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Pesquisa utiliza métodos inovadores para estimar expectativa de vida em pequenas localidades

A expectativa de vida é uma informação crucial para políticas públicas, porém, difícil de estimar em nível municipal, especialmente em países extensos como o Brasil. Uma nova pesquisa abordou essa questão ao aplicar a combinação de métodos estatísticos inovadores para projetar as tendências de taxas de mortalidade por sexo e idade, e de expectativa de vida para os mais de 5 mil municípios brasileiros. O estudo foi publicado na revista científica Population Health Metrics.

O estudo foi elaborado por meio de uma parceria entre pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia); da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de instituições estrangeiras como a Comisión Económica para América Latina y el Caribe (ECLAC), do Chile; e da Universidade de Glasgow, da Escócia.

Os resultados indicaram que, apesar de haver projeção de maior longevidade para a população no geral, municípios menos desenvolvidos socioeconomicamente tendem a ter as menores expectativas de vida.

A partir da estimativa das taxas de mortalidade nos municípios brasileiros, constatou-se uma tendência de melhora dos números apresentados, com variação entre as regiões. As maiores taxas de mortalidade infantil se concentram no Norte e Nordeste, com destaque para a primeira região. Já as taxas de mortalidade entre adultos se concentram mais nos municípios próximos às capitais estaduais, principalmente no Nordeste.

Aumento na expectativa de vida

Com essas informações, a equipe estimou a expectativa de vida e constatou que houve também avanços nesse índice. Após a correção de subnotificação, percebeu-se que a expectativa de vida ao nascer tende a aumentar nos próximos anos, porém, essa melhoria ocorre em um ritmo menor nas regiões com índices menores de desenvolvimento (principalmente nas regiões Norte e Nordeste).

De acordo com o Dr. Marcos Gonzaga, pesquisador da UFRN e um dos responsáveis pelo estudo, as desigualdades em relação à expectativa de vida entre regiões irão diminuir ao decorrer do tempo, mas não serão eliminadas por completo até o fim da presente década: “Em 2030, ainda teremos algumas diferenças importantes em relação à expectativa de vida entre as regiões brasileiras, e até mesmo entre localidades de uma mesma região”, comentou.

Uma constatação muito importante na investigação mostra as diferenças entre os gêneros em relação à expectativa de vida ao nascer. Em 2010, para a maioria dos municípios, essa expectativa estava entre 68 e 82 anos para as mulheres e até 68 para os homens. Para 2030, as diferenças se mantêm na maioria dos municípios, com uma expectativa de 82 aos 89 anos para as mulheres e de 75 aos 82 anos para os homens.

De forma geral, a melhora na expectativa de vida é mais pronunciada para mulheres do que para homens. O professor Marcos explicou que isso geralmente tem relação com o fato de que as mulheres buscam mais os serviços de saúde, são mais atuantes na prevenção e adotam um melhor estilo de vida, refletindo na redução das suas taxas de mortalidade quando comparadas aos homens, e, consequentemente, apresentando maiores expectativas de vida.

“Os resultados indicam um processo de deslocamento da concentração do maior número de óbitos em idades mais avançadas e uma maior concentração de óbitos ao redor dessas idades mais velhas”, afirma o pesquisador. Tal dado pode ser atribuído à redução da letalidade de doenças, em particular as doenças crônicas não transmissíveis, bem como o avanço dos tratamentos médicos e acesso aos serviços de saúde.

É importante reforçar que o estudo não leva em conta dados posteriores à pandemia da COVID-19, que afetou esses indicadores de mortalidade e de esperança de vida.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Cidacs/Fiocruz Bahia.

Fonte: Larissa Costa, Ascom Cidacs/Fiocruz Bahia.

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