aqueles que responderam à terapia psicológica tinham comportamentos e estilo de vida que eram mais protetores das doenças cardiovasculares.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da University College London (em inglês).

Fonte: Poppy Danby, University College London.

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