Notícia

Cólica menstrual: novos avanços nas pesquisas

Estudos científicos mostram alternativas para o alívio da dor menstrual, a dismenorreia

Shutterstock

Fonte

Tech4Health e Sogesp.

Data

sábado, 29 agosto 2015 13:50

Áreas

Ginecologia. Farmacologia.

Segundo o Canal Saúde Mulher, da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), existem dois tipos de cólica menstrual: a dismenorreia primária e a secundária. Em 80% dos casos a cólica menstrual está associada à dismenorreia primária e se manifesta um a dois anos após a primeira menstruação ou menarca. A dismenorreia primária é provocada por aumento na produção da chamada prostaglandina pela camada que reveste o útero, denominada endométrio. A prostaglandina é uma substância hormonal produzida a partir do estímulo da progesterona, o hormônio que predomina na segunda fase do ciclo reprodutivo feminino, depois que ocorre a ovulação. O excesso de prostaglandina durante o período menstrual provoca fortes contrações do útero, que é um músculo. Ao contrair-se o útero pressiona os vasos sanguíneos à sua volta, dificultando o suprimento de oxigênio aos tecidos. A dor é resultado da falta de oxigênio em partes do útero. O excesso de prostaglandina afeta outros órgãos e é por isso que a cólica menstrual é frequentemente acompanhada de sintomas como dor de cabeça, dor nas costas, náusea e vômito, tontura, diarreia, fadiga e nervosismo.

Segundo a Sogesp, para combater a dismenorreia primária são usados atualmente anti-inflamatórios não-esteróides de última geração, conhecidos pela forma abreviada “Aines”. Esses medicamentos bloqueiam a produção das prostaglandinas, diminuem a dor e a inflamação e não produzem efeitos colaterais no aparelho digestivo. Entre os Aines mais indicados pelos médicos estão o ibuprofeno, o acetaminophen, o naproxen e naproxeno sódium. Para mulheres que sofrem de dismenorreia secundária os médicos podem acrescentar ao tratamento o uso de anticoncepcionais orais. Eles bloqueiam o ciclo hormonal natural e a ovulação, impedindo a produção excessiva de prostaglandinas. As pílulas são eficazes em 80% até 90% dos casos mais graves de dismenorreia.

Nos últimos meses, artigos científicos com resultados importantes em relação à dismenorreia primária foram publicados em algumas revistas científicas.

Pesquisadores coreanos, liderados pelo Dr. Banghyun Lee, publicaram na revista científica European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproduyctive Biology (2015) artigo(1)  que trata de terapia que combina o uso de termoterapia com a estimulação elétrica transcutânea em alta frequência (hf-TENS). Em um estudo controlado randomizado, simples-cego, um grupo de pacientes recebeu 10 min de estimulação elétrica em alta frequência, seguida por 20 minutos de termoterapia a temperaturas entre 37oC  e 40oC, após uma hora de administração de ibuprofeno. Já o grupo controle recebeu apenas a administração do ibuprofeno e “dispositivos placebo”. Os resultados mostraram que o alívio da dor no grupo sujeito à terapia combinada foi significativamente superior ao grupo que só recebeu a dose de ibuprofeno.

Na mesma revista, pesquisadores indianos, liderados pelo Dr. Jayshree Patel, publicaram um estudo comparativo(2) (randomizado, duplo-cego, ativo-controlado e cruzado) sobre a eficácia e a segurança no uso de lornoxicam e ibuprofeno na dismenorreia primária. Os resultados obtidos ressaltaram a eficácia do uso de dose simples de 8mg de lornoxicam para o alívio da dor menstrual, porém os estudos randomizados sugerem que o lornozicam e o ibuprofeno possuem eficácia e tolerabilidade similar no alívio da dor na dismenorreia primária.

Ainda na revista European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproduyctive Biology (2015), pesquisadores mexicanos também publicaram estudo(3) muito interessante sobre os efeitos de um programa de fisioterapia em mulheres com dismenorreia primária. O Dr. Mário Ortiz e colaboradores realizaram, na Universidade Politécnica de Pachuca, um estudo prospectivo, experimental, controlado randomizado e de grupo paralelo, em pacientes com idades entre 18 e 22 anos e dor com intensidade entre 4 e 10 na Escala Analógica Visual. Enquanto um grupo (72 pacientes) não realizou atividades físicas, outro grupo (83 pacientes) realizou um programa de fisioterapia durante 3 meses. Os resultados indicaram que o grupo que praticou regularmente técnicas de fortalecimento, alongamento e relaxamento muscular mostrou significativa redução da dor durante o 2º e 3º ciclos da menstruação.

Já na revista científica Journal of Pediatric and Adolescent Gynecology (2015), pesquisadores iranianos publicaram um estudo(4) sobre o efeito da erva  “Achillea Millefolium”, também conhecida como mil-folhas, no alívio da dismenorreia primária. O estudo clínico randomizado e duplo-cego em 91 pacientes do sexo feminino mostrou resultados bastante positivos na redução da dor no grupo que utilizou a “Achillea Millefolium”.

Outro estudo interessante (5), publicado na revista Contemporary Clinical Trials em março de 2015 por pesquisadores da Nova Zelândia liderados pela Dra. Priya Kannan, avaliou a dor menstrual e a qualidade de vida em mulheres com dismenorreia primária que praticaram atividade física em esteira. O estudo prospectivo foi realizado com 70 pacientes do sexo feminino com idades entre 18 e 43 anos. Os resultados mostraram que a prática de exercícios em esteira, de fácil acesso e baixo custo, mostrou contribuição efetiva na redução da dor menstrual.

Finalmente, na edição de julho/agosto (N.4, vol 55) da Revista Brasileira de Reumatologia, pesquisadores do Kocaeli Derince Training and Research Hospital, na Turquia, publicaram um estudo(6) sobre a relação entre síndrome pré-menstrual (SPM) e a dismenorreia primária em mulheres que sofrem de fibromialgia. O estudo foi realizado em 98 pacientes do sexo feminino com diagnóstico de fibromialgia e 102 pacientes controle saudáveis. Como resultado, o estudo mostrou que há um aumento da frequência da SPM e da dismenorreia em pacientes com fibromialgia. Além disso, aquelas com escore de gravidade dos sintomas elevado e altas pontuações de depressão entre as pacientes com fibromialgia estão em risco de SPM e dismenorreia primaria.

Referências:

(1)   Lee, B. et al. Efficacy of the therapy combining high-frequency transcutaneous electrical nerve stimulation and thermotherapy for relieving primary dysmenorrhea: A randomized, single-blind, placebo-controlled trial, European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology, 2015 (in press).

(2)   Patel, J.C. et al. Efficacy and safety of lornoxicam vs ibuprofen in primary dysmenorrhea: a randomized, double-blind, double dummy, active-controlled, cross over study. European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology, Vol. 188, p.118-123, 2015.

(3)   Ortiz, M.I. et al. Effect of a physiotherapy program in women with primary dysmenorrhea. European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology,2015 (in press).

(4)   Jenabi, E. ; Fereidoony, B. Effect of Achillea Millefolium on relief of primary dysmenorrhea: a double-blind randomized clinical trial. Journal of Pediatric and Adolescent Gynecology, Vol. 28, p.402-404, 2015.

(5)   Kannan, P. et al. Menstrual pain and quality of life in women with primary dysmenorrhea: Rationale, design, and interventions of a randomized controlled trial of effects of a treadmill-based exercise intervention. Contemporary Clinical Trials, Vol. 42, p.81-89, 2015.

(6)   Terzi, R. ; Terzi, H. ; Kale, Ahmet. Avaliação da relação entre síndrome pré-menstrual e dismenorreia primária em mulheres com fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, Vol. 55, N.4, p. 334-339, 2015.

Fonte: Tech4Health e Sogesp. Imagem: Shutterstock.

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