Síndrome do túnel do carpo

Fonte

Instituto Compasso

Data

30 maio 2018

O que é?

A Síndrome do túnel do carpo trata-se de um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da compressão do nervo mediano no “túnel do carpo”.

O que é o “túnel do carpo”?
É um compartimento em forma de túnel que se encontra na região do punho, cujo “assoalho” é constituído pelos ossos do carpo, e o “teto” pelo ligamento retinacular transverso do carpo. No seu interior passam 10 estruturas: 9 tendões, responsáveis pelo movimento de flexão dos dedos da mão e o nervo mediano.

O que é o nervo mediano?
Os nervos são estruturas anatômicas, responsáveis pela condução de estímulos elétricos. De forma análoga, são como cabos de fibra óptica, que transmitem informações nos dois sentidos. O nervo mediano é misto, ou seja, ele é constituído por fibras motoras e sensitivas. As fibras motoras transmitem impulsos elétricos do cérebro e da medula espinhal (sistema nervoso central), para os músculos, sendo responsáveis, portanto pelo comando dos movimentos do corpo.Já fibras sensitivas, conduzem os estímulos externos (táteis, térmicos, dolorosos e proprioceptivos) dos órgãos sensitivos periféricos para o sistema nervoso central. São, portanto, responsáveis pela sensibilidade.

Na mão ele responde pela inervação da musculatura “tenar”, envolvida na movimentação do polegar e por alguns músculos “intrínsecos”, responsáveis por parte motricidade dos dedos.
Já com relação a sensibilidade, o nervo mediano responde pela sensibilidade do polegar, indicador, dedo médio e metade do dedo anular.

Quais são os sintomas?
Os principais achados clínicos são as “parestesias”(sensações de “formigamento” ou “adormecimento”) que se manifestam de forma mais intensa no período noturno. A atrofia da musculatura tenar (localizada na base do polegar) pode ocorrer nos casos de evolução mais prolongada.

Quais são as causas?
Os sintomas são decorrentes da compressão mecânica do nervo mediano, que por sua vez, provoca a diminuição da velocidade de condução dos estímulos nervosos. Isto se deve basicamente a uma desproporção da relação entre conteúdo e continente, ou seja, todo o processo que levar a um aumento do volume das estruturas que passam no interior do compartimento rígido que é o túnel do carpo, poderá se manifestar na forma de parestesias.

O “inchaço” decorrente da retenção de líquidos que ocorre durante a gravidez (“embebicao gravidica”) por exemplo, pode levar a ocorrência transitória dos sintomas compressivos. Pacientes portadores de insuficiência renal crônica, submetidos a hemodiálise poderão apresentar a STC devido ao acúmulo de material “amiloide”. Na imensa maioria dos casos, porém, o motivo da compressão é desconhecido (“idiopatico”).

Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da STC e feito basicamente por meio de uma anamnese (entrevista) e exame físico detalhados. A confirmação da suspeita clinica se dá através da realização do exame de eletromeuromiografia.

Tratamento
De um modo geral, o tratamento conservador é reservado apenas para os casos nos quais existam contra-indicações para o tratamento cirúrgico e naqueles que são decorrentes da gravidez. Ele é realizado através do uso de medicações e “orteses” (imobilizadores)

No que consiste o tratamento cirúrgico?
O procedimento deve ser realizado em ambiente cirúrgico adequado, com técnica criteriosa, por profissional habilitado e conhecedor dos detalhes anatômicos da região a ser abordada. A cirurgia tem por objetivo a secção do ligamento retinacular transverso do carpo, seja ele por via aberta, ou por vídeo-cirurgia.

Por que operar?
O deficit de sensibilidade no território do nervo mediano compromete bastante a execução das atividades de vida diária, na medida em que dificulta a apreensão e manipulação de objetos com a mão acometida. É muito comum o paciente “derrubar as coisas” pelo fato de não senti-las. A falta de “sensibilidade protetora” pode levar a queimaduras e ferimentos sem que o paciente os perceba.

O desconforto, principalmente noturno acaba por comprometer a qualidade do sono do portador da STC. A compressão prolongada do nervo mediano, se não tratada em tempo hábil, poderá acarretar na atrofia irreversível dos músculos da mão e na não recuperação da sensibilidade, mesmo após a realização do tratamento cirúrgico