Notícia

COVID-19 e tuberculose: qual a relação?

Projeto multidisciplinar investiga a interação entre as doenças em países do Brics

Getty Images

Fonte

UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro

Data

sábado, 6 fevereiro 2021 12:30

Áreas

Doenças Infecciosas. Saúde Pública.

A tuberculose circula há séculos entre nós. Causada por uma micobactéria altamente contagiosa, a doença tem tratamento e vacina, e mesmo assim mata mais de um milhão de pessoas por ano. Muito mais jovem, a COVID-19 está em um momento oposto. Com vacina recente e sem tratamento, a infecção causada por um vírus ainda paralisa o mundo –com cerca de dois milhões de óbitos em um ano. Uma pesquisa desenvolvida por meio de parceria entre a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) busca compreender a relação entre as doenças nos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A COVID-19 e a tuberculose têm algumas características em comum. Ambas apresentam tosse, febre e sintomas respiratórios, acometem os pulmões, são transmitidas por via aérea e podem ser fatais. A Dra. Anete Trajman, pesquisadora da UERJ,  afirma que, mesmo com diferenças importantes– como o causador e o curso da doença–, as semelhanças entre elas deveriam servir de de oportunidade para o manejo e diagnóstico correto.

Pesquisas realizadas em pandemias anteriores, como a de influenza, mostraram impacto significativo na morbidade e mortalidade quando em contato com outras doenças respiratórias. A tuberculose, por exemplo, provoca problemas pulmonares que podem fragilizar o indivíduo que, infectado pela COVID-19 ou ainda pela gripe, pode ter uma piora no quadro e, até mesmo, morrer. “Pessoas com doenças crônicas pulmonares, como asma –conhecida por bronquite pelos leigos– e doença bronco-pulmonar obstrutiva crônica ––enfisema ou bronquite crônica– e fumantes têm mais risco de apresentar evolução grave”, disse a Dra. Anete Trajman.

“Os poucos estudos sobre essa associação tuberculose/COVID-19 são contraditórios, e poucas observações foram feitas. Esperamos contribuir para o avanço do conhecimento sobre a interação entre essas duas doenças em nosso projeto.”

Não são apenas os efeitos físicos da infecção pelo coronavírus que podem ter prejudicado o acompanhamento dos indivíduos infectados por tuberculose no mundo, mas também as imposições sociais necessárias durante o isolamento. Com a restrição ou ausência de transporte público e as dificuldades de acesso aos serviços de saúde, parte da população mais vulnerável – e historicamente mais atingida pela tuberculose –  teve dificuldade de diagnóstico e tratamento. Além disso, os profissionais de saúde foram acometidos pela pandemia, e muitos adoeceram gravemente ou faleceram. Outros foram realocados para atendimentos da COVID-19, reduzindo a força de trabalho disponível para as demais condições de saúde.

Pesquisa com foco nos Brics

O grupo que reúne os países emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul responde pela maior parte da população mundial e, também, apresenta uma grande desigualdade. Segundo a pesquisadora, aglomeração, desnutrição, falta de condições de higiene, sistemas de saúde frágeis, resposta ineficaz ou dúbia dos governantes negacionistas e falta de priorização perpetuam cronicamente a endemia de tuberculose e resultaram em epidemias gravíssimas de COVID-19.

Tendo isso em vista, o projeto decidiu buscar parcerias com os países para tentar compreender como a tuberculose e a COVID se relacionavam em suas nações. Foi necessário o levantamento de dados disponíveis nos diversos sistemas de informação para compreender as interações entre as duas doenças e o efeito das medidas de distanciamento social nos indicadores de tuberculose.

“Com base nos resultados, vamos reunir gestores de saúde, sociedade civil e pesquisadores a fim de propor diretrizes para restrições nas próximas ondas e pandemias. Vamos trocar expertise com pesquisadores de ponta da Índia, Rússia e África da Sul.  Pretendemos promover intercâmbio de alunos, mesmo que não possa ser presencial por conta da pandemia. A inclusão de vários países também permite a generalização dos achados”, destacou a pesquisadora.

A Dra. Anete Trajman também afirmou que a multidisciplinaridade é um dos grandes trunfos da pesquisa. “Temos uma abordagem inovadora e multidisciplinar, que inclui virologistas, clínicos, engenheiros especialistas em inteligência artificial, sanitaristas, epidemiologistas, sociedade civil, organizações não governamentais e apoio dos ministérios da saúde dos respectivos países. Pretendemos fornecer evidências para a tomada de decisão”, concluiu a especialista.

Acesse a notícia completa na página Conexão UFRJ.

Fonte: Carolina Correia, Conexão UFRJ. Imagem:  Getty Images.

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