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‘Big Data’ poderá substituir Ensaios Clínicos?

Controvérsia envolve cientistas em nível mundial

 

Getty Images

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UP | Universidade do Porto

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quinta-feira, 3 maio 2018 11:15

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Pesquisa Clínica. Big Data.

A controvérsia ocorre em nível internacional. Com a crescente quantidade de dados disponibilizados diariamente, será que os ensaios clínicos são mesmo a única ou a melhor forma de obter conclusões robustas sobre a eficácia e segurança dos procedimentos clínicos, como o diagnóstico e tratamento de uma série de doenças, ou, pelo contrário, será que poderão ser substituídos por métodos novos, que garantem uma maior abrangência com menor custo?

Cientistas de dados de renome têm publicado métodos inovadores capazes de extrair dos dados de saúde, armazenados em bases de dados administrativas, registos clínicos e outros sistemas eletrônicos, informação sobre as intervenções na área da saúde, dizendo que os ensaios clínicos já não são necessários e que as associações estatísticas podem dizer-nos o que funciona. Contudo, esta não é a opinião dos pesquisadores tradicionais. Quem terá razão?

Prof. Dr. Pedro Pereira Rodrigues, pesquisador principal da linha temática de Ciência de Dados, de Decisão & Tecnologias de Informação do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, unidade da Universidade do Porto, em Portugal, analisa, em um artigo publicado na revista científica International Journal of Data Science and Analytics, os prós e contras da utilização de Data Science e da Big Data na área da saúde. São três as controvérsias, alinhadas por três perguntas: que dados podemos reutilizar, como devemos analisá-los e em quem confiamos para o fazer?

“Talvez o argumento mais convincente para reutilizar dados de saúde na investigação é que isso permite analisar um conjunto muito vasto de dados, com um tempo de seguimento bastante longo e com custos muito mais baixos do que os de um ensaio clínico randomizado”, destaca o pesquisador.

A ciência de dados pode ser mais abrangente e mais barata, mas poderá substituir os métodos convencionais? Poderá a análise de grandes bases de dados constituir uma alternativa à investigação convencional, realizada sobretudo pela indústria farmacêutica?

Embora haja situações em que a ciência de dados não pode substituir os ensaios clínicos (por exemplo, quando é preciso testar um novo medicamento versus o tratamento padrão), o Dr. Pedro Pereira Rodrigues diz que, em alguns casos, os resultados das análises de dados de saúde eletrônicos podem mesmo superar os resultados dos ensaios, na medida em que incluem “doentes do mundo real”, designadamente doentes complexos, com várias patologias e polimedicados e, potencialmente, sem vieses do tipo comercial.

Além disso, estas análises poderão dar resposta a questões importantes a que não é possível responder de outra forma, como, por exemplo, qual o efeito da exposição a baixas doses de radiação no risco a longo prazo de desenvolver câncer.

terceira controvérsia relaciona-se com a proteção dos dados, tendo em conta os receios de “brechas na privacidade” e de “quebra da confiança”, sobretudo com as novas diretivas europeias, que são muito mais restritivas. O pesquisador vê o outro lado da moeda, referindo situações em que é difícil ou impossível obter o consentimento informado, como em doentes mentais graves, inconscientes ou que já faleceram, e o potencial viés que uma seleção voluntária de acesso a dados trará para a pesquisa, afirmando ainda que “a não partilha dos dados de saúde irá conduzir necessariamente a piores processos de decisão e a piores resultados de saúde”.

Acesse a notícia completa no site da Universidade do Porto.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Cláudia Azevedo, CINTESIS, Universidade do Porto. Imagem: Getty Images.

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