Destaque
Pesquisa identifica porque inflamações sistêmicas aumentam o risco para Doença de Alzheimer
Fonte
FAPERJ | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Data
sábado. 8 maio 2021 08:05
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acaba de ter um artigo aceito para publicação na revista científica Brain, Behavior and Immunity. No artigo, descrevem como a sepse – uma resposta inflamatória sistêmica, com alta mortalidade – pode impactar no desenvolvimento de memória (ou déficit cognitivo) associado à doença de Alzheimer.
A equipe, liderada pela Dra. Claudia Figueiredo, professora da Faculdade de Farmácia da UFRJ, procurou compreender desfechos tardios da sepse, avaliando se animais que sobrevivem a quadros infecciosos graves teriam maior susceptibilidade ao desenvolvimento de déficit cognitivo associado à doença de Alzheimer.
Os resultados, segundo a Dra. Claudia, mostram que inflamações sistêmicas, como por exemplo as que ocorrem nas infecções bacterianas ou na COVID-19, podem ativar o treinamento imunológico, aumentando o risco para desenvolvimento de prejuízo de memória e alterações neuropatológicas semelhantes as que ocorrem na doença de Alzheimer.
“A memória imunológica é um importante traço evolutivo que promove a adaptação do organismo frente à reexposição a diferentes insultos. Entretanto, este treinamento por estar associado com maior risco para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas”, explicou a Dra. Claudia. Os autores identificaram, pela primeira vez, que uma inflamação sistêmica grave, induzida pela sepse, condiciona as células de defesa do cérebro a reagir de maneira exagerada a um pequeno acúmulo de proteínas relacionadas com a doença de Alzheimer. Este mecanismo é o treinamento imunológico ou memória imune inata.
O estudo foi desenvolvido em camundongos de laboratório. Os sobreviventes à sepse foram submetidos a um modelo brando de doença de Alzheimer após recuperação do quadro infeccioso. O modelo consiste em uma injeção no cérebro de camundongos de baixas concentrações uma substância associada à origem da doença de Alzheimer em seres humanos. A substância consiste em pequenos fragmentos (oligômeros) da proteína beta-amiloide, os quais são precursores dos danos celulares em áreas do cérebro relacionadas à formação de memória.
“Nossos achados abrem novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias capazes de prevenir e/ou diminuir o risco para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas”, ressaltou a pesquisadora. “Este estudo enfatiza a importância de um acompanhamento neuropsicológico prospectivo dos pacientes acometidos por doenças inflamatórios graves, como a sepse e a COVID-19”, acrescentou a especialista.
O trabalho é fruto da dissertação de mestrado da aluna Virginia De Sousa, do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, e o estudo foi realizado por pesquisadores do Núcleo de Neurociências da Faculdade de Farmácia da UFRJ com a colaboração de pesquisadores dos institutos de Biofísica Carlos Chagas Filho e Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da mesma universidade, e recebeu auxílios da FAPERJ para a sua realização. Para a surpresa dos pesquisadores, camundongos sobreviventes à sepse e que receberam doses não tóxicas de oligômeros de beta-amiloide no cérebro apresentaram maior susceptibilidade ao déficit cognitivo quando comparados com animais que não foram submetidos à sepse.
O artigo já está disponível online (In press, journal pre-proof).
Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.
Fonte: FAPERJ.
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