Notícia
Anticoncepcionais: estudo levanta dúvidas sobre a segurança de algumas pílulas
Pílulas anticoncepcionais aumentam exposição hormonal, o que pode refletir em maior risco de câncer de mama
Shutterstock
Fonte
Universidade de Michigan
Data
sexta-feira, 30 junho 2017 11:45
Áreas
Endocrinologia. Oncologia. Biologia. Saúde da Mulher.
Nova pesquisa sobre como as pílulas anticoncepcionais afetam o nível de hormônios no soro do sangue das mulheres encontrou níveis muito mais elevados de hormônios em mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais, em comparação com as mulheres que não o fazem.
O estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, foi motivado pela evidência de que o risco de câncer de mama aumenta com a exposição hormonal. Os autores examinaram sete pílulas anticoncepcionais comumente prescritas e descobriram que quatro composições mais que quadruplicam os níveis de progestina, uma versão sintética do hormônio progesterona. Uma outra composição resultou em uma exposição 40% maior ao etinilestradiol, uma versão sintética do estrogênio.
A autora principal do estudo e bióloga que estuda evolução humana, Dra. Beverly Strassmann, enfatiza que o controle de natalidade melhorou consideravelmente a vida das mulheres. Mas, ela diz, também é importante projetar pílulas anticoncepcionais que não contribuam para o risco de câncer de mama. Nas mulheres americanas, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum e a segunda principal causa de morte.
“Nenhuma grande mudança aconteceu ao longo das últimas gerações dessas drogas, e dado o número de pessoas que se utilizam do controle de natalidade hormonal em todo o mundo – milhões – a indústria farmacêutica não deve descansar com suas conquistas”, disse a Dra. Beverly Strassmann, que também é professora de Antropologia do Instituto para Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan.
Os hormônios progesterona e estrogênio são ambos produzidos pelos ovários e seus níveis variam naturalmente ao longo do ciclo menstrual. A pílula substitui estes hormônios liberados naturalmente com versões sintéticas. O objetivo do estudo foi testar se as versões sintéticas aumentam ou diminuem a exposição hormonal em comparação com o que as mulheres poderiam obter de seus próprios ovários.
“É incrível que isso ainda não tenha sido respondido, considerando que já sabemos que existe uma correlação entre exposição hormonal e risco de câncer de mama”, disse a Dra. Strassmann.
A pesquisa da Dra. Strassman reuniu dados de 12 estudos diferentes que mediram a quantidade de estrogênio e progesterona durante o ciclo menstrual em mulheres que não tomam pílula.
A pesquisadora e seus colegas compararam os níveis totais de estrogênio e progesterona nessas mulheres com os níveis totais de hormônios sintéticos, progestágenos e estradiol, em mulheres que tomaram uma das várias pílulas anticoncepcionais comumente prescritas durante 28 dias. Essa informação foi retirada das inserções da embalagem para cada composição contraceptiva.
O novo estudo acompanha a pesquisa anterior da Dra. Strassmann sobre menstruação e biologia reprodutiva na população de Dogon de Mali, África Ocidental. As mulheres Dogon raramente praticam controle de natalidade, têm uma média de nove gestações e, muitas vezes, amamentam crianças até 2 anos.
Como a gravidez e a amamentação suprimem a ovulação, as mulheres Dogon têm apenas cerca de 100 períodos menstruais durante a vida. Esse número é um contraste acentuado com os 400 períodos experimentados, em média, por mulheres ocidentalizadas que têm cerca de dois filhos e raramente amamentam por mais de um ano.
“O aumento do número de menstruações está associado ao aumento da exposição hormonal e ao risco de câncer de mama“, afirma a Dra. Strassmann. “É extremamente importante saber se a contracepção hormonal agrava ainda mais esse risco”.
Fonte: Fernanda Pires, Universidade de Michigan. Imagem: Shutterstock.
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