Notícia

Como a arquitetura hospitalar impacta a experiência do parto?

Estudo consegue identificar experiências e percepções dos elementos de design do ambiente de parto que influenciam a experiência das mães em longo prazo

RZFang via Wikimedia Commons

Fonte

UPM | Universidade Politécnica de Madri

Data

sexta-feira, 8 março 2024 10:15

Áreas

Arquitetura. Arquitetura Hospitalar. Gestão Hospitalar. Medicina. Obstetrícia. Parto.

O processo do nascimento é um momento transformador e decisivo que afeta a qualidade de vida do recém-nascido, mas também o nível de saúde, econômico e social da nova família. Parte fundamental da experiência da mãe é condicionada pelo local de nascimento, que pode ajudar ou dificultar o processo fisiológico e influenciar o seu nível de satisfação.

Por esta razão, duas pesquisadoras– uma delas da Universidade Politécnica de Madri e outra do Instituto de Saúde Carlos III – juntamente com duas arquitetas do atelier de arquitetura Parra-Müller, na Espanha, realizaram um estudo com o objetivo de identificar as percepções sobre os elementos de design da sala de parto que influenciam a experiência da mãe em longo prazo.

Para isso, elas analisaram os depoimentos de nascimentos relatados por mães que, pela sua formação e profissão, tiveram a oportunidade de se aprofundar no projeto arquitetônico do ambiente de parto: arquitetas, engenheiras, paisagistas ou designers de interiores. As conclusões apontam para a necessidade de incorporar a experiência das mulheres no processo de parto para promover políticas de concepção baseadas em evidências.

A impressão à primeira vista foi um dos elementos que apontaram como relevante para a seleção do hospital. Entre as lembranças que ficaram registradas nas memórias das mães em relação a essa primeira impressão estava a busca instintiva pela conexão com a natureza, mas também o itinerário despersonalizado em entradas e corredores.

“Entramos pelo pronto-socorro, não tinha ninguém esperando, me receberam com cadeira de rodas, … Numa sala que não sei o que é (não é sala de espera, nem sala de parto) (…) Eles saíram e eu fiquei ali olhando a sala sem saber onde estou . (…) Com licença, estou indo embora, não quero dar à luz aqui”.

O acompanhamento e o acondicionamento durante o processo de nascimento foi outro dos temas centrais que apareceram na análise dos 25 depoimentos selecionados. Os aspectos mais valorizados foram o espaço de circulação e a possibilidade de adaptar o quarto às suas preferências. Ao contrário, o fato de não conseguir regular a temperatura ou não ter espaço suficiente para o acompanhante foram aspectos desfavoráveis.

“Chegamos ao quarto. É um quarto individual, com banheiro, iluminado, com espaço, acolhedor. Estou sentada em um hotel, não em um laboratório. Sinto-me uma pessoa, não um código de barras. Há paz na sala”.

Outra questão abordada nos depoimentos foi o que as mães descreveram como danos colaterais, incluindo espaços-chave no processo de nascimento, como o banheiro, a sala cirúrgica ou a sala neonatal. Esses espaços foram destacados por não responderem às necessidades presentes no processo de nascimento. Quanto à limpeza, foram relatadas experiências insatisfatórias quando esta não estava integrada à sala de parto.

“Para chegar ao banheiro era preciso atravessar um corredor. Eu estava tendo contrações fortes e tive que segurar minha barriga. Durante tudo isso foi impossível pegar minha bata de hospital, então pude ser vista inteira, nua, por trás. No mesmo corredor estava toda uma família de outra mulher em trabalho de parto, e todos me observavam enquanto eu ia, o melhor que podia, ao banheiro: descalça, seminua e gemendo entre as contrações, me arrastando até o banheiro. .. Não gostei nada daquele momento!”

Em relação às salas cirúrgicas, as mães não gostaram que permanecessem inalteradas antes do nascimento de uma nova família. Enquanto, em relação às unidades neonatais, levantaram a falta de espaços para a família que ocasionava a separação indesejada do bebê e a dificuldade de amamentar.

As mães que participaram deste estudo também forneceram sugestões para melhorar desenhos futuros. Graças a este trabalho, os pesquisadores mapearam os elementos do design, identificados pelas mães participantes, que poderiam produzir satisfação ou insatisfação no parto.

Como salientou a Dra. Laura Cambra Rufino, pesquisadora da Universidade Politécnica de Mari que integrou a equipe de trabalho, “é necessário realizar mais estudos que incorporem a experiência das mulheres no processo de parto para promover políticas de design [de ambientes] baseadas em evidências”.

O estudo foi publicado na revista científica Anales del Sistema Sanitario de Navarra.

Acesse o artigo científico completo (em espanhol).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol).

Fonte: Universidade Politécnica de Madri. Imagem: RZFang via Wikimedia Commons.

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